19/03/2006 – Domingo
Saída de São José dos Pinhais a seis horas da manhã. Viagem direta a
Puerto Iguazú, tramite de fronteira e câmbio levou aproximadamente
uma hora – É necessária vistoria técnica do veículo que não
tínhamos, eles aceitaram a última nota fiscal de revisão. Seguimos
adiante de Puerto Iguazú em direção a cidade de Pousadas. Em poucos
quilômetros após Puerto Iguazú tem um posto fiscal e logo em seguida
um camping com duas placas enormes o anunciando. O proprietário
chama-se Petruk e o filho Sérgio. O custo foi de dez pesos.
Suerte 1 x 0 Suerte mala – A atenção dispensada na fronteira e no
posto fiscal excelentes.
20/03/2006 - Segunda-feira
– Lunes
Viagem por um asfalto tapete (Pedágio muito barato) até Corrientes,
na rotatória nós demos uma erradinha básica, o correto é seguir a
placa Puente à direita. Cruzamos o rio Paraná por uma bela ponte em
direção a Resistência onde paramos no Camping Municipal Parque do
Arvoredo. Endereço do camping: Passando a ponte do rio Paraná e
contando a partir do pedágio na segunda rotatória seguir mais uns
cem metros e entrar à direita no sinaleiro fazendo o retorno (Spin)
e virar a primeira à direita seguindo em frente sem engano. O
camping fica do lado esquerdo e nos custaram sete pesos. Alguns
motor-home e um belo Ducatto que pelos adesivos já tinha quase
rodado o mundo inteiro.
Suerte 2 x 0 Suerte mala – Novamente a atenção das pessoas nas
informações e no atendimento foram excelentes. Uma gostosa sensação
de bem-vindos.
21/03/2006 - Terça-feira –
Martes
Resistência / Pampa Del Inferno / Monte Quemado.
Para justificar o nome uma série de trechos ruins na estrada, como
não há cercas um enorme perigo de animais soltos na pista, mas estes
dissabores fazem à cor do chaco argentino junto com um calor de mais
de quarenta graus. Em Porto Quemado paramos erroneamente em um
eletricista na frente de um posto de gasolina e borracharia, fomos
muito bem atendidos com fornecimento de energia elétrica, mas quando
fomos embora vimos na frente ótimas oportunidades de paradas em
melhores condições.
Suerte 3 x 0 Suerte mala – Não atropelamos nenhum animal, não
pegamos nenhum buraco e o ar condicionado funcionou bem.
22/03/2006 - Quarta-feira
– Miércoles
A dureza do chaco é amplamente recompensada com as magníficas
rutas após ele, paisagens deslumbrantes até a cidade de Tilcara na
província do Jujuy já na cordilheira dos Andes e que fica a 22 km
após a entrada para o Paso de Jama que era o nosso caminho
idealizado. Cidade ótima com excelente camping (El Jardim) e com
excelentes passeios para cidades vizinhas.
Suerte 4 x 0 Suerte mala – Como somos bem atendidos, quanta
gentileza. Na cidade tem um posto de combustível YPF e isto já é um
sinônimo de amparo total em todos os sentidos, a Argentina fica
muito menor sem os maravilhosos guias da YPF.
23/03/2006 – Quinta-feira
– Jueves
Ficamos na cidade, andamos muito, fizemos lavanderia, comemos
espetacularmente bem (Restaurante ao lado do posto YPF).
24/03/2006 – Sexta-feira –
Viernes
Travessia dos Andes para o Chile pelo Paso de Jama – altura
máxima 4 600 metros.
Saímos próximo às cinco horas da manhã e vimos o alvorecer já na
estrada do Paso.
Muito, mais muito mais fantástico do que as informações que tínhamos
recebido sobre este trajeto.
Él debe ver para tener la fe. Sobe-se, sobe-se e sobe-se.
Depois mais ou menos se percorre 400 km na altura de 4 000 metros,
salinas gigantes, vales e montanhas em escalas incomparáveis. Pontas
de montanhas com neve ao nível dos olhos.
Aviso para os novos viajantes:
Tem um posto de combustível no caminho, abasteça.
O ar rarefeito irá pegar firme no motor, boa parte do tempo é
primeira e segunda marcha, nenhum problema maior, apenas o fato.
Não levamos, mas em Tilcara recebemos uma sugestão de carregar um
oxigênio portátil caso viéssemos a sentir algum mal das alturas. Não
tivemos problema, mas a sugestão deve ser levada a sério,
confirmamos alguns casos disto ter acontecido. Na fronteira
Argentina/Chile eles tem estrutura para este atendimento.
