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Karmann Ghia - SAFARI

BATERIAS

Dicas de manuseio

 

São várias as modificações efetuadas pelos proprietários buscando um melhor desempenho da SAFARI.

Originalmente as baterias da SAFARI são independentes e não interligadas. A bateria do carro alimenta somente os equipamentos do mesmo e é recarregada pelo alternador quando o motor está ligado. A bateria do trailer alimenta a iluminação interna e externa, e equipamentos como bomba d`água e geladeira e é recarregada quando o conjunto está conectado à rede externa de luz.

Alguns safaristas passam até três dias com as cargas das baterias, outros sentem a necessidade de recorrer a outros modos de geração ou acumulação dessa energia, já que utilizam outros equipamentos, como ventiladores e televisores.. Existem poucas SAFARIS equipadas com gerador, dada a ausência de espaço para ele. As alternativas são várias, porém sempre contestáveis entre elas.

A opção de interligação das baterias é uma dessas alternativas, porém a maior duvida desta questão é o caso do alternador. Alguns dizem que o alternador original da SAFARI não daria conta de recarregar as duas baterias. Outra desvantagem é que o usuário deve tomar muito cuidado para não zerar o conjunto, já que a partida do veículo dependerá dessas baterias. A medida mais equilibrada neste caso seria a inserção de uma chave comutadora que oferecesse ao usuário a opção de qual bateria será carregada. Assim não se forçará o alternador e poderá se escolher qual bateria merece a carga da vez. É importante lembrar que o alternador oferece em média 10% da carga total da bateria, levando mais ou menos 10 horas para a carga completa de cada, mesmo assim, quando os equipamentos do veículo (faróis e sistema de som) não estiverem ligados. Como essas 10 horas seriam para baterias completamente zeradas, de 4 a 5 horas diárias para cara bateria seriam suficientes para uma recarga satisfatória

Existe a opção de carregador solar. Alguns são instalados no teto do veículo e outros, em tamanhos reduzidos, podem ser apoiados sobre o painel do veículo. Ainda são equipamentos inovados e desconhecidos. Sabe-se que são caros e apresentam uma carga lenta.

 

Cuidados:

 

A primeira questão é verificar se a bateria do trailer está em boas condições. Baterias possuem vida útil e devem ser trocadas de tempos em tempos. Outra verificação é a constatação da densidade de cada célula da bateria, com o intuito de detectar pequenos curtos-circuitos internos, que levam ao aquecimento do eletrólito e conseqüente deficiência na aceitação da carga.

Bateria bem cuidadas certamente durarão mais. A bateria deve ser mantida com sua carga total, mas nunca forçada uma carga maior que a sua capacidade. Não se deve deixar a carga chegar perto do zero. Quando se recarrega uma bateria nessas condições, há um aquecimento interno e oxidação das placas internas que liberarão partículas que se depositarão no fundo das células, levando à bateria não segurar mais carga.

As baterias necessitam ser carregadas a cada 45 dias, se o veículo permanecer parado, devido ao auto descarregamento provocado pela resistência interna das mesmas.

A instalação de flutuadores ou carregadores inteligentes é um ótimo recurso, já que poucos equipamentos de recreação possuem e não é intenção do campista passar seus dias de descanso em função da carga das baterias de seu equipamento. Quando a carga da bateria atinge seu pico, o carregador deve ser desligado para não provocar o superaquecimento da mesma.

 

Recarregadores solares (carga lenta)

 

Bateria do trailer

Bateria 12V

 

Agora para conhecer mais esta preciosidade, só indo a um revendedor para ver pessoalmente e melhor ainda, viajando, conhecendo lugares e curtindo a natureza. Boa viagem...

 

Artigo escrito por Marcos Pivari

 

BATERIAS

(Automotivas e Estacionárias)

 

O que é?

 

A bateria é um acumulador recarregável de energia. Sua função é armazenar energia sob a forma química, que será transformada em energia elétrica quando o veículo dela necessitar. Ela serve para dar partida no veículo, fornecer energia para iluminação externa e interna e manter os "sistemas elétricos e eletrônicos" ativos enquanto o veículo não estiver em funcionamento.

Uma bateria automotiva de 12 v é formada por seis elementos constituídos de placas positivas, negativas, separadores e eletrólito.

Todas as baterias aparentemente são iguais, porém a tecnologia empregada na sua fabricação, assim como o processo, os materiais empregados e o sistema de qualidade são determinantes na performance e na vida útil do produto.

Cuidados preventivos no manuseio:

· a bateria produz gases explosivos. Por isso, evite fumar, produzir faíscas ou a proximidade de fogo;

·  não incline a bateria, para evitar vazamento de solução ácida, altamente corrosiva;

·  utilize óculos e luvas de proteção;

·  mantenha-a fora do alcance de crianças;

·  leia o manual de instruções.  

 

 

Modelos existentes:

 

· Baterias seladas

Toda bateria automotiva comercializada no mercado brasileiro contém eletrólito (solução de ácido sulfúrico e água), seja ela selada ou convencional (com rolhas).

Qualquer bateria de automóvel (selada ou não) produz gases quando está sendo utilizada. As baterias seladas têm um respiro, por onde escapam os gases. Se os gases fossem retidos dentro da bateria, com o tempo o aumento de pressão faria a bateria explodir. O termo "selada" é utilizado de forma exagerada, uma vez que nenhuma bateria é completamente fechada, pois possui respiro.

 

· Bateria "livre de manutenção"

 

Em todo o mundo existem baterias "livres de manutenção", com rolhas. A característica "livre de manutenção" está relacionada aos materiais com que essas baterias são fabricadas. Entende-se como livres de manutenção aquelas construídas como uma "liga" que produz baixa liberação de gases, seguindo as normas do BCI (Battery Council International). Portanto, bateria livre de manutenção não precisa ser selada.

Existem várias tecnologias que utilizam prata como elemento de liga para a fabricação de baterias. No Brasil, existem baterias com grades fundidas e outras com grades expandidas. Estas (de última geração) são mais duráveis e com maior desempenho. Somente a Enertec, em nosso País, faz baterias com liga de prata e grades expandidas.

Existem fabricantes que colocam em seus rótulos valores indicativos os quais não refletem testes amparados por normas nacionais e internacionais.

 

Desempenho de Qualidade - Teste realizado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)

 

Capacidade em 20 horas

Indica a quantidade de energia que a bateria consegue armazenar. O teste é feito descarregando-se a bateria com uma corrente específica até atingir uma tensão final de 10,5 v.

 

Saiba como proporcionar vida longa a sua bateria

Dê partidas curtas, entre 5 e 7 segundos;

Não deixe luzes, rádio ou qualquer equipamento ligado quando o veículo não estiver em funcionamento;

Uma bateria descarregada pode ser identificada por dificuldade de partida, luzes fracas, problemas causados por regulador de voltagem desregulado, correia frouxa ou fio de terra solto;

Lembre-se de que a constatação de defeito só é possível com o uso de equipamentos que testem todos os elementos da bateria;

Não aceite que testem sua bateria com cabos, fechando o curto-circuito entre os pólos. Este procedimento, além de ser enganoso, pode prejudicar a bateria, fazendo-a ferver, o que não caracteriza defeito;

Faça regularmente um check-up na parte elétrica de seu veículo;

Ao instalar qualquer opcional elétrico não-original, verifique junto à rede autorizada se é recomendável a substituição da bateria devido ao aumento da demanda elétrica.

 

ESCLARECENDO ALGUMAS DÚVIDAS SOBRE BATERIAS E CARREGADORES

 

 

            Não é difícil ouvirmos, no meio campista, reclamações e questionamentos sobre a durabilidade das baterias que equipam nossos veículos de recreação. Diante deste problema, muitas são as sugestões apresentadas, não raras vezes por pura intuição, como por exemplo a instalação de um alternador mais potente, aumento da capacidade das baterias, etc. Tais indicações pouco ou nada ajudam, tendo em vista a arquitetura do sistema elétrico utilizado.

 

            De fato, há notáveis diferenças entre o sistema elétrico automotivo e os chamados “sistemas de serviço”, que seriam os mais indicados para energizar nossos trailers e motorhomes. O grande equívoco se dá quando tentamos utilizar um tipo de sistema, quando a realidade requer outro. Vejamos abaixo, uma breve descrição dos sistemas a que nos referimos:

 

1)                 SISTEMA AUTOMOTIVO:

 

Composto por bateria chumbo/ácido e alternador, esse sistema é desenhado para funcionar tão somente enquanto o motor do veículo está em operação, uma vez que o verdadeiro responsável pelo suprimento elétrico do automóvel é exclusivamente o alternador, não havendo, portanto, consumo elétrico digno de nota previsto para o tempo em que o motor estiver parado. Por esta razão, o sistema automotivo é também conhecido como “sistema contínuo”. É notório, também, que o alternador, independentemente de sua amperagem nominal, é insuficiente para carregar a bateria por completo, já que os parâmetros fundamentais para que isso ocorra, a saber, variações corretas de tensão e corrente mediante o tempo de carga, não são respeitadas, ficando a bateria limitada a cerca de 70% de sua capacidade total. Não obstante às considerações até aqui expostas, lembramos, oportunamente, que as baterias automotivas foram concebidas, primordialmente, para alimentar o motor de partida do carro, sendo uma de suas principais características, o fornecimento de uma corrente inicial elevada, em detrimento de uma capacidade maior de armazenamento. Aliás, as baterias automotivas também não suportam descargas profundas, e isso está relacionado às suas faculdades físico-químicas, o que as torna ainda menos indicadas para uso em veículos de recreação.

