O Turismo no Brasil
O turismo é uma das atividades que mais crescem no mundo. No Brasil não é diferente e segundo o superintendente da Embratur, Sr. Nilo Sergio Felix, esse setor gera nove milhões de empregos diretos e indiretos. O avanço dos meios de transportes, diminuição de jornadas de trabalho e aumento de horas de lazer são uns dos muitos responsáveis pelo crescimento, não só do Brasil.
É importante lembrar que essa prática no Brasil nasceu por volta anos 1940. Com o fato de a política populista ter criado os direitos trabalhistas (salário mínimo, férias remuneradas e jornadas de trabalho estipuladas), foi permitido ao trabalhador o direito de descanso e oportunidade de conhecer novos lugares.
São várias as definições para a palavra turismo. Dentre todas elas, o deslocamento é a única que está presente entre todas. Luis Fernandez Fuster define como: girar – viagem circular, de volta ao ponto de partida. Mário Beni define como: deslocamento – a permanência fora do domicílio. Já Miguel Acerenza, adota a idéia de turismo como uma atividade particular de uso do tempo livre.
A OMT – Organização Mundial de Turismo define o turismo da seguinte forma: “o turismo compreende as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos de seu entorno habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano com fins de ócio, por negócios e outros motivos turísticos”. A mesma organização também define o visitante como: “Toda pessoa que se desloca para um lugar distinto de seu entorno habitual, por uma duração inferior a 12 meses, e cuja finalidade principal não é de exercer uma atividade remunerada no lugar visitado”.
A OMT define três tipos de turismo: Turismo interno - dos residentes de um país ou região que visitam seu próprio país ou região; Turismo Receptor – dos visitantes chegam a um país ou região no qual não são residentes; Turismo Emissor – dos residentes de um país ou região que visitam outros países ou regiões.
Finalmente, a OMT designa visitante de um dia ou excursionista:
“Todo visitante cuja visita seja inferior a 24 horas sem incluir pernoite no lugar visitado”.
Falar de fluxos turísticos é falar da dinâmica do fenômeno, do próprio movimento do elemento. Utilizaremos três principais tipos de fluxos turísticos para esse estudo:
Fluxo Turístico Itinerante – Engloba turistas que permanecem, em média, seis horas em seus destinos e não pernoitam. Esses visitantes não solicitam equipamentos e serviços, restringindo suas necessidades às instalações de alimentação, recreação, passeios e compra de produtos típicos.
Fluxo turístico de estada – Engloba turistas que permanecem mais de 24 horas no local e que por isso pernoitam. Dentro dessa definição temos: Estada fério-semanal e estada fério-menso-estacional. Os turistas de estada solicitam equipamentos de hospedagem e serviços diversos.
Fluxo turístico sedentário-residencial – Engloba turistas que se deslocam por tempo indeterminado e possuem ou alugam imóvel que acaba se configurando como residência secundária. É um turismo sem diversificação da oferta, essa que é diferenciada por seus orçamentos. Esse tipo de fluxo também se divide entre residencial fério-semanal e residencial fério-menso-estacional.
No universo do turismo como atividade econômica, apesar de gerar produto com demanda e oferta, um local emissor pode não ser receptor e vice-versa.
Apesar de os impactos da atividade turística parecerem evidentes, há uma enorme dificuldade de listá-los e quantificá-los. Não existe uma padronização de estatísticas do turismo em todo o mundo e muitas vezes nem existe. Os principais impactos do turismo podem ser: econômicos - tratando de circulação e distribuição de renda, empregos e despesas públicas; socioculturais - formação de recursos humanos, mudanças sociais e motivações aos costumes do local receptor (ensino, crença, esportes e etc.); ambientais – onde se concentram as maiores preocupações nos dias de hoje.
Planejamento turístico analisa a atividade deste ramo numa área. É composto de um diagnóstico de desenvolvimento que fixa modelos de atuação com programas, diretrizes e ações para se impulsionar o turismo do local. O Plano de Desenvolvimento Turístico ou Plano Diretor de Turismo é o documento que sintetiza esforços e estudos para guiar gestores públicos e privados, assim como orienta a população.