FUNDAMENTAL: Quando recebi a informação do Dr. Carlos (O
desembargador que vive no motor-home) que este Paso estava asfaltado
ele também mencionou que na descida tinha ficado sem freio e eu o
subestimei pensando em uma má manutenção. Pois quando estávamos já a
quatro mil e seiscentos metros de altura (A fronteira com a Bolívia
fica a quatro quilômetros) não percebemos que a descida iria logo
começar, de repente não precisava mais da primeira e nem da
segunda-marcha e pus a terceira enquanto se descortinava a imagem
grandiosa do deserto de Atacama a mais de 2 600 metros abaixo,
bastou apenas um toque nos freios para descobrir que eles perderam a
função enquanto um cheiro de queimado intenso invadiu a cabine. Até
hoje fico na dúvida se o ar rarefeito me deixou burro ou se a falta
deste ar aliado a enorme inclinação (4 600 metros a aproximadamente
2 000 metros em 42 quilômetros) somado ao peso do veiculo que estava
no seu limite foi o responsável por esta perda tão rápida do
funcionamento dos freios. O fato é que consegui reduzir para a
primeira marcha, afinal uma estrela me guia no capô e bombando o
freio conseguimos parar exatamente em uma leve curva que tem um
cemitério a sua direita. Pois é, o cemitério é dos motoristas com
menos sorte e a decoração é feita com os pedaços de caminhão que
eles dirigiam.
A aduana do Chile fica em San Pedro do Atacama que chegamos ao fim
da tarde. Muito atenciosos embora tenha sido a mais demorada. A
revista pode ser bastante rigorosa. Procuramos um camping na cidade
que foi fácil de encontrar e aproveitamos o resto do dia para fazer
o câmbio e procurar o endereço de uma cidade que tivesse uma
concessionária Mercedes para checar os freios, agendamos por
telefone e fomos passear. Já conhecemos de outras viagens este lugar
então desta vez ele seria só passagem.
Suerte 5 x 0 Suerte mala – A seguradora do nosso amigo Jorge Bazacas
também agradece. Mesmo tirando este pequeno inconveniente o resto
foi tão grandioso que apenas um ponto de sorte não reflete a
verdade. Se todo o resto da viagem se tornasse miserável o Paso
compensaria.
25/03/2006 – Sábado –
Sábado
Saímos muito cedo em direção a Calama que é próxima ao oceano, então
foi uma longa viagem em descida com os freios em total suspeição
embora em pequenos testes ele tenha voltado a se mostrar confiável.
A concessionária Mercedes em Calama foi excepcional no atendimento e
apenas detectaram as pastilhas queimadas, as lixaram e sangraram o
burrinho, do freio e não eu. Uma manhã gostosa em que visitei os
caminhões americanos a venda (Maravilhosos e muito poderosos) e
conversei um monte com vários motoristas. Eles (concessionária)
também estavam fazendo uma revisão em um motor-home de uns belgas,
por sinal gigantesco e feito para aventuras muitos radicais.
Voltamos à estrada e fomos dormir em um posto Copeg já em
Antofagasta.
Suerte 6 x 0 Suerte mala – Com tanta gente polindo a estrela não é a
toa que ela brilhe.
26/03/2006 - Domingo –
Domingo
Viagem tranqüila nos contornos do oceano Pacífico onde nós
paramos para almoçar em Caldera. Uma volta pela beira da praia onde
assistimos a uma recolhida de peixes e depois fomos comê-los no
restaurante do pescador. Muito atenciosos eles acharam que nós
podíamos comer o equivalente ao nosso peso. Fomos dormir na cidade
de Vallenar em um posto Copeg.
Suerte 7 x 0 Suerte mala
27/03/2006 – Segunda-feira
– Lunes
Continuamos descendo o Chile tranquilamente que estava só nos
servindo de passagem desta vez, passamos Santiago e curiosamente
observei que não havia nenhuma placa que indicasse a Argentina mesmo
que não iríamos fazer o Paso nos Libertadores e só mais embaixo em
Osorno. Próximo a Santiago tínhamos a opção litoral ou túnel, como
sempre fizemos litoral optamos túnel e... My god que túnel estreito
e longuíssimo. Passamos Santiago e fizemos o pernoite próximo a San
Fernando em um posto Copeg que nos cedeu luz e água. A Iara
aproveitou para dar uma geral na limpeza e eu a ajudei bastante em
pensamento enquanto tomava cappucinos no excelente restaurante do
posto. Jantamos lá com excelente vinho.
