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Geladeira
a Gás (Rural)
Se há um equipamento para campismo,
principalmente para trailers e motor-homes que gera polêmica é a
geladeira a gás.
Um veículo
de recreação necessita ser completamente independente, porém
essa independência pode se
tornar complicada devido ao quesito energia.
Geralmente um refrigerador funciona com energia elétrica de
corrente alternada (110V ou 220V) e a reserva de energia
elétrica que um veículo possui é em 12V de corrente contínua e
bem pequena. Para driblar este problema, desde a década de 1960
as indústrias de trailers e motor homes utilizam a geladeira
rural para equipá-los.
A geladeira rural foi projetada para casas afastadas das cidades,
principalmente em sítios e fazendas onde a energia elétrica não
chega. Elas utilizam o gás de cozinha como fonte de energia. Seu
sistema de trocas de calor se dá com o gás de amônia e tem seu
fluxo provocado por uma chama alimentada pelo gás GLP (Gás
Liquefeito de Petróleo) e é totalmente silencioso. Este silêncio
se dá pelo fato de a geladeira não possuir compressor e sim
resistência. O aquecimento é que provoca o deslocamento do gás
interno do sistema, que por absorção troca calor de dentro para
fora. Com este tipo de geladeira já muito utilizado no meio
rural brasileiro, a indústria caravanista se preocupou apenas em
adaptar um sistema em que, além do sistema funcional a gás,
também pudesse ser acionado por energia elétrica.
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FUNCIONAMENTO
As geladeiras que funcionam pela
queima de gás de cozinha (assim como as de querosene) utilizam a
lei de Dalton para manter o fluxo de gás (amônia) no ciclo de
refrigeração por absorção. Segundo a lei de Dalton, a
pressão
de uma mistura de gases e/ou vapores que não reagem quimicamente
entre si é igual à soma das pressões parciais de cada, ou seja,
das pressões que cada um teria se ocupasse isoladamente o mesmo
volume, na mesma temperatura.
O ciclo por absorção usa amônia como
gás refrigerante e hidrogênio / água como substâncias
auxiliares. A pressão total é teoricamente a mesma em todos os
pontos do circuito. O que muda são as pressões parciais. Em um
trecho, a pressão parcial da amônia é menor que a do hidrogênio
e o contrário em outro trecho. Assim, ambos os gases circulam
pelo sistema. Tal diferença de pressões parciais é produzida
pela água, que tem grande afinidade pela amônia e quase nenhuma
pelo hidrogênio.
Na figura ao lado, o vaporizador
recebe solução concentrada de amônia em água. O aquecimento
vaporiza a solução e a amônia, por ser mais volátil, é separada
da água no separador. Assim, a água que sai do mesmo é uma
solução diluída de amônia em água.
O vapor de amônia é liquefeito no
condensador e, ao sair, se mistura com hidrogênio. Portanto, a
pressão da amônia diminui devido à presença de outro gás na
mistura.
A mistura de amônia e hidrogênio passa
pelo evaporador, produzindo o resfriamento. Em seguida, se
encontra com a água quase pura do separador e ambas passam pela
serpentina do absorvedor.
Conforme já dito, a água tem elevada
afinidade com a amônia e quase não tem com o hidrogênio. Assim,
na saída do absorvedor, a amônia está dissolvida na água e o
hidrogênio está livre, retornando ao evaporador. A solução
concentrada de amônia em água retorna ao vaporizador,
reiniciando o ciclo.
Os sifões nas saídas do condensador e
do separador servem para impedir a passagem do hidrogênio.
Portanto, no lado do condensador/separador, a pressão total é
praticamente a pressão parcial da amônia. A diferença de
pressões parciais entre as partes mantém o fluxo do ciclo
enquanto houver aquecimento.
