DIÁRO DE BORDO
ACESSAR O DIÁRIO
Acessando o diário no link acima, você terá acesso a
toda a saga da família e suas aventuras. Boa viagem...
Olá amigos
da Família Goldschmidt. É com grande alegria que desejo
dar a cada um de vocês as boas vindas ao nosso novo
site. Este espaço foi desenvolvido com muito carinho
pelos amigos da Outside e da Ecoviagem, parceiros que
sempre acreditaram no nosso trabalho. Como vocês sabem,
a Família estará iniciando a segunda fase da expedição
Giro Pela América. Esperamos que através deste espaço,
vocês possam acompanhar DIARIAMENTE nossas aventuras
pela América do Sul. Espero poder todos os dias, a
partir de 01 de Novembro, brinda-los com novas
informações e fotos, além de algumas surpresas que
estamos preparando. Suas sugestões e comentários são
muito importantes para nós, não deixe de envia-las. Para
começar (bem), estou colocando as fotos tiradas esta
semana do nosso motorhome Pégaso que acabou de ser
adesivado pela EPS/Pigmentum. Gostaram?
Um abraço de
toda Família Goldschmidt
Peter,
Sandra, Erick e Ingrid
Oi Amigos,
a paritr de
quarta feira estaremos com nosso motorhome, o Pégaso, na
Adventure Sports Fair. Estaremos nos despedindo dos
amigos, pois dia 1º de Novembro partiremos na nossa mais
nova aventura. Espero ve-los lá!
Um abraço
02/11/2002 -
Começou a segunda fase: família na estrada
Olá amigos, finalmente começamos nossa aventura. Às
13:24h saímos do parque do Ibirapuera em São Paulo e nos
dirigimos para Atibaia, onde uma fantástica recepção nos
aguardava. Todos os nossos amigos e parentes estavam
reunidos na Auto R, a concessionária RENAULT da cidade.
Teve até fogos de artifício. Depois dos discursos e
fotos, o Saldanha, um amigo compositor de Atibaia,
mostrou uma música que ele criou para a Família e para o
projeto giro Pela América, ficou muito legal. Agora nós
temos até música-tema! Logo que puder vou
disponibilizá-la no site. Agora estamos em Itu,
visitando nosso amigo Robertinho da Rody Trailer. Depois
de alguns reparos de última hora, vamos seguir para
Minas Gerais, nossa próxima parada. Vamos procurar
atualizar o site diarimente, por isso seria legal se
vocês colocassem nosso site como sua página inicial,
assim poderiam ver sempre onde estamos. Um abraço a
todos e até breve!
04/11/2002 -
Nossa primeira parada!!
Piscina do camping Paineiras, em Itu, interior de SP
Nosso
acampamento
Sandra
conhecendo o camping em uma de nossas Caloi
Veja no mapa
onde estamos agora
Olá amigos, desculpem o sumiço... estávamos em Itu, no
interior de São Paulo. Depois de sairmos de São Paulo
(Parque do Ibirapuera) e de passarmos por Atibaia,
acabamos parando em Itu por duas razões: a primeira é
porque precisávamos dormir. Já fazia quase 10 dias que
não tínhamos uma boa noite de sono. Vocês não imaginam
como os preparativos de última hora nos consumiram. A
segunda razão é que havia ainda alguns detalhes para
serem acertados no nosso motorhome, e o nosso bom amigo
Robertinho, da Rody Trailer se ofereceu para abrir no
domingo e colocou sua equipe ao nosso dispor para os
consertos necessários. O Pégaso apesar do motor novo,
ainda sente o peso da carreta que leva nosso Kangoo e
por isto nossa média horária está em torno dos 50 km/h.
É pouco, eu sei, mais não se esqueçam da história da
lebre e da tartaruga. Devagar, devagar vamos dar a volta
pela América. Ah, por falar em viagem, hoje a nossa
viagem vai ser acompanhada pelo pessoal do programa Auto
Esporte da Rede Globo. Talvez vá ao ar no próximo
domingo. Podem deixar que eu os aviso. Fiquem conosco!
Visitem e divulguem nosso site. Mando as fotos na nossa
estada no Camping Paineiras em Itu, um lugar super
agradável, com muito verde e muita água, pena que não
deu para aproveitar muito. Se quiserem tirar um fim de
semana legal, passe por lá, Vale a pena! Hoje saímos de
Itu em direção a Minas Gerais.
Um abraço e até amanhã!!
06/11/2002 -
Rumo às Minas Gerais
Hoje o dia
foi intenso. Encontramos com a equipe do programa Auto
Esporte, comandado pela apresentadora Silvia Garcia, no
camping Paineiras em Itu. Depois das gravações dentro e
fora da nossa casa (Pégaso), saímos para gravar na
estrada. Aproveitamos que tínhamos mesmo que viajar e
seguimos em direção norte, rumo a nossa próxima parada,
São João Batista do Glória, em Minas Gerais. Está
difícil! Eu cansando e a Sandra afônica desde a saída em
São Paulo. Ela está passando por uma crise de alergia
das “brabas”. As crianças ainda estão cansadas e se
mostram um pouco irritadiças. Basta o Pégaso rodar um
pouco que elas dormem. Gravar, dirigir e ainda dedicar o
tempo restante para por a casa em ordem não tem sido
fácil. Tenho tudo o que preciso dentro do motorhome,
embora não saiba onde cada coisa está. É frustrante!
Para vocês terem uma idéia, estou dormindo em um posto
de gasolina chamado Mococão, são 2 horas da manhã e
ainda não arrumei nem metade do que tinha que arrumar.
Amanha saio as 6:00h. Tenho uma notícia ruim: Ainda
estou com problemas na conexão com a Internet, então
tenham paciência se alguns dias eu falhar com a
atualização do site (como aconteceu nesta semana). Tenho
também uma notícia boa: Acabei de receber um telefonema
do Jorge da SULCOM, para quem estamos testando um
sistema de rastreamento via satélite. Ele me ajudou a
ativar o sistema que agora está funcionando
perfeitamente. Os mapas em anexo são dele. Ainda hoje
devemos chegar no Glória e ai mando mais notícias.
Fuiiiiiiii!
07/11/2002 -
Primeiro dia no `Glória`
Localize no mapa onde estamos agora
Embarcando
na balsa que cruza o Rio Grande
Prefeito de
São João Batista do Glória recepcionando a família na
sede da Prefeitura Municipal
Motorhome
estacionado em frente a Pousada Beira Rio
Família
sendo recebida por mais de 200 pessoas durante a chegada
na praça principal da cidade
Depois de alguns dias de viagem, chegamos hoje na nossa
primeira parada oficial, a bonita e simpática São João
Batista do Glória. O “Glória”, como aprendemos a
chamá-la, é uma cidade com mais de 170 anos de idade,
guardada de um lado pela Serra da Babilônia e por outro
pelo Rio Grande. E foi justamente este rio a nossa
primeira aventura por aqui. Devido ao tamanho do nosso
comboio tivemos alguma dificuldade em entrar na balsa
que cruza o rio. Travessia feita, chegamos na praça
central, onde fomos recebidos pelo prefeito, seus
secretários e uma multidão de pessoas. Foi fantástico!