Suerte 8 x 0 Suerte mala
28/03/2006 – Terça-feira –
Martes
Estrada o tempo todo e pousada próximo à cidade de Temuco. Na troca
de idéias uma coisa surpreendente, tanto a Iara como eu estávamos
felizes de voltar para a Argentina. Adoramos o Chile assim como a
Argentina em todas as viagens anteriores só que desta vez a
Argentina tinha tomado conta, difícil explicar a sensação mesmo ela
estando tão presente.
Suerte 9 x 0 Suerte mala
29/03/2006 – Quarta-feira
– Miércoles
Passagem pelos Andes por Osorno. Estrada maravilhosa com destino a
Bariloche. No último posto Copeg antes da fronteira nós deixamos
todos os pesos chilenos que é um amontoado de zeros em troca do
combustível. A gorjeta foi boa.
Bariloche é a cidade que eu digo para as pessoas - Se você tem três
dias para algo diferente, esta é a cidade. Maravilhosa e muito
preparada para o turista. Bom, desta vez de cara uma frustração.
Fomos direto procurar o camping El Yéti cuja propaganda era superior
a todos os outros, argh era uma fraude e nem estava funcionando. E,
além disto, ficava em um escarpado com uma péssima estrada. Descemos
e pedimos informação que nos levou no quilometro 13,5 da rodovia
Bariloche / Llao Llao ao camping Petúnia e aí sim, baita excelência
com um pessoal muito amável. Motor-home de outras nações também
estavam estacionados, quase todos com adesivos de grande parte do
mundo colados.
Suerte 10 x 0 Suerte mala
30/03/2006 – Quinta-feira
– Jueves
Bariloche é adorável, ótimas lojas, cafés e em breve uma enorme
igreja Universal. Nosso guia foi um rapaz chamado Aléxis
alexisdj3@hotmail.com muito atencioso e com seu táxi soube fazer
render o máximo o nosso turismo e as nossas necessidades e
impressionante como o dia deu certo. Um fato inesperado foi quando
eu fui ajustar os óculos e por acidente o ótico quebrou o suporte,
impressionante o nível de responsabilidade que ele assumiu, enquanto
tomávamos café ele os consertou. Aproveitamos para comprar umas
roupas especiais de frio e depois fomos almoçar no alto do Cerro
Otto em um restaurante giratório em que se chega de teleférico.
Almoço de nível internacional. Depois vimos neste mesmo conjunto uma
exposição de réplicas em tamanho original de esculturas célebres
como La Pietate, David e Moysés, além de diversas gravuras. Também
aí se tem uma visão do Cerro Tronador, um pico de difícil escalada
que pode ser conferida pelo telescópio a disposição.
Hoje também conversando a Iara e nós descobrimos o porquê estávamos
felizes em deixar o Chile, não exatamente o porquê deste sentimento,
mas ao estar aqui na Argentina sabemos com clareza porque estamos
felizes, a afabilidade e o profissionalismo dos argentinos são
anormais para os nossos padrões embora bastante naturais para eles.
A senhora da padaria com um intenso prazer em servir, os
proprietários do camping atendendo nossas necessidades, a moça da
lavanderia, o pessoal do supermercado, etc. O camping Petúnia mesmo
com todos estes serviços anexos é isolado e tem uma praia com deck
em um lago de águas cristalinas.
Os cachorros é uma peculiaridade em toda a cidade (Cachorros
grandes) e no camping também. Inspiram segurança e sempre temos
algum deles por perto, curiosamente sempre só um nos acompanhava de
perto.
Suerte 11 x 0 Suerte mala
31/03/2006 – Sexta-feira –
Viernes
Saímos de bariloche com alerta de greve na entrega de
combustível aos postos. Viagem maravilhosa até El Bolson e Esquel,
uma das estradas mais bonitas que já conhecemos. A greve era uma
realidade e só conseguimos abastecer dentro da cidade de Esquel.
Prosseguimos a viagem vendo o anoitecer na estrada e prosseguindo
até Sarmiento onde paramos em um posto da ACA-YPF.
Suerte 12 x 0 Suerte mala
01/04/2006 – Sábado –
Sábado
Chegamos a Comodoro Rivadavia pela manhã e procurei um
concessionário para verificar o nível de óleo do freio que eu achei
alto e estava curiosamente o do motor também o que me faz pensar na
influência das latitudes na densidade dos líquidos, perguntei ao Dr.