 

2)                 SISTEMA ELÉTRICO “DE SERVIÇO”:

 

Concebido para fornecer energia sem que o gerador esteja necessariamente ligado, este sistema se presta a disponibilizar a carga acumulada por períodos mais longos de tempo, de forma linear, e seu dimensionamento tem foco nos parâmetros de consumo máximo, utilizando baterias especiais que suportam descargas profundas e carregadores microprocessados, que fazem uma “leitura” dos níveis de carga presentes no acumulador, e repondo-os de forma otimizada.

 

                        Os carregadores dos quais falamos, são os do tipo “inteligente”, que atendem às especificações “U. U. I.” (3 fases de carga),  ou “U. I.” (2 fases de carga), sendo os primeiros capazes de carregar a bateria em 100% de sua capacidade.

 

            Trailers e motorhomes, especialmente os mais antigos (e isso inclui nossos Safaris), possuem sistemas elétricos automotivos adaptados para o suprimento energético do habitáculo. Talvez isso se deva a uma possível indisponibilidade tecnológica quando de sua fabricação, ou ao custo (bem) mais elevado de componentes específicos, ou, quem sabe, a falhas de projeto devido por falta de conhecimento técnico orientado à esta questão. De qualquer forma, se quisermos atualizar nossos equipamentos a contento, teremos que compreender seu funcionamento básico, para não incorrer em erros que nos possam levar a frustrações e dispêndio desnecessário.

 

            Abaixo, enumeramos alguns equívocos cometidos com mais frequência:

 

a)                 Instalar outro alternador ou instalar outro, mais potente:

 

Os alternadores, além de não produzirem uma curva de carga adequada, ainda pecam por produzir uma tensão muito baixa, na casa dos 13 ou 14 volts, carregando a bateria em não mais do que 70% de sua capacidade total.  Baterias de chumbo/ácido devem ser carregadas a no máximo 10% de sua corrente nominal. Assim sendo, uma bateria de 60A deve receber uma corrente de carga de 6A, por cerca de 10 horas, a uma tensão que varia entre 14,4 a 15,2 volts. Se aplicarmos uma corrente excessivamente alta à bateria, o eletrólito torna-se mais concentrado nas proximidades das placas, fazendo surgir um fenômeno chamado “falsa carga”, ponto a partir do qual nada mais é acumulado. Paralelamente, o eletrólito se superaquece, provocando a erosão prematura das placas, consequentemente diminuíndo a vida útil do acumulador.

 

Face aos argumentos acima, podemos concluir que, ao instalarmos alternadores mais potentes, estamos piorando o rendimento do sistema. Como podemos verificar, alternadores menos potentes carregam baterias com maior eficiência, o que desfaz o mito de que os alternadores originais do carro são fracos.

 

b)        Trocar a bateria por outra de maior capacidade:

 

            Talvez esta seja a alternativa mais correta, muito embora, no que diz respeito à prática, precisaríamos de um conjunto de baterias que totalizasse 550A para um alternador de 55A, o que, na maioria dos casos, constitui solução inviável, tanto por uma possível indisponibilidade de espaço no veículo, quanto pelo custo elevado desses componentes.

 

c)        Usar fontes estabilizadas como carregadores:

 

            Essas fontes são ótimas para alimentar nossos aparelhos de som, TV, luminárias e eletrônicos em geral, porém, são péssimos carregadores de bateria, por fornecerem tensão abaixo do valor ideal, e corrente acima do nível aceitável. O termo “fonte estabilizada” produz a falsa impressão de que estamos utilizando o dispositivo correto.

 

3)        CONCLUSÃO:

 

            De posse dos dados acima, podemos sugerir algumas mudanças que permitam melhorar ou mudar radicalmente o desempenho do sistema elétrico de nossos RV’s, senão vejamos:

 

3.1)     Substituir todo o sistema atual por outro, desenhado especificamente para esse fim. Esta é a solução mais cara e complicada de todas, porém, a mais adequada. Os componentes são:

 

            a)        Banco de baterias especiais para serviço, de alta amperagem.

            b)        Carregador inteligente tipo U. U. I. (3 fases de carga).

 

3.2)     Uma alternativa menos cara seria a troca das baterias por outras de chumbo/ácido, porém, de amperagem maior.

 

OBS:  Nunca substituir o alternador por outro mais potente, ou adicionar um segundo alternador.

 

4)        DICAS DE ECONOMIA DE ENERGIA E CUIDADOS PARA COM BATERIAS DE CHUMBO/ÁCIDO:

 

4.1)     Nunca permitir que as baterias se descarreguem completamente;

 

4.2)     Quanto mais lenta for a carga, melhor. Carregar baterias envolve mais do que isso, mas a observância deste preceito já é um bom começo;

 

4.3)     O uso de flutuadores eletrônicos de carga pode ajudar. Existem alguns alimentados por painéis solares, que cumprem bem essa tarefa;

 

4.4)     Dê preferência ao uso do carregador que veio no veículo. Por mais antiquados que possam parecer, seu rendimento no quesito “carga de bateria” supera o dos alternadores e fontes estabilizadas (essas, fortemente contra-indicadas);

 

4.5)     O ideal é possuir uma fonte estabilizada bi-volt para alimentar os dispositivos eletro-eletrônicos durante a permanência no camping, e um carregador dedicado à bateria, devidamente chaveado;

 

4.6)     Verificar periodicamente o nível do eletrólito da bateria, e, se preciso for, completar com água destilada (nunca com solução ácida);

 

4.7)     Mantenha limpos os terminais da bateria;

 

4.8)     Procure utilizar luminárias econômicas, do tipo fluorescente. Já é possível encontrar luminárias à base de diodos emissores de luz (LED), que são infinitamente mais indicadas. Televisores com tela de cristal líquido também são melhores, por consumirem cerca de 30% se comparadas às convencionais.

 

4.9)     Evite o uso de inversores. Tais aparelhos costumam ser grandes vilões na guerra contra o consumo elétrico excessivo. Se não houver outro jeito, prefira os totalmente transistorizados, sem transformador, de onda senoidal ou semi-senoidal.

 

 

Espero ter esclarecido algumas das principais dúvidas sobre baterias e suas aplicações. Boas acampadas a todos!!!!

 

Alfie

KG Safari 1980, nº 0239.

 

 