Depois de um delicioso almoço mineiro, fomos levados
pelo nosso guia, o Marcelo da MONTESA TURISMO, para uma
pousada paradisíaca chamada Beira Rio. Depois de 18 km
de terra, chegamos a uma península na beira do Rio
Grande, coberta de árvores e muito bem cuidada. Fomos
recebidos pela dona Márcia e sua família. Tomamos com
ela um delicioso café da tarde (já estou engordando),
enquanto os sagüis e passarinhos vinham dar uma espiada
no nosso motorhome, as crianças tiveram um merecido
mergulho nas água refrescantes do rio. Eu, a Sandra e o
Marcelo aproveitamos o tempo e planejamos nosso roteiro
para amanhã. O plano é o seguinte: Sair cedinho e
desvendar todos os mistérios da Serra da Babilônia.
Vocês já conhecem ou ouviram falar desta Serra? Caso a
resposta seja não, fiquem ligados aqui, pois a partir de
amanhã vou começar a mostrá-la a vocês.
08/11/2002 -
Mais um pouco do Glória...
Relevo típico da região de serra
Cachoeira da
Maria Augusta
Erick e
Peter nadando em direção a Cachoeira do Tamanduá
Família em
frente a Cachoeira do Tamanduá
Pinturas
rupestres no Paredão do Letreiro
Hoje começamos a descobrir o Glória. A cidade tem 6.000
habitantes e existe há mais de 170 anos. Ela fica entre
o Rio Grande (que se cruza por balsa) e a Serra da
Babilônia. São João Batista do Glória é um lugar
paradisíaco, com uma vegetação de cerrado e uma sucessão
de serras e vales. Nesta expedição, estamos sendo
guiados pelo Marcelo Maldonado da MONTESA TURISMO, uma
agência local. Nossa primeira parada foi no Paredão do
Letreiro, um grande muro de pedra com várias inscrições
rupestres. Um deles até parece um helicóptero
pré-histórico. Pena que passem sempre por aqui vândalos
que insistem em escrever seus nomes sobre as inscrições
milenares. Chamamos estas inscrições de “Inscrições
Idiopestres” em homenagem a seus autores.
Saindo dali, fomos conhecer algumas das muitas
cachoeiras da região. O Marcelo nos contou que são mais
de 130 quedas d’água, cascatas e cachoeiras. Para
conhecer a cachoeira do Tamanduá, fizemos uma pequena
caminhada por cima de lajes de pedras inclinadas, até
que num ponto tivemos que entrar na água e seguir
nadando entre os cânions de pedra. Foi uma aventura
fantástica e recompensadora. A cachoeira é linda. O
Erick subiu e desceu o rio nadando, numa demonstração de
energia e habilidade. Ora parecia um peixe, ora parecia
um jacaré. De lá fomos conhecer a Cachoeira Maria
Augusta e o vale da Babilônia, mais isto eu conto
amanhã.
09/11/2002 -
Novas descobertas
Erick com a papagaia Kika na Pousada da Babilônia
Vista da
Serra de Santa Maria
Vista geral
do Vale da Babilonia com chapadão a esquerda
Sandra
provando doce de leite feito em fogão de cupinzeiro
Flôr do
cerrado
As coisas por aqui estão corridas. Muito para conhecer e
pouco tempo disponível. Não está sendo fácil escrever,
fotografar, filmar, e ainda atualizar diariamente o
site, mas mesmo assim vamos tocando. Estamos conhecendo
muitas pessoas incríveis. Já estou até falando mineiro,
sô! Tudo aqui é “muito bão dimais da conta”. Foi uma
ótima escolha para começar nossa expedição. Já começamos
até a descobrir alguns regionalismos nas palavras e
frases. Veja estas traduções:
Fazer a feira = Fazer compra do mês
Comer a quitanda = Fazer um lanche a tarde com bolos,
pão de queijo, biscoitos, doces e queijos.
Lavar a horta = Lavar o quintal da casa (tenha horta ou
não).
Aprendemos estes termos com o nosso guia, que também nos
levou para o vale e o chapadão da Babilônia. O vale tem
quilômetros de extensão e é bem marcado por duas serras.
Parece um enorme corredor de relva verde pontuado por
fazendas muito antigas, muitas delas transformadas em
pousadas como a da Babilônia, a Pousada Mata do Engenho
e a Boa Esperança, uma das mais antigas da região.
Depois de cruzarmos todo a vale, subimos a serra Branca
(que tem este nome por causa das pedras de quartzo) e
chegamos a um campo de altitude chamada de Chapadão da
Babilônia, um lugar incrível, quase místico. Aqui, neste
lugar isolado a mais de 1.400 metros de altura, reina o
soberano Lobo Guará, acompanhado dos tamanduás, e mais,
por centenas de pássaros. Do alto do chapadão avistamos
a Cascata d´Anta, que fica na Serra da Canastra, não
muito longe dali. Iremos visitá-la na próxima semana.
Até amanhã.
11/11/2002 -
Mais de Minas...
Nossos novos amigos trouxeram um bolo e flores para
Sandra, que aniversariou dia 08/11
Almoço de
Sábado - Galinha caipira no fogão a lenha
Nosso guia
Marcelo e sua toyota `cabrita`
Peter
ocupado com alguns consertos
Cena do vão
da Babilônia
Sexta-feira foi aniversário da Sandra. Para nossa
surpresa, alguns amigos que fizemos aqui no Glória
apareceram com um bolo, flores e juntos fizemos uma
pequena festa. É muito bom se sentir em casa, mesmo fora
de casa. Passamos o dia arrumando alguns detalhes do
ônibus. Apesar de todos os preparativos e de tanta
correria, algumas coisas ficaram por fazer, e vamos
tentar arrumar tudo pelo caminho. O problema é que não
tem sobrado muito tempo.
No sábado, para nós, foi dia de descanso. Como manda
Êxodo 20 (os 10 mandamentos) não trabalhamos neste dia.
Fizemos um pequeno culto e curtimos a natureza e os
amigos. No final da tarde, visitamos um sítio
arqueológico na fazenda do Marcelo Cassoli, nosso guia.
Achamos dezenas de pedaços de cerâmica originários de
índios caiapós que habitaram a região. Há indícios de
que esta cerâmica talvez seja ainda mais antiga. As
crianças aproveitaram e tomaram um bom banho no Rio
Grande que passa bem em frente ao nosso motorhome.
Amanhã teremos mais novidades.
12/11/2002 -
Cachoeiras do Glória
Cachoeira do Quilombo
Cachoeira do
Barulho
Flôr típica
do cerrado...