Freud o que ele achava e a resposta foi que a mãe era culpada.
Atendimento excelente! Esta estrela é fabulosa.
Terminado o serviço passamos pelo autódromo e por uma feliz
coincidência era dia de corrida da TC2000. Para não variar como
quase tudo na Argentina um autódromo para motor-home e a gentileza
dos argentinos sobrando. Para um exemplo: Para ir a x lugar eu tinha
que passar por baixo de um túnel, pois o trafego foi interrompido e
uma pessoa foi na frente para ver se o teto passava, não passou e
tive que dar ré, nenhuma reclamação. Daí me indicou outro caminho e
no intervalo dos treinos pude passar para o outro lado onde tinha
mais 10 432 motor-homes. Dormimos no autódromo.
Suerte 13 x 0 Suerte mala
02/04/2006 – Domingo –
Domingo
Ótimas corridas de Megane, Fórmula Renault e TC 2000. A última
corrida seria a tarde e decidimos seguir viagem. Fomos dormir em
Puerto San Julian, lugar lindo este porto e só ele mereceria a nossa
permanência. Mas tivemos estas mesmas fortes impressões da cidade de
Comodoro Rivadavia e mais ainda de outra cidade próxima chamada
Caleta Olívia que eu optaria por morar sem muitas dúvidas.
Suerte 14 x 0 Suerte mala
03/04/2006 – Segunda-feira
– Lunes
Estamos chegando ao nosso destino principal, hoje atravessamos o
estreito de Magalhães e isto é viver a história que aprendemos na
escola. Fácil ver a ousadia do Fernão de Magalhães em descobrir este
novo caminho para o Pacífico.
Já fizemos as aduanas desta parte do trajeto e em todas elas o
atendimento foi correto. A parte de estrada de ripel desta etapa
(Estavam trabalhando acelerado o que significa que em breve tudo
será asfalto tapete) não é boa e isto valoriza os motoristas que
fazem este percurso, um respeito enorme um pelo outro com todos
diminuindo a velocidade quando se passam assim evitando o perigo das
pedras no pára-brisa. A impressão maior neste percurso final é que
efetivamente parece que estamos chegando onde o mundo faz a volta,
uma planície gigantesca acentua a impressão que a curva do planeta
se acentuou. Surpresa mesmo é ver a Terra do Fogo ser tão fértil, o
verde nos gigantescos pastos com grandes boiadas, uma imensa
população de carneiros, gansos e outros compõe este visual. Dormimos
na aduana Argentina e amanhã iremos a Río Grande e Ushuaia.
Suerte 15 x 0 Suerte mala
04/04/2006 – Terça-feira –
Martes
A Terra do Fogo é muito mais do que fértil, ela é fabulosamente
linda e a estrada do Río Grande ao Ushuaia passa a ser a mais
espetacular entre todas que já andamos sin ver él no da para tener
la fe.
Chegando a Ushuaia erramos o caminho do camping e chegamos por
engano ao sopé do cerro Martial, não deu outra, já pegamos o
teleférico e fomos bem próximo às neves do pico. Visão espetacular
com o estreito de Beagle incluído.
Tenho que retornar a lembrança da estrada – Inicialmente nela
aparecem imensas florestas com árvores desconhecidas, árvores que
cabem perfeitamente em um cenário de extrema desolação, o musgo
pendurado em seus galhos balançando ao som de um vento uivante.
Prosseguindo estas florestas vão ganhando vida com folhas onde o
vermelho predomina junto com os verdes, amarelos e pratas. Estas
florestas sobem pelas montanhas que são inúmeras e enormes e elas se
acabam no começo da neve dos cumes. Estas montanhas são a últimas
coisas que nos separa do Ushuaia e se passa por elas através do Paso
Garibaldi. Cada metro é um cartão postal com seus lagos altíssimos e
esta exuberância de vida.
Ficamos hospedados no camping Pico e por uma feliz coincidência,
suerte of course era o último dia deles de funcionamento, no dia
seguinte eles iriam fechar por causa do inicio do inverno. A
temperatura no momento ainda estava agradável nos seus cinco graus,
mas lá o inverno é coisa muito séria e o turismo funciona a toda
nesta época, só não para motor-home. Passeamos na cidade o resto do
dia e acabamos montando barraca em uma linda loja chamada Dulces de
la Oma onde compramos 3 877 vidros de geléia com lindas embalagens e
mais um monte de lembranças, um pouco para nós e a maioria absoluta
para os amigos. Também fomos a uma loja de cartões postais onde
enviamos alguns para terem o selo e o carimbo do fim do mundo. (Os
amigos receberam estes cartões postais quase um ano depois, com
selos do México cortesia da empresa ferroviária de lá, coisas do fim
do mundo).
