O Tibagi,
conhecido desde 1754 como o El-Dorado, revelou sua riqueza
aos paulistas que, na Pedra Branca, iniciaram o sonho e a
realidade do garimpo, descobrindo o ouro e o diamante. A
fama do Tibagi, o rio maravilhoso, o real El-Dorado,
atravessou as nossas fronteiras e foi ecoar lá ao longe. Do
Norte, do Sul, do Centro, de toda parte vieram garimpeiros
audazes, embalados pelas boas perspectivas do rio
afortunado. A ação garimpeira é rica e complexa. Iniciada
com a busca, a pesquisa do terreno, do melhor cascalho a
achada do serviço - assim chamado o veio ou depósito de
cascalho - continua com o desentulhamento, a tirança do
cascalho a fôlego, com escafandro ou, ainda, do sequeiro, e
a lavagem, que nem sempre compensa o esforço desenvolvido. O
Rio, como num jogo de esconde-esconde, faz aparecer o seu
tesouro, encobre-o ou simplesmente ilude com a presença de
Xibíus. Acampados á beira do rio, esperançosos de um
bambúrrio próximo, não longe do serviço, dividem entre si as
diversas tarefas do dia. Movimentam a máquina de ar, esperam
a vez de mergulhar ou, cozinham enquanto outros fazem a
lavagem. Dia por dia, os mesmos movimentos, os mesmos
sonhos, as mesmas ilusões a embalar a existência de cada um.
Antes que fosse iniciado o desbravamento e povoamento dos
sertões do Tibagi, numerosas expedições e bandeiras foram
organizadas e levadas até as barrancas do rio do mesmo nome,
com penetrações em quase todas as direções da vasta zona do
Tibagi. Desde os tempos mais remotos era conhecida a notícia
de que o rio Tibagi possuía ouro e transportava enorme
quantidade de pedras preciosas, principalmente diamante,
havendo mesmo a tradição de que esse rio corria sobre um
leito diamantífero. Daí os motivos das numerosas expedições
levadas até as margens desse rio, desde os primeiros tempos
das entradas no sertão feitas pelas bandeiras paulistas e,
mais tarde, curitibanas. Entretanto, a formação de um
povoado na região do Tibagi somente foi tentada na última
década do século XVII. Os primitivos moradores da atual
cidade do Tibagi procediam de São Paulo, e seu
estabelecimento na região foi lento e durou vários anos, até
que fosse definitivamente escolhida a localização do
povoado. Foi povoado por Antônio Machado Ribeiro, vulgo
Machadinho, que veio de São Paulo em 1782, acompanhado de
sua família, instalando-se na Fazenda da Fortaleza,
propriedade do seu compadre José Felix da Silva e, mais
tarde, estabeleceu-se á margem do Tibagi, justamente no
local onde se encontra a cidade de Tibagi. Machado Ribeiro e
sua família tomaram posse das terras compreendidas desde o
rio Pinheiro Seco até a barra do rio Santa Rosa em 28 de
junho de 1794, as quais foram herdadas por seu filho Manoel
das Dores Machado.Após seu falecimento, seu filho Manoel das
Dores Machado, herdeiro da propriedade, cumprindo desejo de
sua falecida mulher Antonia Maria de Jesus, doou mais de
12.000 metros quadrados de terreno a Nossa Senhora dos
Remédios, além da casa onde residia seu pai, com o fim de
ser nele edificada a capela, o que foi realizado por uma
irmã de Manoel das Dores, chamada Ana Beja que conseguiu na
região alguns donativos para a construção da mesma, o que
deu origem á cidade. A Freguesia foi criada pela Lei no 15
de 06 de março de 1846, e a 23 de março de 1851 chegava a
Tibagi o seu primeiro Vigário Encomendado, Frei Gaudêncio de
Gênova, missionário capuchinho natural da Itália,
encarregado pelo Presidente da Câmara de Vereadores do
município de Castro de propor limites da nova Freguesia. O
Município foi criado pela Lei no 302 de 18 de março de 1872,
e oficialmente instalado em 10 de janeiro de 1873. Possui
atualmente dois Distritos Administrativos: Caetano Mendes e
Alto do Amparo, e um Judiciário (Alto do Amparo). Diversos
municípios foram desmembrados do grande Tibagi, como:
Apucarana, Reserva, Ortigueira, Telêmaco Borba, Ventania e
grande parte dos municípios do chamado "Norte Novo" do
Paraná, existindo inclusive, no Museu Histórico da cidade,
um mapa do início do Século XX, no qual o município de
Tibagi chega a fazer fronteira com Guarapuava, chegando até
os rios Paraná e Paranapanema. |