A história do surgimento município de Cavalcante
mistura-se com a história do estado de Goiás. Para compreender os motivos que
trouxeram os primeiros "colonizadores" para estas terras é
necessário um mergulho no período das bandeiras. A bandeira era uma expedição
organizada militarmente, e também uma espécie de sociedade comercial. A
bandeira que recebeu os méritos de descobridores de Goiás foi liderada por
Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido por Anhangüera. Numa das voltas da
bandeira, quando já lhe restavam poucos companheiros, descobriu ouro nas
cabeceiras do Rio Vermelho, tornando-se a primeira região a ser ocupada.
Fundou-se o arraial de Sant’Ana, que depois seria chamado Vila Boa, e mais
tarde, Cidade de Goiás, sendo durante 200 anos a capital do território. O
povoamento determinado pela mineração de ouro é dos mais irregulares e
instáveis, sem nenhuma ordem. Quando o ouro se esgota, os mineiros mudam-se
para outro lugar e a povoação definha ou desaparece.
Ao longo do século XVIII, graças à expansão do
bandeirismo e à catequese jesuítica, estabeleceu-se ampla linha de
penetração: uma oriunda do Norte que, pela via fluvial do Tocantins penetrou
a porção setentrional de Goiás; e outra, paulista, advinda principalmente do
Centro-Sul. Vários povoamentos surgiram na primeira metade do século XVIII,
ao longo dos caminhos que demandavam a Bahia, mais ao Norte, na bacia do
Tocantins, localizaram-se diversos núcleos populacionais, entre eles o
arraial de Cavalcante.
Recentemente um novo ciclo povoador teve início no
nordeste goiano. Trazidos de diversas partes do país os novos colonizadores
também vêm em busca das riquezas naturais, porém desta vez a ordem é não
destruir, não retirar nada, apenas contemplar e ajudar a preservar. A
indústria do turismo e, em especial, a do ecoturismo é vista como uma das
únicas possibilidades de sustentabilidade para esta região.
Neste contexto Cavalcante aparece como sendo o
novo pólo de desenvolvimento de ecoturismo, pois alia uma natureza
praticamente intocada, repleta de locais de beleza singular, aos aspectos
culturais da região cujas raízes remontam ao início do desbravamento desta
porção do território brasileiro.
Com o descobrimento de ouro, Cavalcante ainda
lembra a arquitetura colonial da recessão pós-aurífera. A 330km de Brasília,
por asfalto, esconde em sua volta cachoeiras, riachos e trilhas. Atravessando
a serra, chega-se a fontes de águas termais que deram nome a uma extinta vila
mineradora - Água Quente, de 1733. Cavalcante, que foi sede de comarca na
época colonial e na Independência ficaria por algum tempo do lado dos portugueses
da Bahia, hoje dispõe de poucas pensões e casas de refeição. O fluxo de
turismo ecológico cresce lentamente, vindo por Alto Paraíso, a 100km. Por
estrada de terra que contorna o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros,
liga-se a Colinas do Sul e ao lago de Serra da Mesa.
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