Tinha um desejo profundo de completar esta ida ao fim do mundo
pegando um meio de transporte para a Isla de Hornos, uma base naval
chilena que é o último lugar antes da Antártida. Não conseguimos em
parte, tinha o navio e levava oito dias e sem nenhuma garantia de
sucesso, se o mar estivesse doido eles não chegam e o mar fica doido
por lá 420 dias por ano. Vamos tentar pelo Chile de avião ou
helicóptero, pelo menos é o mesmo país.
Suerte 16 x 0 Suerte mala – Este percalço da Isla de Hornos é uma
titica perto do resto então...
05/04/2006 – Quarta-feira
– Miércoles
Amanheceu chovendo então decidimos ir a Punta Arenas ver se
conseguíamos um avião para Cabo Horn. Na estrada o clima virou o
bicho, ventos de 100 quilômetros para mais (Confirmado na fronteira)
que fecharam a balsa que faz a ligação pelo estreito de Magalhães (O
serviço de balsas fecha cada vez que o vento ultrapassa a velocidade
de 100 km/h). Esperamos até a noite quando foi liberado o serviço.
Nós e mais 12 456 caminhões. Surpreendente e nós não tínhamos
analisado isto na vinda porque fomos o primeiro a entrar na balsa a
quantidade que elas carregam. Nesta volta depois de esperarmos um
bocado entramos no rebolo. Um fio de cabelo nos separava dos outros
caminhões e aí não estou aumentando e diminuindo nada
quantitativamente. Para eu chegar à tesouraria da balsa era somente
andando por cima deles, por baixo e se tinha outro caminho ninguém
devia saber, pois os outros motoristas estavam fazendo igual. Quando
voltei falei para a Iara que seria impossível não haver um rala rala
nas latarias e eis que eu estava errado, a balsa balançava, mas tudo
balançava igual e nota dez para aquele pessoal que além de muito
atenciosos são profissionais de alto quilate. Dormimos na base naval
já do lado argentino onde também foram muito prestativos arrumando
um lugar maravilhoso para estacionar. Nada mal acordar de manhã e
olhar para o estreito de Magalhães. Um pingüim solitário nos deu bom
dia.
Uma curiosidade que antecede, neste mesmo dia já em território
chileno, nós paramos para almoçar em um restaurante, esperando ele
ser servido fiquei olhando as fotos dos visitantes deste lugar e eis
que aparece uma de um avião e seu piloto ao lado e escrito o número
do seu telefone, chamei o garçom e pedi o telefone para ligar e
daí... E daí que o piloto estava próximo, ele tinha uma fazenda de
criação de carneiros e justamente naquele dia era o de dar banho na
bicharada. Fui até lá e o caboclo era genial, conversamos longamente
sobre a possibilidade do vôo, pois esta era a sua profissão
principal e ele falou que era impossível porque nem helicóptero
pousa lá devido aos fortíssimos e imprevisíveis ventos confirmando
para nós que mesmo de navio é necessário suerte. Perguntei se ele
voava num dia como aquele que nós estávamos e isto ele diz que é
comum. Como conhecemos a Patagônia sempre com vento não vi nenhum
motivo para não acreditar. Hasta la vista Cabo Horn, outra vez com
mais paciência arriscaremos um navio. Idem para Punta Arenas e
Puerto Natales, agora o objetivo é o cerro Fitz Roy e o Calafate.
Sugestão para os futuros viajantes para o Ushuaia:
Depois do estreito ou então antes por Punta Arenas existem três
caminhos, o tradicional que vai pela esquerda, o do meio que se pega
por Cerro Sombrero/Onaisin ou então via balsa por Punta Arenas que é
uma por dia e leva três horas de passagem. Experimentamos as duas
primeiras e ambas são semelhantes em piso então pelo menos pela
tradicional tem mais tráfego o que ajuda se houver algum problema. E
a outra de qualquer maneira até a fronteira que liga a Punta é
estrada de ripel igual.
Suerte 17 x 0 Suerte mala
06/04/2006 – Quinta-feira
– Jueves
Acabamos no cruzamento decidindo ir a Punta Arenas, viagem fácil
graças ao asfalto tapete. Ventos perfeitos para soltar pipa, na
Patagônia estes ventos são conhecidos como a vassoura do diabo então
faz parte da aventura.