Vários são fatores importantes de um planejamento turístico. Itens que atraem os turistas são: paisagens, tradições culturais, patrimônio e arquitetura, clima comparado ao local de origem do turista e disponibilidade de tempo e opções atraentes de gastos. Os planos devem fazer projeções de chegadas de turistas, modo de viagem, quantificação de equipamentos, número e funcionários disponíveis. A cultura e educação continuada são fundamentais: indivíduos da comunidade escolar e sociedade geral devem ter condições de assimilar e compartilhar dos valores turísticos de sua cidade. Deve haver também a melhoria de infra-estrutura urbanística para levar qualidade de vida à população. O desenvolvimento de produtos turísticos e programas temáticos devem sempre ser exercidos e atualizados a fim de atrair novos fluxos de visitantes.
Dentro da temática, os centros urbanos têm atraído cada vez mais turistas. São vários os tipos de viajantes que compõem os chamados turistas urbanos: Participantes de congressos e fins profissionais, culturais e atividades esportivas, amantes de edifícios históricos e pessoas que viajam ao encontro de parentes.
O crescimento do turismo não afeta apenas a economia, mas também o meio natural, sociocultural e físico. Esses impactos podem ser positivos ou negativos. Dentro dessa idéia existem constatações de que a sustentabilidade da indústria turística depende da promoção e manutenção de espaços urbanos de qualidade. Por isso, o turismo se torna a grande esperança para a administração de cidades e da melhoria da qualidade da vida urbana das mesmas.
Dentro do cenário turístico urbano, temos a importância do desenho urbano. Seus projetistas combinam questões técnicas, sociais e estéticas para atuar em todas as escalas do desenvolvimento. Nas poucas palavras da arquiteta Paula Barros de Minas Gerais: “Desenho Urbano é a arte de fazer lugares para as pessoas”. O desenho Urbano pode colaborar para a criação de espaços que seriam ocupados tanto por viajantes como pela comunidade local, garantindo a todos, um fácil acesso aos equipamentos urbanos. Isso contribui para que se desenvolva uma sociedade mais tolerante.
Segundo Paulo Cezar Milone, é preciso reforçar, cada vez mais, a importância da vida acadêmica para a indústria brasileira do turismo de maneira que possamos desenvolver corretamente o pensamento estratégico. A atividade turística, se praticada sem organização, sem objetivos e estratégias definidas e sem abraçar questões estruturais profundas, pode facilmente se tornar predatória.
“A capacitação e qualificação de mão de obra, um marketing eficiente, criterioso e ininterrupto, investimento em infra-estrutura, a integração das parcerias, o conhecimento acadêmico, a consciência da importância da preservação do meio ambiente são alguns dos elementos indispensáveis para consolidar nossa maturidade turística.”
Ainda falando de costumes não presentes no Brasil, temos as ressalvas de Élio J. Bochi, quando fala que falta ainda incorporar à nossa cultura a idéia do Sabático. É a forma de que, segundo algumas empresas, principalmente na Europa e Estados Unidos, dão a alguns funcionários longos períodos de afastamento do trabalho, a fim de que possam realizar uma longa viagem de dois a seis meses de duração, não relacionada necessariamente ao trabalho ou desenvolvimento profissional, mas, sim, ao desenvolvimento e evolução pessoais. Estes funcionários voltam com uma bagagem cultural excelente, travam contatos com povos distantes, e posteriormente passam a sua experiência aos colegas de sua empresa. Usualmente voltam ao trabalho com a garantia do emprego. Mais motivados, fazem palestras aos colegas e convidados, e algumas vezes recebem até o salário integral durante o período em que estiveram afastados.
“É certo que hoje existe uma consciência empresarial que vê o Sabático como um investimento no funcionário, fortalecendo parcerias e compromissos.”
Artigo escrito
por
Marcos
Pivari
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