... outra
espécie exótica...
... uma mais
linda que a outra!
Ontem fomos conhecer mais um pouco deste paraíso que é
S. João Batista do Glória. Seguimos em direção leste
para conhecer três cachoeiras. A primeira, bem
pequenininha, foi a do Fumalzinho. Muitos chamam este
pequeno recanto de “Piscina afrodisíaca”. Entenda
porque: Uma pequena cascata, uma piscina natural, um
pequeno bosque cheio de pássaros e uma pequena clareira
nas árvores por onde o sol desce.
Passamos o topo da serra e descobrimos outra cachoeira,
a do Barulho. A queda d’água de 40 metros de altura
despenca dentro de um cânion e o eco da água caindo nas
pedras sugere o nome do lugar.
Mais para frente, encontramos o que até agora é minha
cachoeira preferida, a cachoeira do Quilombo. Ela tem
este nome devido ao fato de ali perto, por volta do
século XVIII, ter havido um refúgio de escravos. O
passeio começa por uma praia de pedras roliças e segue
por lajes de pedra até o primeiro andar da cachoeira. É
isto mesmo, aqui a cachoeira tem andar. A do Quilombo,
por exemplo, tem três saltos com piscinas naturais entre
elas. Enquanto subimos, passamos por campos recém
atingidos por queimadas. É fantástico como a natureza
teima em resistir à ação devastadora do homem. Bastou
uma pequena chuva para o capim novamente brotar e as
flores do cerrado voltarem a aparecer. Quanto tempo a
terra vai agüentar tanta agressão eu não sei. Por
enquanto, as flores nos mostram que ela ainda é
possível.
Um outro exemplo de agressão é o que acontece com o
Córrego do Lajeado. Uma pedreira (são 38 irregulares
espalhadas pelo Glória) destruiu um dos lados do cânion
que formam o córrego e deixou que toneladas de pedras
caíssem no seu leito. A terrível conseqüência deste ato
nós vimos hoje. O leito do córrego está coberto com mais
de 4 metros de entulho e a pouca água, sem encontrar
saída, passa agora por baixo da terra. As enormes pedras
são levadas pela enxurrada e batem com força contra as
árvores da mata ciliar. Encontramos dezenas de árvores
mortas e outras tantas em vias de morrer. É uma pena que
num paraíso como este, a destruição já tenha chegado.
14/11/2002 -
Saí de casa e me apaixonei pelo Chico
Nascente do rio São Francisco
Ponte sobre
o velho Chico
Cachoeira
Casca D`Anta
Entrada do
Parque Nacional
Encontre no
mapa nossa localização atual
Calma, calma Edna! Calma, calma meu povo! Deixa eu
explicar. Eu continuo casado com a Sandra e a minha
preferência sexual continua a mesma. Na verdade eu, a
Sandra, o Erick e a Ingrid, deixamos nosso motorhome no
Glória e subimos em direção a Serra da Canastra. Lá
conhecemos a nascente do rio São Francisco, o rio da
integração nacional. Adoramos o lugar e viramos fãs do
rio. Entenderam agora?
Nossa base foi em São Roque de Minas, uma cidade de 5
mil habitantes localizada ao pé da serra. Lá fomos
recebidos pela família Barcelos, que tem uma pousada com
o mesmo nome. O seu Luis foi nosso anfitrião e guia, e o
primeiro lugar que nos levou foi para ver a nascente. O
que mais me impressionou neste lugar foi a simplicidade
do nascimento de um rio tão grande e importante. São
pequenos olhos d´água que em poucos metros se juntam em
um tranqüilo regato. Suas águas transparentes, logo
acolhem os primeiros lambaris, que começam uma jornada
de 12 km por cima do chapadão da Canastra em direção
sul. Quando chega na beira do paredão de pedra que
delimita a chapada, o rio São Francisco, que nesta
altura já tem uns 10 metros de largura, despenca em uma
queda livre de 180 metros até o fundo do vale dos
Cândidos, na base da serra. É a queda da Casca d’Anta, a
primeira queda do rio, e o cartão postal do parque
nacional. Ela tem este nome, devido a uma planta que
existe na sua mata ciliar e que tem a propriedade de
curar e cicatrizar feridas. Os antigos dizem que as
Antas que habitavam o local se esfregavam nestas árvores
para curar seus machucados e feridas. Daí o nome da
árvore: Casca d´anta ou Drimys granatensis.
Depois da queda, o São Francisco parece ouvir o chamado
dos seus filhos que habitam o seco nordeste e se volta
primeiro para o leste e depois definitivamente para o
norte. É emocionante pensar que aquela aguinha que vimos
jorrar de dentro da terra, vai percorrer mais de 3 mil
quilômetros, atravessar dezenas de municípios e
alimentar o corpo e a alma de tantos brasileiros. Espero
poder vê-lo de novo em breve, pois se tudo correr bem,
em 3 meses conheceremos a foz do velho Chico, onde,
segundo a fala do povo, ele “sai no meio do mar de
Alagoas”
15/11/2002 -
A Serra da Canastra
Sandra em meio às típicas flores da serra
Produção
artesanal de queijo
Depois de uma tremenda chuva e de uma noite muito bem
dormida, saímos de novo com o Sr. Luis Barcelos, para
conhecer a fauna e a flora do Parque Nacional da Serra
da Canastra. Em 5 horas de passeio NÃO VIMOS o tamanduá,
NÃO VIMOS o lobo-guará, NÃO VIMOS o veado campeiro, NÃO
VIMOS o tatu, e NÃO VIMOS também a ema. Mais não pense
que esta seqüência de NÃO VIMOS estragou nossa viagem.
Apesar da nossa falta de sorte em observar os mamíferos
do parque, tivemos a benção de observar e conhecer uma
dezena de flores e pássaros que habitam a região. No
parque há uma grande polêmica sobre se deve haver ou não
queimadas periódicas nos campos. As vezes o mato cresce
tanto que estas queimadas não só queimam a macega que
cobre a serra, mas também os capões de mato onde se
escondem os animais. Mas independente da polêmica, o que
vimos é que depois da queimada, as flores brotam com sua
força renovada e o alto do chapadão se transforma num
verdadeiro jardim. Este jardim é também habitado por
centenas de pássaros. Eu nunca vi tanto pássaro
diferente junto, só no jardim zoológico. A cada minuto
de percurso se observa uma nova espécie. Não é a toa que
encontramos vários ornitólogos estrangeiros fazendo seus
estudos no parque.
É na serra também, a mais de 1.400 metros de altura, que
se fabrica o exclusivo queijo Canastra, só encontrado na
região. Acontece que as vacas locais comem um tipo
especial de capim, que só existe aqui, e devido a isto
transmitem ao queijo um sabor todo especial.
Por falar em queijo, acho que já comi queijo suficiente
por toda a minha vida. É pão de queijo, doce de queijo,
queijo Canastra, queijo fresco, queijo disto e daquilo.