Valeu para dizermos que conhecemos o Chile de Arica a Punta. A
cidade não tem um encanto especial apesar de bonita, é zona franca e
carrega um tipo de pessoa que não faz nosso gosto. Mas visitamos as
lojas e ficamos abobados pelos produtos a venda, muito baixo os
preços e uma variedade interessante. Acabamos gastando um monte
comprando ½ dúzia de pães, cinco cocas e uma garrafa de água
mineral. O nosso instinto consumidor estava em baixa hehehe. Em
compensação o almoço foi campeão, uma dobradinha a Espanhola de
tirar lágrimas de tão gostosa que estava. Voltamos à tardezinha e
não fizemos mais nada porque as placas de sinalização estavam muito
confusas e não conseguimos chegar às Pinguineiras tão famosas
naquela cidade. Novamente não se sentimos bem no Chile e fomos
dormir novamente na aduana da Argentina onde até um filhote de
cachorrinho nos ofereceram como companhia permanente. Amanhã
Calafate. Uma outra curiosidade foram os inúmeros campos com placas
alertando que eles estavam minados!
Suerte 18 x 0 Suerte mala
07/04/2006 – Sexta-feira –
Viernes
Erramos a estrada para o Calafate e entramos na cidade de Rio
Gallego onde fomos pedir informação em um posto YPF/ACA que tinha um
teto tão baixo que ficamos presos. Foi necessário esvaziar os pneus
além da rapaziada do posto entrar no carro para ele baixar. O
problema foi o calibrador do posto ser muito impreciso nos obrigando
a procurar uma gomeria para ajustar a pressão. Saldo final foi à
cobertura do ar condiciona quebrada, passamos silicone e tudo ok.
Com redundância - tremendos ventos até Calafate em uma estrada que
repousa em um planalto gigantesco até chegar ao topo de uma colina
onde se vê um vale enorme rodeado de montanhas nevadas e mais um
lago imenso de águas esverdeadas. A Iara apontou uma montanha
distante e disse que era o Fitz Roy, eu achei que não era possível
de ver ainda, mas ela estava certa, era a montanha que eu acho a
mais linda no universo das montanhas.
Calafate é uma cidade totalmente voltada ao turismo e deixamos para
ver na volta e seguimos direto para o Glacial Perito Moreno,
espetacular sin ver él no da para tener la fe.
Andamos a pé na excelente infra-estrutura de visita e decidimos
pernoitar em um hotel dentro do parque até porque haveria F1 naquele
final de semana. Que maravilha! Que orgulho! Não ficamos no hotel,
mas em compensação tive o prazer de ouvir o maior preço de diária da
minha vida US$700.00 por cabeça. Fomos dormir no porto onde de manhã
estava programado um passeio de navio pelo braço sul da geleira.
Suerte 19 x 0 Suerte mala – O problema do teto baixo foi apenas um
percalço, não diminui este dia de sorte.
08/04/2006 – Sábado –
Sábado
Dia Magnífico, o passeio de navio sensacional e pudemos admirar o
glacial de uma maneira diferente. Tinha um fotógrafo no navio e nos
deixamos fotografar por ele, quando fui buscar ele fornecia apenas
em digital o que eu não queria (Agora já estou no mundo digital)
então combinamos que eu iria buscar na cidade de Calafate. Que
surpresa ao entrar na sua loja a noite que estava cheia e uma pessoa
me chamar dizendo que a minha estava pronta e isto sem eu falar
nada. A melhor foto da viagem sem dúvida.
Para não dizer que tudo são flores aconteceu um contratempo que
explica bem o espírito argentino da fazer as coisas, chegando a
Calafate pela hora do almoço eu precisava de uma ótica para apertar
um micro parafuso na armação dos meus óculos e cheguei bem no
momento que eles estavam fechando, inacreditável, não apertaram o
maldito porque estavam fechando e eles estavam lá dentro ainda. Arf,
para ser feliz lá tem que se obedecer às regras que no final são
simples e contemplam muito bem ao turista que as obedece.
Calafate acabou sendo super agradável, almoçamos, passeamos, fizemos
compras e jantamos em clima muito amistoso. Basta dizer que nas idas
e vindas parecia que já morávamos a tempo lá, cumprimentos de
conhecimento foram freqüentes.
Ficamos estacionados em um camping da policia, excelente e com a
vantagem de ser bem no centro da cidade.