A partir do meu interesse em adquirir um motorhome (estou altamente inclinado a que seja um Karmann Mobil Safari) tenho participado de foruns de debates de proprietários de motorhome e venho notando que um assunto recorrente tem sido a desagradável obrigatoriedade de deixar o motor ligado em altas rotações por longo tempo, para carregar as baterias, bem como a baixa durabilidade das mesmas, não raro pifando as baterias quando se mais precisa delas, ou seja, quando o motorhome está em uma praia, longe de uma fonte de alimentação de energia elétrica; outra queixa recorrente é a paralização de ventiladores e climatizadores durante a noite, não raro danificando o aparelho irremediavelmente, acordando o campista "molhado de suor". Sem querer ser dono da verdade, mas apenas contribuir para o entendimento do problema e o debate em torno das soluções, gostaria de compartilhar minha experiência de velejador, que quando ancorado em uma praia distante, passa pelos mesmos dissabores ao tentar manter um mínimo de confortos domésticos baseado apenas na energia elétrica fornecida por acumuladores (baterias), e apontar as soluções usadas por alguns "skippers" (capitães de embarcações). Preliminarmente temos que entender que ao utilizarmos baterias automotivas precisamos saber para o que foram projetadas, e nos rendermos às limitações do projeto e adaptá-lo ao nosso tipo particular de utilização. Em um automóvel ou caminhão o consumo de energia elétrica se dá geralmente quando o mesmo está em movimento, portanto com o motor ligado. Assim, a bateria serve apenas para dar a partida no motor, depois assumindo quase totalmente o gerador (no caso, um alternador). As baterias automotivas comuns, de chumbo e fluido ácido, só precisam ser capazes de liberar rapidamente uma grande quantidade de energia, mas por pouco tempo, processo conhecido como CCA (Cold Cranking Ampéres). Por exemplo, um motor de arranque que necessite de 500 A por segundo para girar, consome em 3 segundos 1.500 A. Porém, tranformando em horas (já que a capacidade é medida em A.h), isso representa 0,41 A.h, o que para uma bateria comum de 100 A.h é totalmente desprezível, carga que o alternador, uma vez ligado o motor, reporá em alguns segundos. O alternador carrega a bateria com uma voltagem um pouco superior à da bateria, normalmente 14 volts, sempre passando por um regulador de voltagem de modo a evitar seu carregamento a uma razão incompatível com sua capacidade. Mas num motorhome, o motor fica grandes períodos parado, sofrendo a bateria autodescarga sem receber carga do alternador, ou, quando sendo utilizado, a bateria (ou baterias) suportam todo o consumo (rádios,toca-fitas, lâmpadas, geladeira, climatizadores, etc.) sem o auxílio do alternador, levando o safarista a ter que manter o motor ligado por longos períodos de tempo apenas para recarga da(s) bateria (s). As baterias automotivas, apesar de servirem para dar a partida ao motor, não são indicadas para alimentar a rede elétrica do motorhome, pois só admitem que sua carga seja consumida até no máximo 20%. As recomendáveis neste caso são as chamadas "Deep Cycle", que admitem a perda de até 80% da carga. A cada descarga/carga da bateria, os elementos básicos que formam a placa de um acumulador (à base de chumbo e óxido de chumbo) acabam se decompondo e se depositando no fundo da caixa, sob a forma de partículas. Esta reação é inevitável e portanto, a vida útil de uma bateria deste tipo depende tanto do número de ciclos de descarga quanto da profundidade deles. Assim,o melhor é optarmos por baterias cicláveis (ou de ciclo longo), que são especialmente projetadas para tolerar repetidas descargas com mínimo desgaste interno porque possuem, entre outros arranjos, placas mais espessas. A capacidade das baterias é expressa em ampéres-hora, ou seja, a possibilidade de fornecer uma determinada corrente durante um determinado tempo. O tempo de descarga é limitado pela baixa da voltagem de descarga até um valor mínimo denominado voltagem de fim de descarga, geralmente de 1,75 volts por elemento da bateria. Portanto, quando nossas baterias automotivas chegam ao limite de 20% de descarga, a tensão elétrica começa a diminuir vagarosamente, dos 12 volts iniciais até zero, sendo que muitos aparelhos não funcionam ou são danificados quando submetidos a tensões abaixo de 11,8 volts. DIMENSIONAMENTO DO BANCO DE BATERIAS As Safaris eram fornecidas com duas baterias de 54 e 36 ampéres-hora, perfazendo portanto 90 A.h, o que devia ser suficiente para o limitado uso de aparelhos elétricos da época. Mas modernamente diversos outros aparelhos são usados, alguns até eletrodomésticos usando 115 volts com inversores, de forma que devemos então redimensionar nosso banco de baterias. Ao projetar o banco de baterias do motorhome, é preciso levar em conta o consumo total de energia. Para se chegar à capacidade que este reservatório de energia deve ter, primeiro é necessário saber o quanto cada equipamento elétrico do motorhome gasta em A.h e somar tudo. Existe uma relação entre resistência, intensidade e voltagem, definida pela Lei de Ohm que se define como R(Ohms) = V (volts) / I (ampéres), bem como a potência de qualquer aparelho é definida em Watts (W) e calculada pela multiplicação da intensidade (em ampéres) pela voltagem tensão em Volts. Por exemplo, se um determinado aparelho é submetido a uma tensão de 100 volts e a intensidade da corrente é de 5 ampéres, sua potência será de 500 Watts. Mas as indústrias geralmente só indicam em seus aparelhos a potência e a voltagem de uso, pelo que para sabermos o consumo em ampéres devemos calcular. Por exemplo,o liquidificador aqui de casa tem uma potência de 350 Watts, e como a tensão é de 115 volts, temos que 350 = A x 115, ou, A = 350/115 = 3 ampéres. A primeira coisa que devemos saber, é que raramente as baterias se recarregam a 100% de sua carga nominal, ficando na maioria dos casos em 80%. A isto acrescenta-se o fator da tensão (voltagem), que só se mantém até certo limite de descarga, restringindo-se a utilização da bateria ciclável a 50% de sua capacidade. Assim, a carga útil máxima que se recomenda extrair de uma bateria de 100 A.h é de 30%. A seguir fornecemos o consumo de alguns itens, para facilitar o cálculo: Tabela de Consumo para instalação 12 V (em ampéres-hora) Luzes de cabine (incandescentes) 1 a 4 Luzes de cabine (fluorescentes) 0,7 a 1,8 Refrigerador 5 a 7 Ventilador 1 Toca-fitas 1 CHECAGEM E REDIMENSIONAMENTO DA FIAÇÃO Outro detalhe importante é que qualquer fio esquenta quando por ele passa uma corrente elétrica (como regra geral, tal aquecimento só será aceitável se pudermos segurar o fio e suportarmos normalmente tal aquecimento) , sendo tal resistência tanto maior quanto maior for a distância entre a bateria e o aparelho, devendo portanto serem usados fios na espessura recomendada (e sempre fios flexíveis, NUNCA os rígidos). Fios de espessura menores às indicadas nas distâncias fonte/carga (ou seja, entre a bateria e o aparelho) ocasionam uma queda de voltagem que pode não ser suficiente para acionar o aparelho, ou até danificá- lo irremediavelmente. Abaixo apresentamos uma tabela extraída da AB&YC Safety Standard (E-9/75), onde de acordo com a intensidade de corrente entre a fonte e a carga e a distância entre elas, temos o diâmetro recomendado para fios de cobre flexíveis. 3 m ou menos 4,6 metros 6,0 metros 9,0 metros 12 metros 15 metros 5 A 1,63 mm 2,05 mm 2,05 mm 2,59 mm 3,26 mm 3,26 mm 10 A 2,05 mm 2,59 mm 3,26 mm 4,11 mm 4,11 mm 5,19 mm 15 A 2,59 mm 3,26 mm 4,11 mm 5,19 mm 5,19 mm 5,83 mm 20 A 3,26 mm 4,11 mm 4,11 mm 5,19 mm 6,54 mm 6,54 mm 25 A 3,26 mm 4,11 mm 5,19 mm 6,54 mm 6,54 mm 7,35 mm Obs.: Jamais use fios nº 18 (1,02 mm) RECARGA DO BANCO DE BATERIAS A quantidade de corrente elétrica gerada por um alternador automobilístico depende em pequena proporção de sua velocidade de giro e em grande proporção de sua corrente de excitação (ou corrente de campo). Para o uso que foi projetado, o alternador controlado por regulador eletromecânico é perfeitamente satisfatório, pois os veículos quase só consomem energia elétrica quando em movimento, ou seja, com o motor em funcionamento. Consequentemente este consumo é sustentado pelo alternador, e a carga da bateria deve ser lentíssima e até nula. Ao carregarmos uma bateria (ou diversas delas ligadas) a corrente de carga não deve exceder certo valor, em princípio igual a 10% da capacidade. Por exemplo, se sua bateria for de 50 ampéres-hora, a intensidade de corrente de sua recarga não deve exceder a 5 ampéres. Um voltímetro portátil é sempre útil para avaliar o estado das baterias, ligando-o fortemente ao pólo positivo e negativo de cada elemento. Se algum deles mostrar tensão menor do que 1,6 volts, estará defeituoso. A diferença entre os valores de leitura de cada elemento da bateria não pode ser superior a 0,2 volts. Se for maior, substituir a bateria. Para evitar este incômodo, uma alternativa seria a utilização de um alternador controlado por regulador eletromecânico, o que já acontece na maioria nas Kombis dos anos em que foram produzidas as Safaris (para alternadores com regulador eletrônico se pode também fazer, mas exige modificações no sistema de escovas de carvão da excitação), montando-se um aparelho que permita o controle direto da corrente de excitação, pode-se fazer com que o alternador forneça a energia que desejarmos, variando da sua capacidade total até zero. Permite também que se obtenha uma carga significativa com o motor em marcha lenta, fornecendo em pouco tempo o que levaria horas de funcionamento sob controle de um regulador convencional. Tal aparelho é baseado em uma resistência variável em série com o circuito de campo do alternador. Quanto menor for a resistência maior será a geração de energia. Sua construção é extremamente simples e barata, e já foi testado por mim em um veleiro, com resultados excepcionais (aconselho a mandar fazê-lo em uma loja de eletrônica, a partir do esquema). Entre os terminais 2 e 3, 3 e 4, 4 e 5, 5 e 6 e 6 e 7 de uma chave comutadora de 9 posições, são soldadas resistências de 0,5Ω e 5W de dissipação, enquanto que entre os terminais 7 e 8 são montadas duas dessas mesmas resistências em série (o que perfaz 1Ω de resistência e 10W de dissipação). A ligação é extremamente simples, pois tanto no alternador como no regulador são bem identificados os terminais "terra", "D+" e "DF". O terminal "DF" do regulador eletromecânico é ligado na posição 8 da comutadora, e seu terminal "D+" na posição 1. O terminal "D+" do alternador se liga na entrada da comutadora. Com a chave comutadora na posição 0, o alternador não gerará energia; na posição 1, o sistema regulador convencional é ligado e assume o comando do alternador. De 2 a 8 o comando é manual e progressivo até o limite máximo de capacidade do alternador, se devendo escolher o regime ideal de acordo com o tamanho do banco de baterias (em ampéres- hora!). O amperímetro (atenção: escolher um amperímetro com escala apropriada, na faixa de 25% da capacidade do banco de baterias) é ligado entre o borne positivo do alternador e o positivo da bateria. Aos que estão imaginando o que entenderia um biólogo-marinho de eletricidade, esclareço que este aparelho foi sugerido por um engenheiro, Clóvis Ferreira de Souza Jr, em um artigo intitulado "REGULADOR MANUAL PARA ALTERNADOR", na revista MAR, VELA E MOTOR, ano IX, nº 109 (junho de1986), pág. 72, e a quem estiver interessado mando pelo correio o esquema eletrônico.