Só de pão de queijo acho que devo ter comido uns 1.476
quilos só esta semana. Pensam que enjoei? Ainda não. O
problema é que dentro em breve vamos ter que alargar a
porta de entrada do Pégaso, para que a família
“bolaschmidt” consiga passar. Fuiiiiii!
17/11/2002 -
Palestra e visita a Furnas
Olá meus
amigos, já estou com saudades de todos. Completamos
nossa primeira quinzena na estrada e o mundo já parece
girar diferente. A correria continua a mesma, falta
tempo pra tudo, as notícias e a alta do dólar perderam a
importância, mas em compensação, tem cada paisagem..
Hoje estou escrevendo no meu “escritório” no Glória. Da
janela posso ver o Rio Grande que corre tranqüilo,
refletindo as nuvens no céu. O sol está quase se pondo.
Estamos cansados, hoje fomos conhecer a usina de Furnas,
onde apresentamos uma palestra para funcionários e
alunos da escola da usina. Foi muito legal,
principalmente porque depois da palestra fomos conhecer
as instalações. Apesar de antiga, fundada em 1963 (ou é
melhor dizer nova, pois 63 foi o ano que eu nasci) ela
continua em perfeito funcionamento (como eu) gerando
energia para todo o estado de Minas Gerais (idem). Fomos
convidados para conhecer o lago formado pela barragem.
Nos contaram sobre muitas gargantas de pedra e bonitas
cachoeiras, mais não pudemos ir por falta de tempo.
Vocês pensam que é moleza? Só ontem escrevi 25 e-mails
além de preparar duas matérias. Minha lista de “Coisas
para fazer” não pára de crescer, não sei como vou dar
conta de tantos compromissos.
Sábado fomos a igreja como de costume e conhecemos um
pessoal muito simpático. Tivemos que ir a Passos, pois
no Glória não havia igreja Adventista. Está chegando a
hora de ir embora. Outra despedida, mais amigos que
temos que deixar para trás. Por incrível que possa
parecer, não gosto de mudanças. Sou um cara muito
rotineiro. Mas fazer o que? Temos que continuar nosso
Giro e descobrir o que Deus preparou para nós. Temos que
conhecer pessoas, lugares, vencer desafios e aprender
com a vida. Temos que nos acostumar com isto. Por falar
em acostumar, ainda estamos nos adaptando a nova
realidade de espaço no ônibus. Alguns atritos são
inevitáveis, e às vezes a irritação é geral. Para vocês
terem uma idéia da confusão, só na sexta passada
conseguimos descobrir onde está cada coisa no ônibus,
mesmo assim dividimos a tarefa em dois. A Sandra sabe
das coisas da cozinha para trás (quartos e banheiros) e
eu da cozinha para frente (sala. Escritório e
bagageiros). A geladeira dividimos entre nós dois,
hummmmmmmm!
18/11/2002 -
Até logo Glória!
Nosso valente Kangoo atravessa um dos centenas de
mata-burros da região
Vamos sentir
saudades do amigo e guia Marcelo
Uma das mais
belas cachoeiras do Glória, a do Quilombo
O sorriso
maroto de um habitante da região
Sandra e
Ingrid meditando diante da beleza da serra do Letreiro
Chegou o dia de deixar o Glória, um lugar que aprendemos
a amar. Suas lindas paisagens, seus simpáticos
habitantes, suas exuberantes cachoeiras, nossos eternos
amigos. Se tivesse que escolher de novo uma primeira
parada, não gostaria de escolher outro lugar. Posso
dizer que começamos a expedição com “os dois pés
direitos”. Vamos sentir saudades. Mas a saudade é também
uma coisa boa, pois nos faz querer voltar algum dia. As
boas lembranças que levaremos conosco vão ser guardadas
para sempre. Os deliciosos pães de queijo, as gostosas
quitandas, as belas pousadas, as serras verdejantes, os
claros regatos, as estrondosas cascatas, os incontáveis
mata burros, as tardes nos rios, as descobertas no
letreiro, as prosas na roça, as chuvas refrescantes, os
amigos verdadeiros. Não serão as fotografias ou as fitas
de vídeo que nos farão lembrar do Glória, será mais
fácil olhar para dentro de nossos corações, naquele
cantinho secreto, de onde brotarão as lembranças mais
doces deste lindo canto do mundo. Tchau Glória, tchau
amigos, não adeus, só um até logo.
20/11/2002 -
Pains, a capital das cavernas
Peter explorando uma das centenas de cavernas de Pains,
no interior de MG
Espeliotemas
no interior da caverna
Equipe que
nos guiou até a caverna
Depois de algumas horas de viagem a partir do Glória,
chegamos à pequena cidade de Pains, já no centro-oeste
mineiro. A cidade é conhecida como a “Capital das
Cavernas”, afinal, são mais de 200 cavernas conhecidas e
400 já mapeadas. Fomos muito bem recebidos pela Rute e
pelo José Francisco do sítio Quatro Estações. Mal
acabamos de chegar e já saímos na nossa primeira
aventura, fomos visitar a caverna do Jorge, o detalhe,
nossa aventura começou às 10 da noite. Não fez muita
diferença, pois a caverna é escura mesmo. Caminhamos
pela mata cerca de uma hora até a boca da caverna. No
caminho, paramos para provar uma fruta da região,
sugestivamente chamada de Saborosa. É uma delicia mesmo!
Na caverna, a primeira reação foi de espanto diante de
tanta beleza. Eram dezenas de espeliotemas diferentes.
Espeliotemas, como eu recentemente descobri, são as
formações rochosas dentro da caverna. Viu com eu sei
escrever certo? Voltamos às 2 da manhã cheio de lama até
as orelhas, mais felizes da vida. Bom, vou dormir,
amanhã eu conto mais.
21/11/2002 -
Descobrindo Pains
Ingrid e o amiguinho Vinícius junto a um espeliotema
Equipe do
sítio Quatro Estações
Vista
parcial da Pousada
Vinícius,
nosso guia, junto à formação de calcita
Nova
modalidade esportiva: escalada subterrânea
Estamos descobrindo Pains. Descobrimos que a cidade está
em cima de uma das maiores formações de calcário do
mundo, daí a razão para tantas cavernas. O subsolo daqui
é um verdadeiro queijo suíço. Existem cavernas a cada 10
ou 20 metros, um absurdo! A cidade vive uma situação no
mínimo interessante. De um lado as formações de calcário
que produzem este número absurdo de cavernas, e por
outro lado, atraem as mineradoras que dão vida e emprego
a toda região mas entretanto destroem muitas cavernas
com suas explosões. O grande desafio deles é conviver
com os dois lados da moeda. O nosso anfitrião, o José
Francisco do sítio Quatro Estações, é um exemplo disto.