NOS VEÍCULOS DE RECREAÇÃO
Dentre as diversas geladeiras
utilizadas em veículos de recreação, está a marca mais conhecida
deste meio: a Cônsul Rural. Nos trailers e motor-homes
menores, como por exemplo o KG-330 (Tangará), o Turiscar
Eldorado e o Motor-Home KG-Safari, utilizava-se geladeiras
menores (80L) que funcionavam também em 110V/220V(ac) e
12V(dc) além do gás. Nestas, há uma resistência para cada
tipo de corrente: 110V/220V e outra para 12V. Nos veículos
maiores, utilizava-se geladeiras também maiores (250L a 330L) na
maioria das vezes duplex, com freezer. Estas, além do gás,
funcionam com 110V/220V(ac).
A grande desvantagem desde tipo de
geladeira está mesmo na necessidade de estar completamente
NIVELADA e de haver um tempo relativamente
grande de congelamento após ser ligada. Na verdade nenhum desses
dois quesitos seriam problemas para geladeiras de casas de
sítios ou fazendas, porém grandes preocupações para uso em
trailers e motor-homes. Isto porque nesses casos, as geladeiras
passam muito tempo desligadas quando não estão em viagens e além
do “balanço” em trânsito, é difícil de manter o equipamento
impecavelmente nivelado, ainda mais quando a viagem contempla
várias paradas.
Uma geladeira de 330L ligada no gás
dura de 20 a 30 dias com um
botijão de 13kg em média,
levando em consideração que este consumo poderá sofrer alteração
generosa dependendo do tipo de veículo, freqüência de viagem e
uso. Ligada na energia elétrica a geladeira rural costuma gastar
bastante energia, devido ao seu sistema diferenciado de amônia.
O segredo do uso da geladeira rural a
gás em veículos de recreação esta mesmo em:
·
Mantê-la sempre bem
nivelada.
·
Ligá-la 24 horas antes
de a viagem começar.
·
Abri-la somente o
necessário.
·
Proporcionar uma ótima
ventilação de sua parte traseira.
Este último cuidado é o maior vilão
que gera insatisfação dos campistas em relação a este tipo de
refrigerador. Geralmente o sistema de amônia requer uma
ventilação impecável, pois esquenta muito e é exatamente o ponto
mais fraco em qualquer adaptação de qualquer fábrica de trailer
e motor homes. E éxatamente deste ponto que deixaremos de
abordar questões universais do equipamento e partiremos para
dicas e troca de experiências de uso.
Atualmente este tipo de geladeira gera
grande insatisfação por parte dos campistas por várias razões.
Entre perfis de alta exigência e também de pouca paciência de
manipulação ou até desconhecimento das técnicas, proprietários
de veículos de recreação preferem trocar o equipamento por
geladeiras elétricas de compressor. Estas não apresentam tantos
problemas, mas alteram a autonomia independente do veículo, já
que mesmo equipado com inversores, suas baterias não agüentam
por muitos dias. Outra razão de desistência é a assistência
técnica e reposição de peças cada vez mais escassa no Brasil.
QUESTÃO VENTILAÇÃO
Das
diversas adaptações da geladeira rural em veículos de recreação,
há dois tipos principais. Em ambos os casos há grades nas
laterais do veículo para circulação do ar quente externo ao
sistema do refrigerador. Nos trailers pequenos, há uma ou mais
grades laterais e nos equipamentos grandes há ainda uma chaminé
que auxiliará na circulação do ar desta parte traseira do
refrigerador. Em quase todos os casos a circulação não é
suficiente, talvez pelo fato de que quando o veículo está em
movimento, o excesso desta circulação pode apagar a chama.
No caso do equipamento parado
(estacionado) a simples abertura da grade (de abrir somente nos
modelos Turiscar e alguns outros) já aumentará a circulação de
ar e consequentemente o rendimento da geladeira, porém a
colocação de um ventilador ou ventoinha melhorará e muito a
eficiência do sistema. Esta ventoinha poderá ser de 12V (um
pouco maiores que daquelas usadas em fontes de computador), pois
poderão ser utilizadas na energia da bateria, não ferindo assim
na autonomia do veículo.
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virtual
ALGUMAS MODIFICAÇÕES
Algumas modificações podem ser feitas
em trailers e motor homes, porém estas apresentadas são frutos
de pesquisas do site MaCamp no meio campista, não tendo o site
qualquer responsabilidade sobre o sucesso ou até problemas
colaterais.
