Como é lógico supor, Juiz de Fora no início era só mato, uma
quase tapera (lugar abandonado, em tupi-guarani). Foi na
Tapera Baixa, aliás, onde estão hoje os bairros Santa
Terezinha e Bonfim, que nasceu a cidade. O local serviu para
a fundação do povoado da Rocinha pelo bandeirante Garcia
Rodrigues Paes. Garcia era filho de Fernão Dias, o célebre
desbravador das terras mineiras, e chegou ao lado esquerdo
do Paraibuna na primeira metade do século XVIII. Lá foi
construída mais tarde a Fazenda do Alcaide-mor, Thomé Corrêa
Vasques, genro de Garcia. Depois de abandonada a fazenda
passou a se chamar Tapera. Uma parte dela existe até hoje e
é considerada a construção mais antiga de Juiz de Fora (rua
Alencar Tristão). Em 1820 era criado o povoado de Santo
Antônio do Paraibuna. Trinta anos depois a Vila passou à
cidade e em 1865 recebeu o nome definitivo de Juiz de Fora.
Segundo o ex-professor Wilson de Lima Bastos (já falecido),
o nome da cidade é uma menção à casa do Juiz de Fora, o qual
supõe-se seria Bustamante de Sá. O título é de origem
portuguesa e remonta à época do rei D. Fernando. Para ele a
designação "de fora" vem de "fórum" e não de "fora", como
acreditam alguns. Mesmo assim o termo guarda alguma relação;
os juízes eram estrangeiros e nomeados pela Coroa, o que
garantia uma suposta isenção nas deliberações. A casa do
Juiz de Fora foi demolida em meados deste século. Os
caminhos se cruzaram e desenharam a história e o destino de
Juiz de Fora. Tudo começou com o Caminho Novo, que tornou
mais rápida a comunicação entre as minas de ouro e o porto
do Rio de Janeiro. Em 1835 um engenheiro alemão, Henrique
Halfeld, construiu a Estrada do Paraibuna, que fazia parte
de um projeto muito mais amplo que pretendia ligar Vila Rica
(atual Ouro Preto) ao Rio de Janeiro. Esta estrada
desempenhou um importante papel no desenvolvimento da
cidade. Por ela passa hoje a Avenida Rio Branco, a principal
de Juiz de Fora. Halfeld é considerado, por estes e outros
feitos, um de seus fundadores. Em 1861 é inaugurada, com a
presença do Imperador D. Pedro II, a estrada União e
Indústria, considerada uma das mais modernas do mundo na
época. O percurso, de 144 Km, ligava Juiz de Fora a
Petrópolis e servia para escoar a produção de café. Foi o
café aliás que patrocinou muito do pioneirismo dos homens de
Juiz de Fora. De pequena a cidade foi conduzida ao título de
mais importante do estado, condição que ostentou por uns 40
anos. |