 

skipperj05@yahoo.com.br

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Nas marinas, nos campings, em fim em todo lugar onde há concentração de veículos, é comum ouvir exclamações exasperadas como : “ as minhas baterias estão novamente descarregadas !”, ou “....duram pouco”, ou “...não agüentam a carga”, ou “...pifam logo”, etc.. As sugestões que inevitavelmente seguem não variam muito :

– instale um segundo alternador,

– substitua o alternador por outro mais potente,

– faça carga lenta ( ou rápida ),

– amplie o banco de bateria,

– ponha um alternador para cada banco de bateria,

– etc..

 

Já se sabe que essas “soluções” não funcionam. Por que ?

Porque há uma diferença fundamental entre o funcionamento do sistema automotivo

( bateria / alternador ), que auxilia os motores de propulsão, e o do sistema “reserva de energia”

(bateria de serviço / carregador ). O conhecimento dessa diferença é de primeira importância para o

usuário ; a explicação detalhada se encontra na 3ª parte deste documento.

Por falta de informação, muitos donos de barco e marinheiros usam com toda boa fé

os aparelhos específicos do primeiro sistema para o segundo ; assim dos alternadores automotivos

quase universalmente usados para recarregar a bateria de serviço, o que dá os resultados que

sabemos. Por outro lado, o uso de carregadores inadequados é também responsável por muitos

problemas.

Este estudo tem como propósito esclarecer o funcionamento da bateria a fim de ver

por que as “soluções” listadas acima não dão certo, mostrar as diferenças entre o sistema automotivo

e o sistema de serviço e propor soluções mais adequadas.

 

 

PRIMEIRA PARTE

CARGA DA BATERIA

Para entender as razões de tanta desgraça com as baterias, convém estudar, antes

de mais nada, um ciclo de carga correto e ver quais são os pontos fundamentais do processo.

Para carregar uma bateria é preciso introduzir-na uma certa quantidade de

“AmpèresHoras” pelo meio de uma corrente elétrica (corrente de carga). Todavia, a bateria não

armazena “AmpèresHoras” passivamente, mas desenvolve uma certa repulsão à corrente de carga.

Como consequência, o carregador deve ser programado para se ajustar constantemente às

condições da bateria e superar sua resistência. Vamos ver passo a passo como se desenvolve uma

operação de carga e quais são as conseqüências.

 

 

 

1 - ESTUDO DA OPERAÇÃO DE CARGA

Vamos acompanhar um ciclo de carga realizado manualmente por um operador (atento e paciente...) que dispõe de um carregador manual com um voltímetro de precisão na faixa 11-15 V, um amperímetro e um botão de regulagem da corrente.

 

 

A bateria que usamos é do tipo ciclável, com capacidade nominal 100Ah, sendo a

sua tensão 11,8 V ( bateria quase totalmente descarregada ). Nessa altura, é preciso repor uns 90Ah

para carregar a bateria até 100%

 

 

Depois de ligar o carregador, o operador regula a corrente de carga em 10 A ( 10% da capacidade nominal, valor comumente escolhido para carregadores manuais ). A tensão sobe e se equilibra num certo valor V1 que depende da carga residual, do estado da bateria, da sua resistência interna, da temperatura, do tipo, etc.).

Após alguns momentos, notamos que a amperagem começa a diminuir e vai

diminuindo até zero se nada for feito. A tensão V1 fica mais ou menos estável. Esse fenômeno tem

uma explicação : logo que a corrente de carga se estabelece, a tensão interna da bateria cresce ;

esta tensão, chamada “tensão contra-eletromotor”, se opõe à do carregador e aos poucos atinge V1,

anulando totalmente a ação do mesmo.

Essa primeira tentativa durou uns 20 minutos. A bateria mal armazenou 2 ou 3 Ah e

está longe de ser carregada. É evidente que, se o operador não intervir, a bateria não armazenará

mais nada. Por conseguinte, é necessário re-estabelecer a corrente ao seu valor inicial de 10 A,

girando o botão de regulagem do carregador. A tensão sobe até V2. Como anteriormente, a

amperagem não fica estável mas decresce gradativamente, e é preciso girar novamente o botão de

regulagem para repor a corrente em 10 A ; a tensão sobe para V3, e assim por diante.

Na prática, para manter a corrente ao valor escolhido, é necessário girar

continuamente o botão de regulagem, o que eqüivale aumentar a tensão de carga progressivamente.

Depois de algumas horas, a tensão atinge 14,6 V (nesse momento, a carga da bateria

é aproximadamente 80% do valor nominal). De repente, aparece uma mudança importante no

comportamento da bateria : o eletrólito comece a borbulhar ( a bateria “ferve” ); o eletrólito se

decompõe em oxigênio e hidrogênio. A bateria não aceita mais a carga e a corrente do carregador

provoca a eletrólise da solução.

Se reduzirmos um pouco a tensão, para 14,4 V, o fenômeno pára imediatamente.

Vamos então continuar a operação mantendo a tensão em 14,4 V. Basta não tocar mais no botão de

regulagem.

Como já sabemos, sob tensão constante a corrente diminui. Depois de 6 a 8 horas, o

valor da corrente atinge 1A. Nesse momento, pode-se considerar que a bateria está carregada até

100%.

Uma corrente de 1A é bem pequena, mas é suficiente para manter uma

mini-eletrólise, pouco perceptível, que no decorrer do tempo provoca a decomposição do eletrólito. É

indispensável reduzir ainda mais a tensão, para 13,6 V (valor descoberto após várias tentativas), a

fim de evitar totalmente esse fenômeno. Essa tensão, chamada “tensão de float” ( flutuação ), é ideal

para manter uma bateria não utilizada em boa condição ( pode ser entre 13V e 13,8 V dependendo

do tipo de bateria ).

 

Uma bateria não utilizada deve ser mantida carregada. A tensão de ‘float” pode

ser aplicada por tempo indeterminado ; a corrente muito fraca é suficiente para compensar as perdas

naturais da bateria e mantê-la completamente carregada sem que corresse o risco de ferver ou de

ser danificada. Essa fase de “float” é uma vantagem importante oferecida pelos carregadores

modernos (“inteligentes”) que podem ficar ligados o tempo todo na bateria sem necessidade de

fiscalização.

O experimento descrito acima permite deduzir algumas observações interessantes :

1. É obviamente inviável operar o carregador manual como descrito. O resultado é que

o operador deixa a bateria borbulhar, acreditando que está carregando enquanto, na

realidade, está se estragando sem armazenar mais carga. É indispensável

automatizar o carregador.

 

2. A operação de carga ideal se divide em 3 fases :

A. Primeira fase : corrente constante : a corrente é mantida constante

enquanto a tensão sobe até o ponto quando acontece a decomposição do

eletrólito ; ao final desta fase, a bateria acaba carregada entre 75 e 80% da

sua capacidade nominal,

B. Segunda fase : tensão constante : a tensão fica a 14,4V enquanto a

corrente diminui progressivamente até ~1% da capacidade nominal; nessa

fase, a carga da bateria está completada até 100% ; é uma fase demorada,

de 8 a 10 horas,

C. Terceira fase* : float : para manter a carga da bateria a 100% durante um

tempo indefinido, a tensão do carregador tem que ser rebaixada para 13,8 V

a fim de evitar todo risco de eletrólise.

* Na realidade essa fase não é tão simples mas não é do nosso propósito entrar em

detalhes que só interessam especialistas. Basta saber que carregadores “inteligentes”,

tipo STATPOWER TRUECHARGE ou TECSUP HI-TEC, mantenham e

preservam as baterias para a maior satisfação do dono.

2 - CARREGADORES “INTELIGENTES”

São chamados “inteligentes” os carregadores cujo programa de carga é de duas ou

três fases conforme descrito acima, e que são automáticos ( que não requerem fiscalização

permanente ). Existem dois tipos :

A. Carregador tipo “ UUI” ( fig. 1 )

A curva de 3 fases descrita acima é chamada “UUI” ou “duplo UI”. É a mais

eficiente, sendo a bateria carregada até 100%. É a curva de funcionamento de todos

os carregadores da STATPOWER e da TECSUP, e dos alternadores/ carregadores

especiais.

B. Carregador tipo “UI” ( fig. 2 )

Voltando à operação de carga descrita no §1, poderíamos ter verificado

durante a primeira fase que, quando a tensão atinge 13,8 V, a bateria já está com

70% da carga nominal. Se iniciarmos a terceira fase naquele momento, é evidente

que a bateria não chegará aos 100% ; no fim da operação ficará com aprox. 80% da

carga nominal, mas, em compensação, a corrente residual será 0,1 ou 0,2 A, valor

sem grande perigo para a bateria. Desse modo, a fase “float” se encontra

confundida com a segunda fase.

Baseando-se nessa observação, dá para imaginar um carregador ( ou um

regulador de tensão de alternador ) de duas fases, mais simples e mais barato que

um de três fases. É o sistema chamado “UI”, ou “simples UI”. É suficiente para

aplicações rodoviárias ( o regulador UI é bem mais eficiente que o regulador

automotivo usual quando se trata de carregar uma bateria ! ); convém também para

barcos de serviço que navegam quase todos os dias.

O regulador BRS da BALMAR é baseado neste princípio.