Aumento da Circulação em trailers
pequenos: Alguns campistas
proprietários de trailers pequenos diminuíam o espaço interno
dos armários superiores à geladeira a fim de fazer um fundo
falso. Neste fundo falso que ia até o teto do trailer era
instalada uma chaminé original de modelos maiores para aumentar a
circulação de ar no sistema. Há relatos de que isto dava certo.
Sistema 12V SAFARI:
Um problema relativamente comum nas geladeiras originais da KG-Safari é o fato
ser esquecida ligada no 12V e descarregar a bateria. Este modelo menor que
funciona também no 12V oferece ainda mais uma forma autônoma de funcionamento.
Mas a bateria não aguentará muitas horas com a geladeira ligada, levando em
consideração que o trailer necessita da energia para outros fins também.
Acontece
que a geladeira da Safári possui duas resistências elétricas, fora a do gás: uma
para 12V e outra para 110V. A resistência 12V está ligada no alternador. O fio
positivo desta resistência é ligado diretamente em uma caixa que fica no
compartimento do motor e que muito se parece com os reguladores de voltagem que
equipavam os fuscas. O fio negativo fica preso ao chassi do carro. A Karmann
Ghia alerta para que, quando o motor for novamente ligado, o proprietário
desligue a geladeira para evitar danos na resistência ou na ignição.
Para isso, alguns campistas desenvolveram algumas
técnicas para que a alimentação 12V só funcione quando o motor estiver ligado e
em conseqüência, carregando a bateria. (foto: Silvino)
SISTEMA DE RELÊ: Um sistema de relê poderá ser
implantado para que a alimentação 12V só seja liberada com o motor ligado. Em
alguns casos poderão ser interligadas as duas baterias do veículo. O relê
servirá de chave, já que o consumo da geladeira é grande. O relé será comandado
pelo alternador através do fio que é excitado para o carregamento da bateria.
Assim que o motor é acionado e a luz do alternador apaga, automaticamente
inicia-se o carregamento e o relé fará com que se inicie também a alimentação da
geladeira. Quando o motor é desligado a alimentação é interrompida, evitando-se
assim o descarregamento da mesma.
Testando
sua geladeira
Ao adquirir um trailer ou motor home
ou após muito tempo de uso, você
poderá realizar alguns testes
para verificar se sua geladeira está funcionando. Isso
consistirá em:
Posicione seu trailer ou motor home na
posição ideal de nivelamento. Utilize um nível de bolhas em
diversos pontos do trailer, em diversas posições e sentidos.
Alguns modelos possuem uma haste na
chaminé que proporciona limpeza do duto de ventilação com o
movimento vai e vem. Se seu equipamento dispuser, faça uso dele
desobstruindo o duto de possíveis sujeiras.
Ligue o refrigerador na luz elétrica e
aguarde pelo menos uma hora para ver se as partes internas de
metal já apresentam alguma alteração de temperatura. Aguarde no
mínimo 3 horas e no máximo 24 horas para a prova final de
congelamento.
Repita a operação ligando agora no
gás. Siga as instruções do aparelho, onde deverá ser trocada a
posição da elétrica para o gás, escolher a regulagem e acionar a
partida de faísca. Em quase todos os casos existe um pequeno
vidro na parte frontal do painel, em que possibilita a visão da
chama. Em muitos casos esta visualização é difícil, porém
auxilia muito na certeza de que a chama está acessa.
Se não houver sucesso nestas
operações, experimente retirar o equipamento e virá-lo de cabeça
para baixo durante 24 horas. Após, volte-o à posição normal e
espere mais 24 horas para refazer as primeiras duas operações.
Esta operação busca a distribuição da amônia no sistema fechado,
já que este tipo de sistema apresenta maior sensibilidade quanto
a movimentações.
Se nada disso deu certo e você está
certo de que a alimentação elétrica e do gás estão chegando até
o equipamento, então será a hora de procurar assistência de um
técnico especializado.
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Artigo escrito
por
Marcos
Pivari
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