Vimos com as agências de turismo a melhor forma de chegar ao Fitz
Roy, acabamos por optar em ir de motor-home torcendo que amanhã o
dia se repita no clima.
Suerte 20 x 0 Suerte mala
09/04/2006 – Domingo –
Domingo
Saímos de calafate com destino a El Chalten cidade próxima ao Fitz
Roy, à estrada estava em processo de asfaltamento e acabamos
decidindo por deixar esta montanha na reserva para a próxima viagem.
Como a Iara insistiu que podíamos vê-la no alto da colina iniciamos
a volta. Bom, no alto da colina pegamos o binóculo e demos zoom na
máquina fotográfica e lá estava ele...
Importante aos viajantes, é necessário abastecer em La Esperanza
para chegar a Piedra Buena. Não fiz isto e tivemos que retornar a
Rio Gallego. Fomos dormir em Piedra Buena.
Como curiosidade: Encontramos um caboclo fazendo toda aquela região
de mobilette (Algo similar) com uns 200 quilos de equipamento em
cima, que ninguém se engane pensando que a nossa aventura é
temerária, encontramos vários que fazem isto de bicicleta sendo que
um deles era da Nova Zelândia.
Suerte 21 x 0 Suerte mala
10/04/2006 – Segunda-feira
– Lunes
Voltamos a Puerto San Julian. Lá é o equivalente ao nosso Porto
Seguro, foi realizada a primeira missa católica na Argentina pelos
portugueses comandados por Fernão de Magalhães. Visitamos a réplica
em tamanho natural da caravela Victória com o qual Hernando
Magalhães descobriu e cartografou o estreito que une o Atlântico ao
Pacífico e que hoje leva seu nome.
Uma curiosidade que responde a uma pergunta – Porque os navegadores
atuais ainda utilizam o Cabo Horn para atravessarem a América do
Sul? Pois é, o estreito de Magalhães é relativamente calmo em seu
trajeto com exceção da foz para o Pacífico, aí é tão tenebroso por
suas ondas violentas e ventos alucinantes que é melhor enfrentar a
longa dureza do mar do Cabo Horn do que estas curtas horas tão
mortais. E o Magalhães fez isto de caravela arf, a que está em
exposição no posto Sinuelo na estrada de Joinville/Curitiba é muito
semelhante em tamanho.
Íamos visitar as pinguineiras de San Julian, porém as estradas são
de ripel e choveu a noite e isto vira uma armadilha dolorida que já
conhecemos na Península Valdez.
Viajamos o tempo todo com muita chuva e no momento estamos parados
em Comodoro Rivadavia para fazermos a revisão do carro amanhã.
Suerte 22 x 0 Suerte mala
11/04/2006 – Terça-feira –
Martes
Revisão efetuada, pessoal novamente muito atencioso e profissional.
Passeamos pela praia cuja característica é marés com grande
diferença o que deixa uma longa margem de recifes expostos, muitos
pássaros fazendo a festa.
Seguimos viagem com chuva e agora nós parados em Puerto Madrid em um
platô isolado longe e em cima da cidade com uma vista espetacular
continua chovendo. Isto invalida qualquer tentativa de contornar
Valdez, talvez e somente Puerto Pyramide onde talvez haja focas.
Veremos amanhã.
Suerte 23 x 0 Suerte mala
12/04/2006 – Quarta-feira
– Miércoles
Descemos a Puerto Madrid para abastecer e fomos a Puerto Pyramide
ainda com chuvas se alternando. Encontramos no mirante um casal
também de motor-home o Rubens e a Delia que são de uma cidade perto
de Buenos Aires chamada La Plata.
Tomamos café e trocamos figurinhas, quando comentei que o Paso de
Jama estava asfaltado ficaram encantados e iriam para lá logo em
seguida. Eles carregam um quadriciclo tração nas quatro e assim fica
mais simples de melhorar alguns passeios. Já imaginei o meu objeto
de desejo hehehe. (Agora já está se tornando realidade e o próximo
motor-home que está sendo construído vêm com garagem e o quadriciclo
já está lá também)
Puerto Pyramide é magnífico, um passeio por si só que também
compensa a viagem, não vimos às focas, em troca almoçamos
maravilhosamente bem (Com fotos da Lady Dy almoçando lá também) e
andamos um bocado.
Puerto Madrid e Pyramide são considerados por eles (Os argentinos of
course) as capitais mundiais do mergulho (Buceo).
Pegamos à estrada que estava muito movimentada e estamos fazendo o
pernoite em San Antonio Oeste.