Dono de mineradora há 15 anos, ele transformou sua
fazenda, ao lado da Mina, numa pousada exemplar. Dentro
da propriedade ele possui mais de 50 cavernas, que
explora com cuidado e com extremo respeito ao meio
ambiente. Quisera eu que todos fossem assim. Fomos muito
bem recebidos aqui. Espero que este seja um prenúncio
para muitos que queiram conhecer este lugar. Vai ai o
telefone da pousada: (0xx37)3323-1020.
Hoje fomos visitar mais duas cavernas, uma delas era a
do Paranoá. Fiquei triste! Devido a proximidade da
cidade, a caverna perdeu suas características e seus
espeliotemas e está bem judiada. Trouxe mais tristeza
que alegria.
A segunda porém foi exatamente o contrário. A caverna do
Zizinho é bem afastada do centro e muito pouco
conhecida. Vimos formações bem originais, inclusive
algumas paredes repletas de cristais de calcita.
Conforme direcionávamos a luz, os cristais brilhavam
como pequenos diamantes. Apelidei a caverna de “gruta
dos 7 anões”. Por falar nisto, eu quase virei um. Tomei
um tombo cinematográfico que vai ficar na história. Tive
sorte, mas estou com o “latifúndio” doendo, por isto vou
parar de escrever e dormir de barriga pra baixo. (sem
piadinhas hein!)
22/11/2002 -
Rumo à capital das Minas Gerais
José Francisco do Sítio Quatro Estações se despede da
Família em Pains
Vinícius "di
Caprio", nosso guia
Família
recebida pelo secretário de turismo de Minas Gerais
"Pic-nic" no
gabinete do Secretário
Erick e
Ingrid ficaram "a vontade" demais
Pena que nossa visita a Pains foi tão curta. Queria ter
ficado mais. Meninas, vocês repararam como o Vinicius
(nosso guia) é parecido com aquele cara feio, qual é
mesmo o nome????....... o Leonardo de Caprio! Nos
despedimos deles e de nossos amigos pela manhã (lógico
que depois de um delicioso café da manhã) e seguimos
viagem. A Rute (nossa super assessora, guia, cozinheira
e amiga) pegou carona conosco até a cidade de Formiga.
Nosso destino era Belo Horizonte. Fizemos a viagem
tranqüilos, embora em alguns trechos a MG-050 estivesse
bem ruim. O cansaço bateu nas crianças que dormiram
durante quase todo o trajeto. Acordaram em Betim, onde
fomos recebidos pelo Helio Rabelo da secretaria de
Turismo do Estado de MG e que nos guiou até o centro de
Belo Horizonte. Achei a cidade bonita e tranqüila para
uma capital de estado. O relevo de BH é um pouco
acidentado para quem anda com um veículo tão grande como
o meu, mas nada que assuste. Fomos recebidos pelo
secretário de Turismo, o Sr. Antônio Henrique Borges
Paula e depois de apresentarmos nossa casa, tiramos
várias fotos. As crianças foram adotadas como netas do
Carlos Felipe e Jurandir Persichini dos assessores da
secretaria, que as deixaram muito a vontade (mais do que
deviam ficar). O gabinete do secretário, virou uma sala
de estar com direito a TV, lanche e um momento de relax.
Isto é bem típico de Minas, onde você chega, você se
sente a vontade. Esta é uma das características mais
marcantes deste povo, a simpatia e a hospitalidade.
Obrigado mineiros, por tudo o que têm feito por nós.
Deus os abençõem!
23/11/2002 -
Fatos culturais da terra mineira
Tulio Marques, representante dos tropeiros de BH
Trabalhando
"em casa"
Depois da recepção de ontem, dormimos em um sítio
situado dentro da zona urbana de Belo Horizonte. É o
sítio do Xulica que tem um restaurante chamado Vila
Verde. O Xulica já foi cozinheiro na França e faz pratos
deliciosos. Ainda não sabemos se vamos seguir viagem
para a Serra do Cipó hoje ou amanhã cedinho. Durante
nossa estada em BH, quem nos acompanhou foi o Túlio
Marques, um sujeito muito legal que nos ajudou em muitas
coisas. Ele tem uma chácara aqui ao lado e faz um
trabalho interessante. Há 18 anos, ele mantém viva a
imagem do tropeiro aqui na capital do estado. Ele possui
uma tropa de cavalos selecionados e organiza passeios e
cursos nas serras ao redor da capital. Além de uma
instrução detalhada de como montar, durante a cavalgada
você aprende um pouco sobre a história do tropeirismo e
da sua importância para a região. Passeando pelas matas,
cruzando rios, ouvindo o canto dos pássaros, você nem
percebe que está do lado de uma das maiores capitais do
Brasil e apenas 5 minutos do maior shopping de BH. Se
você vier para cá, contate o Túlio e mande nossas
lembranças. O fone dele é (31) 3344-8986 ou (31)
9983-2356
Inté manhã!
24/11/2002 -
Seguindo em frente...
Pégaso e o valente Kangoo no Camping YMCA
Em compania
com outros campistas
O
"explorador " Peter emerge triunfante de mais uma
cachoeira
Ingrid em
frente a cachoeira Véu da noiva
Detalhe da
fonte do "menino mal educado"
Depois de um dia resolvendo problemas em BH, saímos bem
cedinho em direção ao nosso próximo destino, o distrito
de Cardeal Mota onde está localizado o Parque Nacional
da Serra do Cipó. Saímos de BH com o mapa que o Túlio me
fez, mas ao chegar na estrada, as placas indicativas
acabaram, como conseqüência, nos perdemos. Andamos cerca
de 2 horas por cidadezinhas pequenas, procurando o
caminho certo. O pior é que não podíamos manobrar o
Pégaso em qualquer lugar devido aos seus 18 metros (com
a carreta). Minas é muito bonita e um ótimo lugar para
se visitar, mas a falta de sinalização é gritante. Não
foi a primeira e nem a última vez que notamos isto.
Chegamos às 12 horas no camping da YMCA, um lugar
maravilhoso no pé da serra, gerenciado pelo
competentíssimo Henri e família. Dentro da área do
camping, conhecemos uma linda cachoeira com o nome Véu
da Noiva, cujo poço tem mais de 14 metros de
profundidade. Nadamos pra valer para esquecer o trecho
estressante da viagem. A noite encontramos com o Gesner,
vulgo Gigi e o Everaldo, ambos da Secretaria de Turismo
de Santana do Riacho, que junto conosco fizeram os
planos para os próximos dias. Conto a vocês depois!
25/11/2002 -
Enfim, um dia em casa!
Eu....muito mal!
Ingrid
aproveitando o dia para responder alguns emails de seus
amiguinhos
Sandra e
Erick visitam mais uma cachoeria
casa do
`João de Barro`, na serra do Cipó
Sandra
gravando algumas imagens
Tem uma música do Chico César cuja letra diz mais ou
menos assim: “Às vezes acordo tão Pacífico, outra manhãs
porém me Atlântico...” e eu complemento: “ Outra porém
em nem levantooooooooo.