Fig. 1 Curva de carga "UUI"

FUNCIONAMENTO : automático

A corrente de carga inicial depende da potência do carregador ; não é

ajustável. A tensão sobe do valor inicial Vi ( tensão da bateria ) até 14,4 V e

fica constante. A corrente fica constante até a tensão atingir 14,4 V, em

seguida decresce. Quando a corrente passa abaixo de 1 A, a tensão é rebaixada

para 13,8V e fica neste patamar ( tensão de "floating" ); a corrente é

quase zero.

INCONVENIENTES :

VANTAGENS : - a bateria pode ser carregada até 100%

- não há risco de a bateria ferver

- não requer a presença de um operador

- o carregador pode ficar sempre ligado à bateria

não há

constante (1 a 3h)

80% da carga 20% da carga mantem a bateria

carregada a 100%

 

Fig. 2 Curva da carga "UI"

FUNCIONAMENTO : automático

A corrente de carga depende do carregador ; não é ajustável. A tensão sobe

do valor inicial Vi ( tensão da bateria ) até 13,8V e fica neste valor. A corrente fica

constante durante um tempo e depois decresce antes a tensão atingir 13,8V,

impedindo a carga completar 100%.

INCONVENIENTES : o nível de carga na bateria não ultrapassa 70%.

VANTAGENS : - não requer a presença de um operador,

- sendo baixa a tensão de float,, não há risco de a bateria ferver,

- o carregador pode ficar sempre ligado à bateria, porém é recomendado

verificar o nível do eletrólito cada mês.

FUNCIONAMENTO : manual

Ao início, o operador ajusta a corrente a, por exemplo, 10A, sendo a tensão

constante 12,6V. A medida que a resistência interna da bateria cresce, a corrente

diminui. O operador reajusta a corrente para 10A. A tensão pula para, digamos,

13V. A corrente diminui, etc.. A regularidade dos patamares e os valores

dependem da habilidade do operador.

INCONVENIENTES : - processo muito lento,

- presença do operador obrigatória,

- quando a tensão ultrapassa 14,4V, a bateria ferve mas está longe

de ser carregada.

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Fig. 4 Curva de carga básica de um carregador

 

FUNCIONAMENTO : semi-automático

O operador ajusta a corrente inicial, por exemplo 10A. A tensão sobe.

A corrente cai um pouco. Quando a tensão atingir 14,4V, o carregador corta

a alimentação. A tensão cai lentamente, não há mais corrente. Quando a

tensão atingir 12,6V, o carregador liga-se novamente, fornecendo novamente

a corrente de 10A, etc..

INCONVENIENTES : - pouco eficiente em fim de carga,

- a bateria não chega a ser carregada nem até 80%,

- se deixar o carregador ligado, a bateria acaba fervendo,

- requer fiscalização constante.

manual automatizado

 

 

3 - OUTROS MEIOS DE CARGA

Os outros tipos de carregadores e os alternadores automotivos comuns não convém

para carregar corretamente uma bateria. Vejamos por que :

A. Carregador manual ( fig.3 )

Já vemos os inconvenientes deste tipo de aparelho : necessita uma fiscalização

permanente... ou acaba logo matando a bateria. Vantagem ( só na compra ) : preço barato ( e nem

sempre ).

B. Carregador semi-automático ( fig. 4 )

É o tipo manual sumariamente automatizado.

Nesse tipo de aparelho, a corrente é mantida constante até a tensão atingir 14,4 V ;

naquele momento, a alimentação do carregador está automaticamente desligada. Por conseguinte a

tensão da bateria cai progressivamente ; quando atingir ~12,6 V, a alimentação volta a ser ligada.

Isso resulta num sistema de pulsações liga-desliga entre 14,4 e 12,6V.

Aparentemente, tal carregador poderia ficar ligado à bateria em permanência sem

provocar “fervura”, mas na verdade não pode e, de fato, os fabricantes sérios recomendam uma

verificação periódica (pelo menos semanal ) do nível do eletrólito, o que é impossível em baterias

seladas ( a MBT já teve problemas com carregadores desse tipo deixados ligados sem fiscalização

suficiente ; resultado : baterias estragadas após alguns meses ).

Finalmente, comparado com o carregador manual, o carregador semi- automático

representa um avanço, porém limitado :

– não pode ser abandonado por muito tempo sem fiscalização,

– sendo suprimida a fase de tensão constante, a carga final nunca ultrapassará os 70 ou

75% da carga nominal ; por causa disto a bateria perderá definitivamente a capacidade de

recarregar até 100% após alguns meses (“memória” da bateria).

C. Alternador automotivo

O alternador automotivo é um péssimo carregador nas condições usuais de uso

porque a sua tensão máxima de carga é insuficiente. A tensão do alternador automotivo está

regulada de fábrica num valor fixo, 13,6V, enquanto é preciso que a tensão subisse até um valor

entre 14,4V e 15,2 V ( o valor exato depende do tipo da bateria) para carregar uma bateria mas isso

não é requisito para o funcionamento do sistema automotivo.

 

 

SEGUNDA PARTE

FUNCIONAMENTO DA BATERIA

 

1 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DA BATERIA

O elemento básico de uma bateria é um conjunto de duas placas, de composições

diferentes, mergulhadas num líquido apropriado ( o eletrólito ) e mantidas afastadas uma da outra

por um separador de material isolante porém poroso de modo que deixasse passar os íons SO4 e

H2 e conseqüentemente a corrente elétrica.

O material ativo da placa positiva é o peróxido de chumbo PbO2. O material ativo da

placa negativa é o chumbo metálico Pb sob forma esponjosa. O eletrólito é uma solução de ácido

sulfúrico SO4H2 e água H2O.

A dissimetria química entre as duas placas de materiais diferentes gera uma tensão

( voltagem ) de aproximadamente 2 Volts.

 

Se ligarmos uma lâmpada de 2V entre as placas positiva e negativa, uma corrente se

estabelece, circulando no circuito fechado constituído pela lâmpada, as placas e o eletrólito, e

constatamos o seguinte :

- a lâmpada se acende ( circuito exterior ),

- no interior da bateria, diversas reações químicas acontecem :

a) o material de cada placa se transforma parcialmente em sulfato de

chumbo SO4Pb,

b) o eletrólito perde uma parte do seu ácido sulfúrico SO4H2, e a proporção

de água H2O aumenta.

15

O resultado é que a dissimetria inicial tende a desaparecer. A corrente diminui até

parar : nesse ponto, vamos dizer que a bateria está completamente descarregada.

Durante a operação, a bateria transformou uma energia de origem química em

energia elétrica.

2 - COMPONENTES DA BATERIA

A. Grelha

A grelha é uma alma metálica retangular, usada para suportar os materiais ativos da

bateria e a conexão que permite a passagem da corrente para o circuito externo ( o chumbo

esponjoso e o peróxido de chumbo não têm resistência mecânica ).

Existem duas famílias de grelhas, dependendo do material usado para sua

fabricação :

- grelha chumbo/antimônio : usada nas baterias automotivas, provoca um consumo

de água significativo,

- grelha chumbo/cálcio : mais moderna.

A grande vantagem da grelha chumbo/cálcio é a redução drástica do consumo de

água, permitindo assim a construção de baterias seladas ( que não requerem água ).

B. Placas

Uma grelha empastada com o material ativo torna-se uma “placa”. A ligação íntima

da grelha e do material ativo é uma operação bastante difícil mas extremamente importante, já que a

vida da bateria depende muito da sua qualidade.

As placas positivas são “carregadas” com peróxido de chumbo, uma pasta de cor

marrom. As placas negativas são carregadas com chumbo esponjoso, de cor cinza.

C. Elementos

O elemento é a unidade de base da bateria. Vários elementos, sempre em número

par, constituem uma bateria. Uma bateria 12V é composta por 6 elementos ligados em série, uma

bateria 24V de 12 elementos ligados em série.

Um elemento é constituído pelo mesmo número de placas negativas e positivas

alternadas. Para evitar que as placas de polaridade diferente entrassem em curto, cada placa é

separada das demais por um separador de material isolante porém poroso para permitir a circulação

do eletrólito e dos íons.

Todas as placas da mesma polaridade são ligadas entre se por um conector que,

ligado ao conector da polaridade oposta do elemento vizinho, constituirá afinal um polo da bateria

(ligação em série)

Sendo as placas ligadas em paralelo, a tensão de um elemento é 2 Volts. O que

varia em relação ao sistema inicial de duas placas é a capacidade em Ampères, que depende do

número de placas dentro do elemento.

Uma bateria automotiva, cuja função principal é gerar uma corrente de alta

intensidade ( amperagem, até 500A ) para dar partida ao motor, necessitará muito mais placas por

elemento que uma bateria de serviço destinada a gerar algumas dezenas de Ampères. Daí os dois

tipos de bateria mais comuns : a bateria automotiva e a bateria de reserva de energia.

D. Caixa

A caixa da bateria, geralmente de polietileno, está dividida em células independentes,

cada uma para um elemento de 2V. A tampa evidencia os dois pólos ( POS + e NEG - ) e os

orifícios para completar o nível do eletrólito em cada célula. As baterias seladas não têm esses

orifícios mas sim uma válvula para a saída ocasional de hidrogênio e vapor de água.