Suerte 24 x 0 Suerte mala
13/04/2006 – Quinta-feira
– Jueves
Viajamos o tempo todo com chuva o que inibiu qualquer vontade de
entrar em cidades ou lugares. Íamos seguir em direção a Rosário, mas
em Bahia Blanca não achamos nenhuma indicação da Ruta 33.
Consequentemente seguimos a Ruta 3 para Buenos Aires pela Cidade
Azul. Neste momento estamos parados para dormir próximo a Tres
Arroyos no estacionamento do primeiro pedágio da volta.
Suerte 25 x 0 Suerte mala – Estar viajando mesmo em um dia mais ou
menos ainda é muito bom.
14/04/2006 – Sexta-feira –
Viernes
Viajando direto de novo, desta vez com sol. Pernoitamos a poucos
quilômetros de Rosário em um posto YPF. Dureza está sendo a falta de
placas de sinalização.
Suerte 26 x 0 Suerte mala
15/04/2006 – Sábado –
Sábado
Viajem o dia todo e paramos a uns duzentos quilômetros de
Resistência. Hoje passamos Rosário e Santa Fé. Que estrada, que
estrada...
Suerte 27 x 0 Suerte mala
16/04/2006 – Domingo –
Domingo
Viagem o dia todo e parte da noite para chegar ao Brasil. Meia e
noite e pouco chegamos e fomos à aduana, pelo caminho errado e o
teto era baixo. Ficamos presos no travessão sem possibilidade de ré
e para frente mais cinco travessões nos aguardavam. Todos os fiscais
foram nos ajudar se acomodando na traseira do carro para abaixá-lo e
isto contando com os 3 890 quilos de geléia que tínhamos no
bagageiro. Isto atenuou, mas não o suficiente, abaixar os pneus
estava fora de cogitação pela falta de uma bomba de ar próxima então
mandamos ver e o ar condicionado velho de batidas na sua testa se
desmantelou. Desanimados seguimos em frente lentamente e fomos
pernoitar no posto Acarai (Paradão) onde estamos agora.
Suerte 27 x 1 Suerte mala – A ferida no motor-home mexeu muito
comigo.
17/04/2006 – Segunda-feira
Sabemos com certeza que estamos no Brasil, seis horas da manhã o
movimento já é grande e às sete horas já tinha gente trabalhando. Na
Argentina isto não acontece mesmo (Somente a partir das nove horas)
e a tarde a sesta é obrigatória. (Meio dia as quatro). Demos sorte
neste posto porque tinha uma bela oficina chamada Mercadão de
Caminhões (?) e um dos mecânicos e eu subimos no telhado do carro e
incrível, todos os cacos da cobertura do ar e mais a máquina
tortinha estavam lá em cima. Eu considerei caso perdido, mas o
mecânico comentou algo assim – É mole pro gato ou deixa para o
beque... Não é que o caboclo juntou a cacarada procurou uma fábrica
que lidava com fibra (Não deu certo, a fibra não cola neste
plástico) voltou com a má noticia e não desanimou, pegou uma carcaça
de climatizador e recortando pedaços foi colando em outros pedaços
acabou montando a capa inteira, depois subiu e desentorta daqui e
dali e o ar funcionou. Isto terminou às duas horas da tarde quando
nos entregou o serviço. E ele nos cobrou exatamente R$27,00 que me
recusei a pagar pela injustiça do preço.
A Iara e eu fomos almoçar neste tempo no Deville de Foz, excepcional
restaurante!
Depois do Paradão fomos procurar a concessionária para a troca do
óleo que estava baixo (A densidade dos líquidos tem a haver com a
latitude?) e foram também muito atenciosos dando uma geral no carro
e neste tempo a Iara e eu se divertimos com um camelô de produtos
importados comprando desde isqueiro que acende a luz a canivete
automático por uma mixaria incrível.
Na concessionária pensaram que fazíamos parte de um grupo de
motor-home que estava acampada em Foz, mais precisamente na beira do
lago de Itaipu. Fomos até lá conferir e realmente havia dezenas de
carros em um lugar espetacular que sem dúvida voltaremos.
Pegamos à estrada e estamos dormindo em Catanduva.
Suerte 28 x 1 Suerte mala
18/04/2006 – Terça-feira
Em casa! Ops na segunda casa.
Suerte 29 x 1 Suerte mala – E tem gente que quer viver tanto se em
poucos dias é possível viver tanto!
E a foto abaixo? Hehehe esta é outra história.
__._,_.___ Artigo escrito
por João Leopold
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