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Nome:
Alziro Vianna Mattos Junior |
apelido:
alfie |
Cidade:
santa Tereza - es |
nascimento:
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equipamento:
KG safari - 1980 |
E-MAIL:
alfiethealien@yahoo.com |
Site:
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demais
dados a serem compartilhados:
Profissão:
Técnico em prótese odontológica |
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ALFIE, O AVENTUREIRO
SOLITÁRIO
Acampar... O simples
mencionar desta palavra, desde os mais tenros dias
da
minha vida, sempre provocou um sentimento especial,
romântico, e, muitas vezes utópico, tendo em vista que
na minha família ninguém mais se interessava pelo
assunto. Bem, alguns tios e primos tinham suas enormes
barracas Alba e carretinhas, mas eu morava no interior
do ES, o que dificultava o contato com eles. Vibrava a
cada rara vez que via um trailer, desejando que meu pai
tivesse um para podermos passear em lugares distantes,
em contato com a natureza, e, ao mesmo tempo,
desfrutando da privacidade da nossa própria casa. Qual
não foi a minha felicidade quando um de meus primos,
funcionário público, precisou fazer a mudança do
escritório de sua
repartição para uma cidade vizinha, a cerca de 45Km de
onde morávamos, à bordo de um Turiscar Caravana, todo
preto, rebocado por um Jipe da mesma cor, utilizado para
campanhas de vacinação animal no interior do nosso
estado. Fomos todos no trailer, junto com máquinas de
escrever, arquivos e afins, o que me fez viajar além
daquele momento, rumo ao país dos sonhos, imaginando
estarmos indo de férias para algum outro lugar.
Pouco tempo mais tarde,
nos mudamos para a capital. O único caminho entre
Vitória e Vila Velha, era a Rodovia Carlos Lindenberg.
Ainda com 14 anos de idade, tomava dois ônibus a fim de
percorrer os 20Km até a casa de um tio, que aos finais
de semana sempre nos levava aos piqueniques nas praias
de Guaraparí. Não demorou para que ele se interessasse
pelo campismo, adquirindo uma barraca grande e um título
do Camping Clube do Brasil. Foi uma verdadeira festa.
Por algumas vezes acampamos em Setiba,
até
que ganhei uma barraca Alba Canadense para 3 pessoas,
que logo passei a levar para nossas acampadas, tendo
sempre muito cuidado na montagem e desmontagem dela,
atividade tida por mim como muito prazerosa. Mesmo ainda
muito jovem, vencia distâncias à bordo do ônibus, com a
pesada barraquinha nas costas, para me encontrar com
meus tios campistas em Setiba, local em que me deliciava
com a visão encantadora dos muitos trailers e motorhomes
ali estacionados. Não poucas vezes eu era convidado por
alguém a entrar e conhecer os equipamentos por dentro,
recebendo verdadeiras aulas de como eles funcionavam, e
degustando os quitutes preparados no local, sempre
oferecidos a mim com muitíssima satisfação.
Já com pouco mais de 18
anos, embarquei para uma aventura sem data prevista para
retornar. Ali, nos EUA, bem no coração do estado de New
York, me vi isolado da minha terra natal, sem contato
com a família. Tudo era complicado: a barreira do idioma
e o desconhecimento total de um lugar assustador, ainda
que pequeno, chamado Hudson, me fizeram amadurecer.
Não tinha dinheiro para
me hospedar ou alugar uma casa, por menor que fosse.
Naquela cidade ínfima, a base econômica era voltada para
as atividades rurais, e a maioria de seus moradores não
tinha muitas posses.
Uma família simpática,
porém pobre, me acolheu provisoriamente em sua pequena
casa de um quarto só, me fazendo lembrar antigas fábulas
dos tempos de criança que não mais voltariam. Desprovido
de espaço, fui alojado em uma carreta-barraca que a
sogra do meu anfitrião nos emprestou, montada no quintal
da casa.
Fiquei ali alguns meses,
até que o tenebroso inverno do nordeste americano
começou a se anunciar, quando resolvi me mudar para a
cidade grande, porém, não sem antes aproveitar algumas
belas acampadas no Takonic Lake, junto com minha
namorada e a divertida família dela, pessoas de
simplicidade singular, que me incentivaram naquela
caminhada incerta.
Quase duas décadas se
passaram, mas o sonho de ser campista persistia. Os
afazeres profissionais tomavam todo o meu tempo,
inclusive muitos finais de semana e feriados, mas
consegui guardar algum dinheiro para, em 2003, adquirir
meu primeiro RV - Uma Safari!!!
A felicidade foi tamanha,
que eu a utilizava como meu veículo do dia-a-dia, indo
ao supermercado, trabalho, dentista, e a tantos outros
destinos urbanos quantos surgissem, só pelo prazer de
dirigi-la. Era a concretização de um desejo antigo, que
levara quase quarenta anos para acontecer. Hoje viajo
sozinho, tentando conhecer o estado onde moro, cheio de
belezas naturais que vão das montanhas às praias, vez
por outra indo mais além para me confraternizar com os
amantes desse estilo de vida tão salutar. O encontro em
São Lourenço-MG, ocorrido em out/2006, me proporcionou a
experiência de poder acampar com amigos num clima de
confraternização e muito aconchego, tendo sido realmente
memorável e único na minha carreira de campista
solitário, permeado de ensinamentos e alegrias das quais
espero usufruir a cada nova oportunidade...