 

 

E. Eletrólito

A composição do eletrólito ( bateria carregada) é a seguinte :

– ácido sulfúrico SO4H2 : 36% em peso

– água H2O : 64% em peso

sendo a densidade 1,27.

3 - REAÇÕES QUÍMICAS DURANTE O CICLO CARGA/DESCARGA ( fig. 6 )

A. Descarga da bateria

Quando ligamos a lâmpada (§1), a corrente no interior da bateria provoca a dissociação

do ácido sulfúrico SO4H2 entre seus dois componentes, os íons SO4 e H2. Nas placas

positivas os íons SO4 se combinam com o chumbo Pb do peróxido de chumbo PbO2 e formam o

sulfato de chumbo SO4Pb ; os dois O, remanescentes do peróxido de chumbo, se combinam com

íons hidrogênio H2 para formar água H2O. Nas placas negativas os íons SO4 se combinam com o

chumbo Pb para formar também o sulfato de chumbo SO4Pb. Nesse processo, a composição das

duas placas ( a positiva inicialmente de PbO2 e a negativa de Pb ) tendem a se transformar em

SO4Pb, eliminando-se assim a dissimetria que foi a origem da corrente.

No fenômeno da descarga, a concentração em ácido no eletrólito diminui : a

densidade, inicialmente de 1,27, cai até 1,14 quando a corrente desaparece.

B. Carga da bateria

As reações químicas que ocorrem durante a carga são exatamente as inversas das

que ocorrem durante a descarga.

A corrente de carga, em sentido inverso do da descarga, dissocia o sulfato de

chumbo SO4Pb formado na superfície de todas as placas, sejam elas positivas ou negativas, entre

seus dois componentes, os íons SO4 e Pb. Da mesma forma, a água H2O se dissocia em oxigênio O

e hidrogênio H2.

Nas placas positivas, os íons SO4 se combinam com os íons H2 para regenerar o

ácido sulfúrico SO4H2 ; os íons oxigênio O se recombinam com o chumbo Pb para restituir o

peróxido de chumbo inicial PbO2.

Nas placas negativas, os íons SO4 se combinam com os íons H2, regenerando o

ácido sulfúrico SO4H2, da mesma forma que nas placas positivas, e o chumbo puro Pb reaparece na

superfície da placa.

O sistema voltou a seu estado inicial : realizamos um ciclo carga/descarga.

 

 

VOLTA AO ESTADO INICIAL

C. Velocidade de difusão das moléculas

No estudo do ciclo carga/descarga, verificamos que o estado de carga da bateria

depende diretamente da concentração do ácido SO4H2 no eletrólito. Medir a densidade do eletrólito

é um meio bastante usado para avaliar o estado de carga da bateria : densidade alta = bateria

carregada, densidade baixa = bateria descarregada. Todavia, para efetuar tal medição é recomendado

deixar “descansar” a bateria pelo menos uma hora* após a operação de carga. Por que ?

Porque, na operação de carga, as moléculas de ácido SO4H2 que se formam na

superfície das placas não se espalham instantaneamente dentro do eletrólito. A difusão das

moléculas dentro do líquido até que o mesmo ficasse completamente homogêneo leva um certo

tempo ( até 8 horas ), determinado pela velocidade dessa difusão. A velocidade de difusão é uma

característica dos elementos em presença, sobre a qual o operador não tem controle ( a menos que

chacoalhasse a bateria ).

As reações químicas acontecem na superfície das placas, exatamente na interface

entre o material das placas e o eletrólito, e dão origem às moléculas de ácido SO4H2 durante a

carga. A corrente de carga é que gera a formação das moléculas ; a quantidade de moléculas

produzidas depende diretamente da intensidade da corrente : quanto mais forte a corrente, maior a

quantidade de moléculas. Sendo a velocidade de difusão limitada, dá para perceber que, se a

produção de moléculas de SO4H2 for maior que um certo valor, as mesmas se acumularão junto à

superfície das placas, formando localmente um filme de eletrólito com alta concentração de ácido, de

modo que as placas se encontrarão mergulhadas numa solução de densidade mais alta do que nos

demais lugares do eletrólito ( fig. 7 ). Se medir a tensão da bateria logo depois de um período de

carga, o valor será aquele correspondente à concentração de ácido ao redor das placas e não à

concentração média do eletrólito. É uma “falsa tensão” que não reflete o estado de carga real da

bateria. Daí a necessidade de deixar “descansar” a bateria antes de fazer qualquer medição.

Esse fenômeno sempre acontece, pois o valor da corrente para ter o equilíbrio entre

a produção e a difusão das moléculas de ácido é muito baixo. A conseqüência principal é que não é

possível carregar uma bateria com uma corrente forte demais, se não a “falsa tensão” sobe

rapidamente ( em alguns minutos ), até igualar a tensão do carregador, sendo a corrente anulada.

Resultado : não há mais possibilidade de carregar.

Na descarga, acontece o fenômeno oposto : se a corrente de descarga for forte

demais, as moléculas de SO4H2 distribuídas no eletrólito não terão o tempo de migrar até as placas

para se dissociar e formar o sulfato de chumbo SO4Pb. Resultado : a solução ao redor das placas

fica mais pobre em moléculas de SO4H2 que em outras partes do líquido ; isso provoca uma queda

de tensão nos bornes, mas não significa que a bateria esteja descarregada. Um exemplo prático

bem conhecido é a queda de tensão violenta que acontece nos bornes da bateria de um carro

quando se liga o motor de arranque.

D. Degradação das placas durante um ciclo

Durante um ciclo carga/descarga o material ativo passa sucessivamente do estado

PbO2 para o estado SO4Pb, e do estado Pb para o estado SO4Pb, e vice-versa.

Essas transformações provocam variações periódicas do volume dos materiais

ativos ( expansão e contração ). Os materiais acabam se desagregando e as partículas caiem no

fundo da caixa. Apesar de todas as precauções tomadas na fabricação das placas, esse fenômeno é

inevitável, e cada ciclo provoca uma perda de material. Resultado : a vida útil de uma bateria

depende do número de ciclos que exigimos dela, como também da profundidade dos mesmos.

É claro também que, sendo iguais as capacidades em Ampère-horas, uma bateria

fabricada com mais material ativo terá uma vida útil maior que outra com placas pouco “carregadas”.

*ver § “Fiscalização da carga” p.22

 

Dessas observações, podemos deduzir que a anatomia de uma bateria automotiva,

cujos ciclos são superficiais mas que tem que gerar correntes fortes, será diferente da de uma

bateria ciclável destinada a gerar pouca amperagem mas durante horas. As placas da segunda

devem ser fartamente “empastadas” para alimentar as reações químicas durante longos períodos,

enquanto placas finas prevalecem para a primeira, já que um ciclo não dura mais que alguns

segundos.

4 - CRITÉRIOS PARA CARREGAR CORRETAMENTE A BATERIA

A. Critério da amperagem

Acabamos de ver que a difusão das moléculas de ácido dentro do eletrólito influi

grandemente no comportamento da bateria, especialmente na fase que mais nos interessa no

momento, a da carga. A aparição da “falsa tensão” se opõe à corrente de carga. É lógico pensar que

basta elevar a tensão de carga para superar a dificuldade, deixando a amperagem razoavelmente

baixa , mas sabemos também ( Primeira Parte § 2 ) que não se pode aumentar a tensão de carga

acima de uns 15V ( o valor exato depende do tipo de bateria ). Por conseguinte, é necessário achar

um compromisso entre a amperagem da corrente de carga, a duração da operação de carga e a

tensão de fim de carga, que não pode ser ultrapassada.

Exemplo 1 : o tempo disponível para carregar uma bateria de 100 Ah, descarregada de

50%, é 8 horas (uma noite ). Sendo a corrente de carga 10A ( = 10% do valor nominal da bateria ), a bateria

será recarregada até 100%.

NOTA : para tal resultado, o uso de um carregador “inteligente” é indispensável

pelas seguintes razões :

1) para manter a corrente no valor de 10A, a tensão deve ser constantemente

reajustada,

2) depois de aprox. 5 horas, a corrente deve decrescer ; não se pode

manter uma corrente de 10A numa bateria já carregada a mais de 80%,

pois borbulhará e perderá o eletrólito.

Exemplo 2 : o tempo disponível para carregar a mesma bateria de 100 Ah é 2 horas.

Escolhemos a corrente de carga em 25A ( = 25% da carga nominal ). Após

1h15mn, a tensão já está no seu limite máximo ; a corrente deve ser cortada.

Nesse momento, a bateria será recarregada somente até 80%.

Exemplo 3 : o tempo disponível é 1 hora. Para compensar, pense-se em usar um carregador

de 50 A. A tensão sobe rapidamente e após 15 minutos atinge o seu limite

máximo; a corrente deve ser cortada. Naquele momento, a bateria não pode

ultrapassar os 60% de carga.