É, hoje eu e o Erick acordamos com um revertério na
parte intestino-estomacal de nosso delicado corpinho.
Resultado, o dia foi nulo. Ou melhor, um vai e vem para
o banheiro. Nem me perguntem detalhes!
Mas como eu digo, em todo mal, há também algo bom.
Depois de 20 e tantos dias de expedição, foi o primeiro
que pude ficar 100% na minha casa.
Bem, agora vocês me dão licença, pois ..............
26/11/2002 -
Dia de aventuras
Nosso dia
foi o contrário de ontem, super agitado. Aproveitamos a
região do entorno do parque e fizemos várias atividades
radicais. Começamos com um rapel em uma pedreira de
mármore abandonada. Os quatro desceram os trinta metros
da parede sem medo de ser feliz. Eu até abusei um
pouquinho e fiz uma parte de cabeça para baixo. Quem nos
levou foi o Beto Cipoeiro, dono de uma agência local. A
segunda aventura foi também nas alturas. Com o apoio do
Russo, um guia que trabalha com o Beto, descemos uma
tirolesa de 20 metros que aterrisamos no meio do rio
Cipó. Esta já deu um friozinho na barriga. Para terminar
o dia fomos fazer um passeio de caiaque pelo mesmo rio
Cipó. Relaxamos um pouco e tivemos a oportunidade de
observar várias capivaras que vivem nas margens do rio.
Bem, amanhã tem mais.
Obs: Nem mal a viagem começou e já estamos tendo que
tomar uma decisão importante. Estamos pensando, pensando
e não conseguimos chegar a uma conclusão. Já está saindo
até fumaça da cachola. Depois eu conto pra vcs o que
é...
27/11/2002 -
Sobe e desce
Cachoeira Grande, inicio do passeio de caiaque
Erick feliz
com a expedição
Capivara
observa as crianças
Crianças
observam a capivara
Hoje foi dia de botar as coisas em ordem. Roupa pra
lavar, coisas pra guardar e muito para escrever. Tenho
muito para escrever e pouco tempo para isso (e cabeça
também), mas vamos fazendo igual ao Jack estripador,
vamos por partes...
Amanhã sairemos cedo com o pessoal da Brasil Aventura.
Vamos conhecer a terceira maior cachoeira do Brasil, a
do Taboleiro. Vi umas fotos e fiquei apaixonado.
Já estamos colocando novas dicas de viagem no site.
Visitem!
Quanto ao nosso problema, continuo indeciso, mas tenho
que tomar uma decisão hoje. A dificuldade é que qualquer
decisão que tomamos, vai refletir por no mínimo um ano e
meio. É difícil, mas “faz parte”. Como vou saber se
errei, se primeiro eu não tentar acertar. Estão
curiosos? Talvez amanhã eu conte, deixem-me decidir
primeiro. Bye!
29/11/2002 -
Aventura no Tabuleiro
Família em cima da Cachoeira do Tabuleiro
A cobra que
estava em nosso caminho
Continuamos nos aventurando pela Serra do Cipó. Desta
vez fomos convidados pelo Claudinho da Brasil Aventura e
o Gigi da Secretaria de Turismo para conhecer a terceira
maior cachoeira do Brasil, a do Tabuleiro. Já tinham me
falado dela, que era linda e etc e tal, mas toda vez que
eu perguntava quanto tinha que caminhar para chegar até
lá o pessoal me dizia: Três ou quatro horas só para ir.
Pôxa, isto desanima qualquer um! Mas meu amigo Claudinho
deu um jeitinho e nos levou até bem perto do local, há
somente uma hora de caminha (depois de 1 e meia de 4x4).
Já antes de chegar a cachoeira, já estava extasiado. A
trilha, principalmente quando ela entra pelo cânion
formado pelo rio, é fantástica. É uma sucessão de
cascatas e quedas d´água, uma mais bonita que a outra,
intercalada por poços de água transparente e cercada por
flores e arbustos. Junto com a gente estava a cadela
Maria Tereza (Tetê para os íntimos). Foi ela que nos
avisou de uma cobra no caminho, que quase picou o Gigi.
Apesar dos perigos, a beleza era tanta que não dava
vontade de seguir adiante. Relutante, após parar para
nadar em 3 piscinas naturais, descemos todo o cânion e
chegamos no alto da cachoeira com 270 metros de altura.
Não teve jeito, deitamos na beira do precipício e
ficamos quase uma hora admirando tanto a força da água
que descia até o poço lá embaixo, como também toda a
paisagem ao nosso redor, que era magnífica. Aí eu me
empolguei. Apesar de cansado (especialmente por ter
carregado todo o equipamento de filmagem e fotografia),
decidi caminhar mais meia hora e ver a cachoeira de
frente. Valeu o esforço! Uma visão única! A água cai de
tão alto que no meio do caminho é desviada pelo vento
formando curvas no ar. Cheguei a ver uma foto onde a
água caia a mais de 100 metros da base da cachoeira por
causa do vento forte. Hoje, ela chegava nos pés do
penhasco, mas quase em forma de vapor.
Depois da visão, o chão (escrevi só para rimar). Foi
cansativo, mas valeu. Recomendo a todos.
30/11/2002 -
O adeus a Serra do Cipó
Kangoo usa o rack Thule para levar as bibicletas da
família
Trilha entre
matas e fazendas
Chegada a
fazenda Cipó Velho
Sandra
admira a beleza do lugar, sentada na sua Caloi
Sempre-viva,
uma das belas flores da Serra do Cipó
Hoje começamos a arrumar a casa para seguir viagem.
Vamos embora amanhã. Não dá vontade de partir. A Serra
do Cipó é super tranqüila e a natureza exuberante.
Ficamos no camping Véu da Noiva praticamente sozinhos,
dormindo ao som da cachoeira. O Gigi resumiu muito bem a
vida aqui na serra: “A hora do almoço? É quando dá fome;
A hora de dormir? É quando dá sono; A hora de trabalhar?
É quando dá vontade; A hora de beber? O dia todo.
Grannnnde Gigi!
Por ser nosso último dia na serra, resolvemos por as
pernas para funcionar. Pegamos as CALOI e saímos
pedalando pelas fazendas da região. Seguimos uma trilha
muito bonita que atravessava o rio Cipó e chegamos na
fazenda mais velha da região: a Cipó Velho. Contam que,
desde meados de 1700, as pessoas paravam aqui para
pousar. Chegamos na hora da “reza do terço” e
aproveitamos que todos estavam ausentes para fotografar
o local. Na volta, o Erick resolveu ir de bicicleta até
o Camping, mais 5 quilômetros. Chegou mortinho, mas
feliz.
