São Sebastião é a cidade mais antiga do Litoral Norte.
Antes da colonização portuguesa, a região de São Sebastião
era ocupada por índios Tupinambás ao norte e Tupiniquins ao
sul, sendo a serra de Boiçucanga - 30 km ao sul de São
Sebastião - uma divisa natural das terras das tribos. O
município recebeu este nome em homenagem ao santo do dia em
que passou ao largo da Ilha de São Sebastião - hoje Ilhabela
a expedição de Américo Vespúcio: 20 de janeiro de 1502.
A ocupação portuguesa ocorre com o início da História do
Brasil, após a divisão do território em Capitanias
Hereditárias. Diogo de Unhate, Diogo Dias, João de Abreu,
Gonçalo Pedroso e Francisco de Escobar Ortiz foram os
sesmeiros que iniciaram a povoação, desenvolvendo o local
com agricultura e pesca. Nesta época a região contava com
dezenas de engenhos de cana de açúcar, responsáveis por um
maior desenvolvimento econômico e a caracterização como
núcleo habitacional e político. Isto possibilitou a
emancipação político-administrativa de São Sebastião em 16
de março de 1636.
Em 1639, foi elevada à categoria de Vila, tornando-se parte
ativa do sistema colonial. O povoado da ilha só seria
elevado à Vila em 1806, com o nome Vila Bela da Princesa.
As primeiras ordens religiosas a se estabelecerem em São
Sebastião foram: a Franciscana, que em 1650-59 fundou no
bairro de São Francisco, o Convento de Nossa Senhora do
Amparo, e a Carmelita, que pela época, se estabeleceu na
fazenda do Guaecá.
O desenvolvimento da região levou à ampliação do clero
secular, formado principalmente, pelos filhos das mais
importantes famílias da região. Ergueram-se então as capelas
de São Gonçalo e nossa Senhora da Conceição de Boissucanga.
Em 1722, descobriu-se ouro em São Sebastião, mas por sua
pequena quantidade. não teve importância para o
desenvolvimento da ilha. Com o apogeu da extração de metais
preciosos nas Minas Gerais, entre 1720 e 1780, São Sebastião
conheceu um período de enriquecimento, em função do
movimento do porto, que além de escoadouro legal do ouro
vindo de Minas, tornou-se centro ativo de contrabando. O
fornecimento de gêneros alimentícios necessários a população
mineira deu grande impulso a agricultura.
Sua vida cultural era desvinculada de qualquer escolaridade
oficial. A primeira escola publica para o ensino primário
foi criada apenas em 1811. Até então, as primeiras letras
eram ensinadas por padres e alguns professores particulares.
Os primeiros habitantes: Os Índios
Antes da chegada dos portugueses, toda a costa brasileira
era habitada por índios da raça Tupi, que haviam expulsado
para o interior as tribos inimigas. Nesta região os índios
denominavam-se Tupinambás, que viviam nas terras ao norte; e
Tupiniquins, que viviam nas terras ao sul de São Sebastião.
A praia de Boiçucanga era a divisa natural das terras das
tribos, divisa respeitada por ambas as tribos, apesar de não
existirem muros ou cercas, esses índios eram incapazes de
guerrear por questão de limite. Praticavam a antropofagia
(comer o seu inimigo). Devido ao seu espírito destemido, se
entrassem em guerra a honra consistia em prender e matar
muitos inimigos, dos quais herdavam o nome. Esses índios
mantinham guerra constante porque mais de um século antes os
Tupiniquins haviam aprisionado um índio da tribo Tupinambá.
Para se vingar da ofensa os Tupinambás aprisionaram e
devoravam não se sabe quantos da tribo Tupiniquim, que
entendeu que devia vingar-se novamente. Assim perdurou por
muito tempo a luta entre as tribos.
As duas tribos eram compostas por índios que moravam em
aldeias onde as ocas eram de madeira, cobertas de palha, sem
nenhum repartimento. Dormiam em redes sendo em que cada oca,
ficavam de 30 a 40 índios. Andavam nus, pintados e
ornamentados. Na tribo Tupinambá, os homens usavam o lábio
inferior perfurado por um anel com pedra verde ornando-se
com dois molhos de penas. Os Tupiniquins não eram
diferentes, usavam muita ornamentação. As ocas eram
geralmente edificadas em grandes esplanadas nas vizinhanças
de um rio, expostas aos ventos. Cercavam-nas às vezes,
grandes paliçadas circulares, construídas com fortes troncos
e resistentes achas de madeira. A paliçada servia como uma
trincheira e, algumas tinham por fora um fosso cujo fundo
era cheio de farpas agudas.
Sobreviviam da caça e da pesca. Era na Mata Atlântica que
encontravam alimentos necessários à sua sobrevivência:
frutas, palmito, pequenos animais etc. Eram exímios
canoeiros e pescadores. Muitas vezes se deslocavam para o
interior viajando a pé pelas trilhas da Serra do Mar.
As lutas entre as duas tribos se intensificaram depois da
vinda dos portugueses. Estes necessitando de mão-de-obra,
iniciam o bandeirismo de apresamento, que consistia em
capturar índios e vendê-los como escravos nos engenhos
nordestinos. Os Tupiniquins se aliam aos portugueses para
auxiliar na captura. Os índios Tupinambás, por serem
vizinhos e inimigos dos Tupiniquins, são os que mais
sofreram perseguição. A praia de Boiçucanga foi palco de
inúmeras lutas entre as duas tribos.
A partir de 1558 índios chefiados pela tribo Tupinambá,
aliados a outras tribos, formam a Confederação dos Tamoios a
fim de combater a escravidão a que estavam submetidos. Os
Tupiniquins fogem perseguidos pelos Tupinambás. Estes também
se afastaram seguindo os franceses rumo ao Maranhão.
Atualmente existem agrupamentos indígenas em Boracéia e
Barra do Una. São índios da tribo Guarani que viviam no
interior do Brasil e vieram para o litoral bem mais tarde.
Fonte: citybrazil.com.br |