Praticamente, uma corrente de carga igual a 10% da carga nominal da bateria

(seja : 10 A para uma bateria de 100 Ah ) foi por muito tempo considerado o melhor compromisso,

mas convém notar o seguinte :

– o tempo para recarregar é relativamente demorado,

– manter uma corrente de carga num valor determinado, por exemplo 10% da

capacidade da bateria, requer um carregador automático, com tensão variável

programada,

– os carregadores “inteligentes UUI” são mais rápidos ( Primeira Parte § 2 )

Pode-se usar sem dano para a bateria uma corrente de carga até 25% da

capacidade nominal da bateria ( seja : 25 A para uma bateria de 100Ah), até a tensão atingir os

14,4V. Isso oferece um bom compromisso entre tempo de carga e percentagem de carga final

quando não se dispõe de muito tempo para carregar. É o caso de uma bateria de serviço de uso

quotidiano, num sítio ou num barco, por exemplo. Todavia, haverá a necessidade de carregar

completamente a bateria pelo menos uma vez por mês para que a mesma não perdesse

definitivamente a sua capacidade inicial.

 

B. Critério da tensão

A tensão deve atingir, no final da carga, um nível máximo que vária de 14,2 até

15,1V, dependendo do tipo de bateria. É um critério de primeira importância para escolher um

carregador : se o carregador não conseguir essa tensão, a bateria nunca será totalmente carregada,

e aos poucos irá perdendo a sua capacidade inicial ; se o carregador gerar uma tensão alta demais,

o eletrólito borbulhará e a bateria será danificada. Nos dois casos, a vida da bateria se encontra

encurtecida ( e o dono, mais uma vez, de mau humor ).

É por causa desse critério que os alternadores automotivos são péssimos carregadores.

A tensão desses aparelhos é usualmente regulada a 13,6V. Nessas condições, uma bateria

não pode ser carregada a mais que 70% da sua capacidade nominal, no melhor dos casos. Além do

mais, para chegar a esse resultado, a operação de carga é demasiadamente demorada. Ninguém

deixa um motor girar durante horas seguidas para carregar a bateria, obviamente por causa das

poluições, mas também para não prejudicar o motor Diesel, que não pode girar muito tempo sem

carga.

C. Fiscalização da carga

Fiscalizar a carga da bateria é uma operação essencial para monitorar racionalmente

o uso da mesma e aproveitar ao máximo as possibilidades de uma instalação “ENERGIA

AUTÔNOMA”.

A fiscalização da carga pode ser feita medindo-se o valor dos parâmetros

característicos da bateria, sejam eles : tensão, densidade do eletrólito, Ampères-horas entrando e

saindo.

Para medir a tensão da bateria, um voltímetro comum não convém, pela falta de

precisão. Vemos que a tensão de fim de carga sobe até o valor máximo de 15,2V para baterias

chumbo/cálcio, e sabemos que para uma bateria descarregada, mas em bom estado, a tensão não

pode cair abaixo de 10,8V. Vemos também que os décimos de Volt têm grande importância. Por

exemplo, com 12,0V, a bateria está quase descarregada, enquanto com 12,6V, está completamente

carregada. Nessa altura, dizer que a bateria está com 12V não significa nada. Por conseguinte, o

voltímetro adequado para a leitura da tensão deve mostrar cada 0,1V entre 10 e 16V. Existem

voltímetros de LED especialmente desenvolvidos para esse fim. Porém, convém lembrar que uma

medição de tensão não pode ser feita logo depois de uma operação de carga ; é preciso deixar

“descansar “ a bateria algumas horas para ler um valor significativo. O mesmo usualmente não se

aplica à descarga por que a descarga de uma bateria de serviço é bastante lenta e, por isso, não

provoca um fenômeno de “falsa tensão” sensível.

Para baterias não seladas, o densímetro dá uma indicação bastante fiel do estado de

carga a qualquer momento. De fato, a sucção do líquido dentro do densímetro é suficiente para

misturá-lo e dar uma amostra representativa da densidade média. O uso do densímetro é muito

simples mas não muito prático.

Fazer a conta dos Ampères-horas que entram e saem da bateria é certamente o

meio o mais seguro e o mais prático de saber a qualquer momento o estado de carga da mesma.

Todavia, vários fatores ( resistência do eletrólito, rendimento da bateria, temperatura, etc.) resultam

num acúmulo de pequenos erros que com o decorrer do tempo invalidam totalmente a leitura. Para

tomar em conta todas as fontes de erros e ter uma leitura confiável, foram desenvolvidos aparelhos

específicos bastante sofisticados, chamados “monitores de sistema de energia”, que hoje podem ser

encontrados no mercado.

D. Utilidade do voltímetro de bateria

O voltímetro especial MBT é o instrumento indispensável para acompanhar o estado

de carga da bateria (ou do banco de baterias). Ligado aos bornes da bateria por dois cabos

pequenos, mede com precisão a tensão da mesma, traduzindo a leitura na percentagem de carga

correspondente. Uma escala de LEDs de várias cores permite a visualização imediata da carga,

indicando, de baixo para cima, quando a bateria está danificada ou precisa ser “equlizada”

(vermelho), quando é imperativo carregar ( laranja ), quando a carga está boa (verde), quando a

 

tensão está acima do normal (vermelho). Nesse último caso, é necessário verificar o sistema de

carga.

O voltímetro especial MBT é para a bateria o que é o medidor de nível para o tanque

de gasolina do carro. Ninguém sai pelas estradas sem monitorar o nível do combustível. Para manter

um sistema “Energia Autônoma” rodando seguramente, conhecer a cada momento o nível de carga

da bateria é tão necessário quanto o é saber o que fica de gasolina dentro do tanque.

E. Carga em função da tensão e da densidade

 

IMPORTANTE : a medição da densidade e a da tensão após uma operação de carga devem ser

feitas depois da bateria ter “descansado” pelo menos 12 horas.

TERCEIRA PARTE

SISTEMA AUTOMOTIVO E SISTEMA DE SERVIÇO

O sistema automotivo alimenta essencialmente, além do motor, instrumentos,

aparelhos e luzes que somente estão em uso quando o veículo está se deslocando (luzes de

navegação, radar, molinete, etc. para um barco por exemplo). Por conseguinte, o sistema automotivo

é basicamente composto por uma bateria e um alternador, e funciona quase que exclusivamente

quando o motor gira.

O sistema de serviço alimenta principalmente eletrodomésticos e lâmpadas de

iluminação que estão em uso intensivo quando o veículo está parado. Por conseguinte, o sistema de

serviço é basicamente composto por uma bateria e um carregador, e funciona quase que

exclusivamente quando o motor não gira.

Essas diferenças essenciais resultam em equipamentos específicos para cada

sistema.

Para entender melhor como funciona cada sistema, vamos recorrer à clássica

analogia entre circuito elétrico e circuito hidráulico, usando-se os bem conhecidos sistemas de

abastecimento de água nas casas.

Sendo a bateria não mais que um reservatório, podemos representa-la por uma

caixa d’água, porém com a diferença que, ao invés da caixa d’água, a bateria não pode ser

totalmente esvaziada ( abaixo de 11,5V, não há mais um aparelho ligado à bateria de serviço que

funcione ! ).

1 - SISTEMA AUTOMOTIVO ( fig. 8 )

O sistema automotivo foi concebido para funcionar somente quando gira o motor,

baseando-se no fato que não há consumo de energia quando o veículo está parado. O alternador

automotivo gera uma corrente mantida sob tensão constante pelo regulador ( entre 13 V e 14 V,

dependendo do regulador ).

O equivalente hidráulico desse esquema é composto por uma caixa d’água ( =

bateria ), alimentada por água encanada ( = corrente do alternador ), cujo nível está mantido

constante por uma clássica válvula de bóia ( = regulador de tensão ).

Funcionamento do sistema hidráulico :

Logo que se abra a torneira, o nível da água na caixa abaixa, puxando a

bóia para baixo, que, pela alavanca, abra a válvula, permitindo a entrada da água da

rede urbana. Assim, a água consumida na torneira está diretamente suprida pela

água da rede urbana. O nível da água na caixa varia muito pouco ; a reserva na

caixa só serve para regularizar a pressão da água na torneira. É um sistema

 

Funcionamento do sistema elétrico :

Quando o motor está ligado, toda a energia consumida está gerada pelo

alternador e não pela bateria. Fora gerar a forte amperagem para a partida do motor,

a bateria serve para estabilizar a tensão no circuito. O nível de carga na bateria fica

constante em aprox. 70% da capacidade nominal. A reserve serve quando o motor

está parado, preferencialmente por pouco tempo, ou quando quebrar o alternador.

2 - SISTEMA DE SERVIÇO ( fig. 9 )

Pela definição, o sistema de serviço funciona quando o motor está parado, seja

quando não há uma fonte permanente de energia. Daí a necessidade de se ter uma reserva de

energia. Tal sistema é convenientemente ilustrado por uma casa alimentada pela água de um poço,

onde a caixa d’água é o equivalente da bateria, a bomba de poço o equivalente do carregador e o

poço o equivalente de uma fonte de energia ( gerador ou rede ).

O funcionamento desse sistema é descontínuo : comporta duas fases. A primeira

consiste em encher o reservatório ( bateria ou caixa d’água ) logo que se tem a possibilidade,

geralmente programada, de fazê-lo, a segunda em usar a reserva constituída na fase anterior.

Funcionamento do sistema hidráulico :

Quando a caixa d’água está vazia, a bomba se liga ( automatica- ou

manualmente ) e enche a caixa até o limite máximo ; então se desliga. A freqüência

e a duração desta fase dependem do volume útil da caixa d’água e da regularidade

do abastecimento da casa em eletricidade. A reserva útil na caixa d’água deve ser

calculada para abastecer a casa durante o período mais longo previsível quando a

bomba permanecer desligada.