De noite, quase que por coincidência, encontramos com
todos os nossos novos amigos no restaurante Taverna e
nos despedimos. Tchau Gigi, Claudino, Tetê, Lilo,
Everton, Russo, Henri. Tchau maravilhosa Serra do Cipó!
01/12/2002 -
Nosso primeiro grande desafio Pégaso e Carretinha- pela
última vez juntos Ingrid e a corajosa Teté (a Teté é a
de óculos) Peter fotografa uma Sempre-viva - obrigado
Beephoto Família Goldschmidt junto com o Claudinho da
Brasil Aventura Gigi, nosso anfitrião, e a Teté Lembra
das decisões que falei que tínhamos que tomar? Pois é,
tomamos. Deixa eu contar a história desde o inicio. Como
vocês sabem, desde a primeira fase do projeto nós usamos
uma carreta para rebocar o carro de apoio. Acontece que
desde a cidade de Pains, estamos sentindo que as
estradas brasileiras estavam judiando muito da nossa
carretinha. Não são nem os buracos, são mesmo as
imperfeições na pista na forma de grandes lombadas, que
fazem a carreta (e o carro) subir e descer como numa
grande gangorra. Diversas vezes ouvimos a ponta da
carreta bater no chão por causa do balanço excessivo. A
Sandra começou a ficar preocupada e eu também, por isto
resolvemos deixar a carreta na Serra do Cipó (alguém vai
pegar depois) e seguir em carros separados. Eu dirijo o
Pégaso e a Sandra o Kangoo. Liguei para várias pessoas
pedindo opiniões e pensamos em todas as possibilidades:
colocar um cambão, reforçar a carreta, comprar outro
reboque, enfim pensamos em tudo e decidimos que o
problema não é o tipo de reboque, mas o reboque em si.
As opiniões foram válidas, mas somente quem está na
estrada é que pode sentir a gravidade do problema. As
estradas estão muito ruins. Na Patagônia, mesmo com
muita estrada de terra, não enfrentamos este tipo de
problema. Agora, o difícil foi tomar esta decisão,
principalmente porque qualquer decisão que tomarmos
agora, nos afeta pelos próximos 15 meses. Não dá pra
fazer um teste. Ou é, ou não é. Mas como eu sempre digo:
Se não tomar a decisão não dá pra saber se ela foi a
certa ou a errada. Só o tempo vai dizer se acertamos ou
não. Considero este nosso primeiro grande desafio. Para
vocês pode parecer uma coisa insignificante, mas para
nós foi uma verdadeira batalha. Orem por nós.
02/12/2002 -
Estrada e saudades
Nossa parada "divina" por esta noite na BR-262
Sandra,
Shirley e a cozinheira Luciana
As crianças
brincam com o Seu José na mesa de bilhar
Sandra
presenteia dona Shirley com o livro da nossa primeira
expedição
Sandra e os
jambos "habitados"
Saímos da Serra do Cipó separados. Ela no Kangoo e eu no
Pégaso (nosso motorhome). Seguimos para Belo Horizonte e
depois em direção a Alto Caparaó. A velocidade média
subiu de 50 km/h para quase 70 km/h. Esta foi a primeira
vantagem de deixar a carreta. Ganhamos também mais
segurança, mais agilidade, mais rapidez para filmar e
fotografar, forçamos menos o motor do Pégaso e
diminuímos os riscos. As desvantagens são que agora,
durante os dias de viagem, eu fico aqui e ela (Sandra)
lá. Só dá para namorar pelo rádio ou pelo espelho
retrovisor. Também aumentou o consumo de combustível,
mais isto a gente resolve pelo caminho.
Apesar da melhora da velocidade média, não chegamos a
Alto Caparaó. Enquanto viajava, fiquei orando a Deus
pedindo para Ele escolher um lugar para passarmos a
noite. Passei por vários postos e não achei nada que me
atraísse. De repente, no finalzinho da tarde, olhei um
posto na beira da BR 262 com muitas árvores e uma voz no
meu pensamento me disse: É aqui.
E era mesmo! O posto na verdade era a estrada da fazenda
de abóboras. Fomos super bem recebidos pelos donos: Seu
Zé, dona Shirley e o filho Gerardo, que administra tudo
por aqui. Mal chegamos e já fomos levados para a cozinha
da casa, junto ao fogão a lenha e comemos um cozido,
leite com angú e Jambo. Creio que ela me achou meio
desnutrido, tadinho d’eu! A Sandra experimentou o jambo,
um fruta parecida com a goiaba, inclusive com os mesmos
bichinhos dentro. Ela estava tão entretida na conversa
que nem percebeu a população que vivia dentro da fruta e
mandou tudo pra dentro.
A hospitalidade mineira mais uma vez mostra a sua cara
(e seu fogão).
Etâ povo bão sô!
05/12/2002 -
Chegamos a Alto Caparaó, a suíça mineira Olá pessoal,
desculpem-nos o sumiço, mas agora estamos de volta!
Depois de dois dias de viagem, finalmente chegamos a
Alto Caparaó, no extremo leste de Minas Gerais. As
crianças me perguntaram várias vezes como era a cidade e
eu nunca soube responder. Não tinha a mínima idéia do
que ia encontrar pela frente. Ainda na estrada, fomos
recebidos pelo jovem Rafael, o secretário municipal de
turismo que nos conduziu por uma serra bem íngreme que
chegava até 1000 metros de altura. Ao cruzar o topo da
serra fiquei deslumbrado. Uma enorme cordilheira de
quase 3 mil metros de altura cercava uma pequena cidade
bem acomodada entre milhares de pés de café. Alto
Caparaó é uma cidade jovem, emancipada em 1995, mas
situada na base de um maciço milenar, na verdade o final
da serra da Mantiqueira que começa lá em São Paulo.
Neste maciço esta localizado o terceiro pico mais alto
do Brasil, o Pico da Bandeira com 2.890 metros sobre o
nível do mar. Hoje, a região da serra do Caparaó foi
transformada em Parque Nacional. A região me lembrou
muito a Suíça, mais precisamente a região de Interlaken.
Pode parecer um exagero, mas não é. É só colocar uma
nevezinha aqui, uma vaquinha malhada ali, e pronto!
Assim que chegamos nos limites da cidade, fomos
recepcionados por uma comitiva de jeeps que fazem o
transporte dos turistas até o parque. Foi uma fila
quilométrica que subiu (para meu desespero) lentamente a
rua principal de Alto Caparaó. Quase perdi minha frissão.
Na Casa da Cultura, foi feita uma pequena cerimônia de
recepção, onde fomos apresentados formalmente às
autoridades e começamos a descobrir pequenas surpresas
desta cordial comunidade. Primeira surpresa: os homens
que me perdoem, mas quem manda aqui são as mulheres. Se
não mandam, pelo menos ocupam um lugar de destaque.
