A fundação da cidade do Rio de Janeiro está diretamente articulada ao quadro
de disputas mercantilistas no decorrer do século XVI, quando as metrópoles
européias lutavam entre si pela conquista de novas áreas de exploração
econômica.
Nos primeiros anos após ter tomado posse das terras brasileiras, a Coroa
portuguesa limitou-se a estabelecer feitorias próximas às áreas de extração
de pau-brasil.
A notícia da existência do produto no Brasil atraiu a afluência de franceses
que, aliando-se aos tupinambás, iniciaram sua exploração clandestina,
estabelecendo-se como concorrentes dos portugueses no comércio do
pau-brasil.
A presença dos franceses na costa brasileira tomou dimensões mais graves a
partir do momento em que eles, com objetivos de expansão e fixação
político-religiosas, decidiram fundar uma colônia (a "França Antártica") no Rio
de Janeiro.
Após alguns anos de conflito entre portugueses e franceses, Portugal conseguiu
retomar a supremacia sobre seus domínios coloniais. Contudo, a vulnerabilidade
da cidade diante da Baía de Guanabara, forçou a preocupação das autoridades com
a fortificação da área.
O morro de São Januário (posteriormente chamado morro do Castelo) constituiu o
sítio inicial de povoamento não só por oferecer maior segurança a seus
habitantes contra ameaças externas , mas também por se apresentar como lugar
mais propício ante pântanos, brejos e lagos que cobriam a cidade.
No final do século XVII, a descoberta de ouro na região das Gerais deu novo
contorno ao processo de expansão urbana do Rio de Janeiro que, a partir de 1701,
passou a constituir o principal porto de escoamento da produção aurífera e de
abastecimento dos centros mineradores.
Em 1763, a cidade foi elevada à condição de capital da colônia. Crescia, assim,
sua importância política e administrativa perante a Coroa portuguesa,
projetando-se como principal centro urbano da colônia.
A transferência da corte para o Rio de Janeiro, em 1808, motivada pelas guerras
napoleônicas na Europa, deu início a uma nova etapa na história da cidade.
A abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal decretada por D.
João VI, provocou a intensificação do movimento comercial no porto do Rio de
Janeiro onde inúmeros produtos estrangeiros passaram a circular livremente
(sobretudo os de origem inglesa), comprometendo a vigência do pacto colonial
mantido até então.
Nas primeiras décadas do século XIX, o café afirmou-se como o principal produto
de exportação do Brasil.
A região do Vale do Paraíba destacava-se como área privilegiada no cultivo do
produto que se desenvolvia graças ao emprego efetivo de mão-de-obra escrava.
A capital do Império constituía o centro de escoamento da produção cafeeira que,
a partir da segunda metade do século XIX, ganhou maior rapidez graças ao advento
das ferrovias.
Além das ferrovias, outras transformações se faziam sentir na rotina da corte: a
difusão dos primeiros núcleos industriais na área do centro da cidade, a
iluminação a gás, os bondes à tração animal.
As duas últimas décadas do século marcaram a crise de hegemonia do poder
monárquico. Vários fatores, consubstanciados, concorreram para o processo
gradual de liquidação do regime que se apoiava, sobretudo, no arcabouço
escravista, na produção cafeeira e no apoio político dos "barões" de café. Com o
processo de esgotamento do solo na região do Vale do Paraíba e a conseqüente
queda da produção, além da crise do sistema escravista (cuja reprodução se
encontrava comprometida desde a decretação do fim do tráfico intercontinental em
1850), o regime entrou num processo de desgaste crescente.. A abolição da
escravatura (que, na verdade, veio a oficializar uma estrutura em processo
adiantado e irreversível de decomposição), em 1888, desferiu o golpe definitivo
sobre os cafeicultores do Vale que, por sua vez, responderam com a retirada de
qualquer apoio político à Monarquia.
Neste contexto, o golpe militar de 15 de novembro de 1889, impôs o regime
republicano, permanecendo a cidade como sede política federal.
Apesar da nova ordem, o Rio de Janeiro mantinha graves problemas como a
criminalidade, o desemprego, a falta de saneamento, de moradia e higiene. As
péssimas condições de vida da população contribuíam para as constantes epidemias
de varíola, febre amarela, malária e tuberculose. Diante deste quadro,
constatava-se a inadequação da realidade vivida na capital da República ao ideal
de progresso almejado. A cidade era pestilenta e fragmentada, o que dificultava
a implementação de uma ordem "legitimamente" republicana.
Ao assumir, em 1903, a prefeitura da cidade, Francisco Pereira Passos promoveu
várias obras de embelezamento e de saneamento com o intuito de amenizar o quadro
de miséria e atraso e projetar positivamente a cidade. Foram abertas avenidas,
jardins foram criados ou reformados, um novo porto foi edificado, vários
cortiços e casa de cômodos foram abaixo como estratégia para expulsar a
população pobre para os subúrbios ou áreas marginais do centro da cidade.
O caráter misto do centro do Rio converteu-se em área privilegiada para
operações comerciais e financeiras. Sua aparência, regenerada, o tornava, na
concepção de seus administradores, moderno. No entanto, as contradições nos mais
diversos campos e temáticas permaneceram: a cidade "moderna" convive, até hoje,
com velhas estruturas dos tempos de outrora.
Em 1960, com a transferência da capital federal para Brasília, o antigo Distrito
Federal passou a constituir o Estado da Guanabara.
Ao longo do período republicano, a cidade do Rio de Janeiro tem se afirmado como
grande centro político e cultural do país, apesar de, em 1960, ter deixado de
ser capital federal.
A Fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro - estabelecida pela Lei
Complementar nº. 20, de 1º. de julho de 1974-, tornou a cidade do Rio de Janeiro
capital do novo Estado.
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