Funcionamento do sistema elétrico :

Quando o veículo tem acesso a uma fonte de energia ( tomada de cais

ou do camping, gerador ), aproveita-se para encher a bateria de serviço através do

carregador. A capacidade do banco de baterias de serviço deve ser calculada em

função do consumo previsto durante os períodos quando o veículo fica fora do

alcance de uma fonte (especialmente quando não há um gerador a bordo ).

Sendo esse funcionamento, percebe-se a importância de ter uma bomba ( =

carregador ou alternador especial ) que possa encher a caixa ( = bateria ) no tempo mínimo. No caso

do carregador “inteligente” ou do alternador especial, já vemos que em duas horas, esses aparelhos

podem carregar uma bateria até 80%. Durante essa fase, a tensão de carga não fica constante como

no alternador automotivo, mas cresce até 14,4V ( fig.1 ).

Praticamente, o nível de carga na bateria de serviço ( = na caixa d’água ) não fica

constante mas varia entre dois valores : 50% da carga nominal quando a carga útil está esgotada, e

aprox. 80% após duas horas de carga. A faixa de carga útil é de aprox. 30%, o que torna o sistema

bastante eficiente ; a experiência mostrou que esse valor de 30% é o melhor para obter a vida útil

máxima das baterias (aprox. 500 ciclos). Todavia não podemos esquecer que é necessário encher a

bateria até 100% pelo menos uma vez por mês para que a mesma não perdesse a capacidade

original e sofresse uma redução da carga útil.

3 - USANDO O SISTEMA AUTOMOTIVO COMO SISTEMA DE SERVIÇO

Sabendo como funcionam os dois sistemas, é fácil ver que as características do

alternador automotivo ( Primeira Parte, § 3 ) não correspondem às exigidas para carregar a bateria

de serviço. Lembramos por que :

 

1. A tensão máxima de carga atingida pelo alternador é baixa demais, entre 13 e 14V,

enquanto deveria ser entre 14,4 e 15,2 V. Isso não permite carregar a bateria a mais

que 70% e, ademais, depois de muitas horas,

2. O alternador automotivo gera a corrente nominal pela qual foi construído, que pode

ser em muitos casos acima dos 25% da capacidade da bateria de serviço. Nessa

condição a bateria pouco carrega (ver Segunda Parte, § 3-C).

Isso posto, vamos ver por que as “soluções” usualmente preconizadas não são muito

satisfatórias

A. Instale um segundo alternador

Essa “solução” eqüivale em aumentar a corrente de carga.

Vemos que não se pode usar amperagens superiores a 25% da carga nominal da

bateria para evitar o fenômeno da “falsa tensão bloqueadora”. Nos barcos, é comum ver um

alternador de 50 A ligado a uma bateria de serviço de 100A. Nessas condições, o fenômeno logo

aparece, e, após uns 10 minutos, a bateria não consegue armazenar um só Ampère. Aumentar a

corrente, ao invés de melhorar, piora a situação : a “falsa tensão” sobe mais rápido e bloqueia a

carga ainda mais cedo.

B. Ponha um alternador mais potente

O efeito dessa “solução” é o mesmo do caso anterior : aumentar a corrente de carga,

com os resultados decepcionantes que agora sabemos.

C. Amplie o banco de bateria

Constitui em muitos casos a melhor solução, desde que a capacidade do banco de

bateria seja compatível com a potência do alternador. Geralmente, a ampliação do banco de bateria

é tímida demais para surtir efeitos. Vejamos o que acontece :

Exemplo 1 : um barco tem uma bateria de serviço de 100Ah e um alternador de 50A sob a tenção

13,8V. A corrente de carga inicial representa 50% da capacidade nominal da bateria.

Nessas condições, sabemos que a “falsa tensão” sobe rapidamente até bloquear a carga.

Após uma ou duas horas, dificilmente a bateria terá armazenado uns 10Ah. É muito pouco

!

Exemplo 2 : no mesmo barco, a bateria de 100 Ah é substituída por uma de 200 Ah. Agora a corrente

inicial de carga satisfaz a condição-limite dos 25% da capacidade nominal da bateria e

podemos esperar carregar até os 70% prometidos. Infelizmente, o tempo necessário para

atingir este resultado seria demasiado. Sendo o barco na poita, não é realista manter o

motor na marcha lenta a noite inteira para repor apenas 20 Ah, mas se navegar uma

média de 10 horas por dia a carga gerada pelo alternador será significativa.

Exemplo 3 : substituímos agora a bateria de 200Ah por uma de 500Ah : a corrente inicial de carga

corresponde a 10% da capacidade nominal da bateria. A ”falsa tensão” fica baixa e não

se opõe mais à corrente de carga, cujo valor se estabiliza em aproximadamente 40A. Em

três horas as baterias terão armazenado uns 100Ah. O ganho em relação à situação

anterior é evidente.

Esses exemplos mostram que a solução correta para carregar usando um alternador

automotivo é aumentar drasticamente a capacidade do banco de bateria ( ou escolher um alternador

menos potente ) até obter a relação de aproximadamente 1/10 entre a corrente do alternador e a

capacidade nominal do banco de bateria.

 

4 - CASO DAS CARGAS LENTA E RÁPIDA

Esses tipos de carga se aplicam somente à baterias abertas ( não seladas ) por

causa da perda de água que proporcionam, e da necessidade subseqüente de repor essa água.

Antigamente, essas cargas se faziam usando um carregador manual, com todos os defeitos

apontados na Primeira Parte ; agora existem carregadores semi-automáticos especiais para esses

fins mas, infelizmente, com os mesmos defeitos.

A. “Carga lenta”

A “carga lenta” consiste em ajustar inicialmente a corrente do carregador num valor

bem baixo, entre 2 e 5A, independente da capacidade da bateria, e manter mais ou menos este valor

girando o botão de regulagem, até a tensão atingir os fatídicos 14,4V quando o eletrólito começa a

borbulhar. Trata-se afinal da primeira etapa do processo de carga descrito na Primeira Parte §1, que

permite, de fato, carregar a bateria até quase 100%. Pode demorar até dois dias. Isso é a teoria.

Na prática, não há fiscalização permanente possível e usa-se carregadores

semi-automáticos, ajustados de fábrica, que nem sempre têm um botão para regular a corrente.

Deixa-se o carregador ligado à bateria durante 24 horas, sem fiscalização. Depois de umas horas de

carga, a bateria fica borbulhando tranqüilamente. Nessa altura, sabemos que a bateria não

armazena mais nada, só perde água. Podemos supor que nos melhores dos casos a bateria pode

ser carregada até 70% da sua capacidade nominal, o que é suficiente para uma bateria automotiva,

mas não convém para baterias de serviço.

B. “Carga rápida”

A “carga rápida” consiste em submeter a bateria a uma corrente extremamente forte,

até maior que a capacidade da mesma, e desligar o carregador logo que a bateria ficar quente,

teoricamente quando atingir 60°C, mas freqüentemente fica ao critério do operador.

Vemos que uma corrente alta provoca a aparição da “falsa tensão” que iguala

rapidamente a tensão do carregador e anula a própria corrente, mas pode-se manter uma corrente

alta aplicando uma tensão sempre mais alta, acima dos 14,4V, girando o botão de regulagem.

Sob uma corrente muito forte, o eletrólito não demora a borbulhar violentamente, o

que o homogeneíza e permite a difusão rápida das moléculas de SO4H2 que são produzidas em

grande quantidade. A bateria consegue armazenar energia em pouco tempo mas os efeitos são

devastadores e a danificam a tal ponto que sua vida útil se encontra drasticamente encurtada : a

corrente alta provoca uma elevação de temperatura que deforma e fissura as placas, favorecendo

ainda mais a ação abrasiva do borbulho sobre os materiais ativos.

 

CONCLUSÃO

Existem diversos tipos de bateria, desde a pequena pastilha de uma calculadora de

bolso até as potentes baterias estacionárias de telefonia fixa. Cada um resulta de uma tecnologia

diferente e tem aplicações especificas. Certas baterias estão recarregáveis, outras não ; certas são

“abertas” ( com tampinhas para acrescentar água cada vez que for preciso ), outras seladas ; certas

têm eletrólito líquido, outras gelificado...só para falar dos tipos mais comuns.

Nessa diversidade, é preciso escolher o tipo que corresponda ao uso. Uma bateria

de serviço é necessariamente diferente de um bateria automotiva. Para o serviço, convém usar

baterias “cicláveis” ( = “descarga semi-profunda” ou “reserva de energia” ). A bateria automotiva deve

ser reservada ao uso automotivo (partida dos motores e alimentação dos equipamentos de

navegação, exclusivamente usados quando gira um motor ).

Também, a cada tipo de bateria corresponde um carregador específico.

É importante lembrar-se do seguinte :

– o alternador automotivo não foi concebido para carregar a bateria de serviço,

– uma bateria não usada deve ser mantida carregada,

– é a escolha do carregador certo ou errado que fará o capitão feliz ou aborrecido

 

 

 

 

  

 

 

 

 

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