Duvida? Então veja só: O delegado não é delegado, é
delegada; A presidente da Câmara e sua vice são
mulheres. Na verdade 1/3 da Câmara é formado por
mulheres. E assim vai! Segunda surpresa: Aqui todos são
parentes, e quem não é, um dia vai ser. A cidade surgiu
basicamente a partir de duas famílias (é lógico que hoje
existem outras), mas todo mundo que você conhece é
primo, cunhado, irmão, tio ou sobrinho de alguém. E
mesmo os que vieram de fora, vão acabar casando e
entrando na família. O povo daqui tem que tomar muito
cuidado sobre quem fala, isto pode dar uma encrenca
danada. Brincadeira a parte, chegamos e fomos muito bem
recebidos. Nos instalamos na pousada do Carlinhos
Bezerra, uma figura de pessoa! Mas dele eu falo amanhã.
05/12/2002 -
Chegamos a Alto Caparaó, a suíça mineira
Olá pessoal,
desculpem-nos o sumiço, mas agora estamos de volta!
Depois de dois dias de viagem, finalmente chegamos a
Alto Caparaó, no extremo leste de Minas Gerais. As
crianças me perguntaram várias vezes como era a cidade e
eu nunca soube responder. Não tinha a mínima idéia do
que ia encontrar pela frente. Ainda na estrada, fomos
recebidos pelo jovem Rafael, o secretário municipal de
turismo que nos conduziu por uma serra bem íngreme que
chegava até 1000 metros de altura. Ao cruzar o topo da
serra fiquei deslumbrado. Uma enorme cordilheira de
quase 3 mil metros de altura cercava uma pequena cidade
bem acomodada entre milhares de pés de café. Alto
Caparaó é uma cidade jovem, emancipada em 1995, mas
situada na base de um maciço milenar, na verdade o final
da serra da Mantiqueira que começa lá em São Paulo.
Neste maciço esta localizado o terceiro pico mais alto
do Brasil, o Pico da Bandeira com 2.890 metros sobre o
nível do mar. Hoje, a região da serra do Caparaó foi
transformada em Parque Nacional. A região me lembrou
muito a Suíça, mais precisamente a região de Interlaken.
Pode parecer um exagero, mas não é. É só colocar uma
nevezinha aqui, uma vaquinha malhada ali, e pronto!
Assim que chegamos nos limites da cidade, fomos
recepcionados por uma comitiva de jeeps que fazem o
transporte dos turistas até o parque. Foi uma fila
quilométrica que subiu (para meu desespero) lentamente a
rua principal de Alto Caparaó. Quase perdi minha frissão.
Na Casa da Cultura, foi feita uma pequena cerimônia de
recepção, onde fomos apresentados formalmente às
autoridades e começamos a descobrir pequenas surpresas
desta cordial comunidade.
Primeira surpresa: os homens que me perdoem, mas quem
manda aqui são as mulheres.
Se não mandam, pelo menos ocupam um lugar de destaque.
Duvida? Então veja só: O delegado não é delegado, é
delegada; A presidente da Câmara e sua vice são
mulheres. Na verdade 1/3 da Câmara é formado por
mulheres. E assim vai!
Segunda surpresa: Aqui todos são parentes, e quem não é,
um dia vai ser. A cidade surgiu basicamente a partir de
duas famílias (é lógico que hoje existem outras), mas
todo mundo que você conhece é primo, cunhado, irmão, tio
ou sobrinho de alguém. E mesmo os que vieram de fora,
vão acabar casando e entrando na família. O povo daqui
tem que tomar muito cuidado sobre quem fala, isto pode
dar uma encrenca danada.
Brincadeira a parte, chegamos e fomos muito bem
recebidos. Nos instalamos na pousada do Carlinhos
Bezerra, uma figura de pessoa! Mas dele eu falo amanhã.
07/12/2002 -
Convivência exemplar
Peter e Sandra na igreja Adventista
Igreja
adventista
Igreja
Católica
Igreja
presbiteriana
Ingrid
contempla a cachoeira das Andorinhas
Esqueci de contar! No sábado passado fomos na igreja
Adventista onde eu fui convidado para pregar. Já faziam
dois sábados que não íamos a igreja, pois nas cidades de
Pains e Cardeal Mota não havia nenhuma. Eis aqui outra
surpresa: Na cidade de Alto Caparaó, ao contrário da
maior parte das cidades brasileiras, a maioria dos seus
habitantes são evangélicos e não católicos. São cerca de
5.000 pessoas distribuídas em 23 igrejas, uma mais
bonita que a outra. A maioria são de Presbiterianos,
seguidos de perto pelos Batistas e Adventistas. Todos
vivendo em paz, com um bom nível de tolerância. É comum
encontrar família onde cada membro pertence a uma
denominação. Uma coisa bonita de se ver.
No sábado a tarde fomos conhecer a cachoeira das
Andorinhas, que apesar de bastante urbanizada (preparada
para o turista) ainda assim surpreende pela sua beleza e
pelas belas trilhas que a circundam. O Erick, como não
podia deixar de ser, deu um mergulho e se refrescou nas
águas frias da piscina natural.
08/12/2002 -
Palestras e cachoeiras Palestra sobre energia e água nas
escolas Rógerio em frente à sua casa na serra Crianças
nas cachoeiras do Rio claro Cachoeira do Rogério Erick
descansa diante de uma piscina de água transparente Hoje
de manhã fomos a duas escolas e apresentamos duas
palestras. Uma foi sobre o uso racional da energia
elétrica, uma campanha que fazermos em parceria com
Furnas; e a outra foi sobre a importância do cuidado com
a água e como torná-la segura para o consumo, através da
adição de derivados de cloro. Esta é outra campanha que
desenvolvemos em parceira com a Abiclor e a Clorosur.
Você pode encontrar mais detalhes sobre elas na nossa
página inicial do site. Mais tarde fomos convidados para
conhecer o Rio Claro e suas cachoeiras. Sabe por que ele
tem este nome? É obvio meu caro Watson, é porque ele é
claro mesmo. Na verdade ele é transparente, parece um
espelho! Fomos conduzidos pelo Rogério, um guia local
que nos levou até sua propriedade no alto de um morro.
Lá em cima ele dirige uma filial do Albergue da
Juventude, hospedando viajantes em uma casinha simples
no meio da mata. Junto com ele e sua família, seguimos
por uma trilha e depois de alguns metros, chegamos a um
trecho do rio onde ele forma uma sucessão de cachoeiras
e piscinas naturais. Adivinhe novamente o nome do lugar.
É óbvio, chama-se Cachoeira do Rogério. A água estava
bem fria (para não dizer gelada), mas mesmo assim a
beleza do lugar e o sol quente do meio dia nos impediu a
entrar. Foi uma tarde agradável onde pudemos relaxar um
pouquinho. Afinal, amanhã vamos subir o Pico da
Bandeira, o terceiro maior do Brasil, e pelo que nos
disseram, a caminhada vai ser forte. Fuiiii!
Conteúdo extraído do
site oficial
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