TIREÓIDE - HEPIR E HIPO
(Apresentação,
Informações e Considerações Gerais)
"A tireóide
é uma importante glândula do nosso organismo e produz
hormônios que tem como uma das suas principais funções
regular o metabolismo. Quando ela não funciona
adequadamente pode levar a repercussões em todo o corpo
em graus variáveis de severidade, desde sintomas que
muitas vezes podem passar desapercebidos até formas
extremamente graves que podem trazer risco de vida."
Introdução
A
tireóide é uma glândula localizada na parte anterior do
pescoço e produz os hormônios T3 (tiiodotironina) e T4 (tiroxina)
que atuam em todo o nosso organismo, regulando o
crescimento, digestão e o metabolismo. Quando a tireóide
não está funcionando adequadamente pode liberar
hormônios em excesso (hipertireoidismo) ou em quantidade
insuficiente (hipotireoidismo). De maneira geral, quando
a glândula está hiperfuncionante ocorre uma aceleração
do metabolismo em todo organismo, podendo ocorrer
agitação, diarréia, taquicardia, perda de peso etc, ao
contrário, quando a glândula está hipofuncionante pode
ocorrer cansaço, fala arrastada, intestino preso, ganho
de peso, etc. Cerca de 10% das mulheres acima de 40 anos
e em torno de 20% das que têm acima de 60 anos
manifestam algum problema na tireóide. Algumas
estatísticas demonstram que 1 em cada 5 mulheres que
procuram seus ginecologistas para iniciar a terapia de
reposição hormonal apresenta, na verdade, problemas
tireoidianos. Porém é importante estar atento pois todas
as pessoas, independente de sexo e idade, estão sujeitas
a alterações desta glândula.
Hipertireoidismo
O
hipertireoidismo ou tireotoxicose é uma condição
caracterizada pelo aumento da secreção dos hormônios da
tireóide e pode originar-se de várias causas.
Em sua forma
mais leve, o hipertireoidismo pode não apresentar
sintomas facilmente reconhecíveis ou apenas cursar com
sintomas inespecíficos, como sensação de desconforto e
fraqueza. Mas o hipertireoidismo pode ser uma doença
grave e séria e até mesmo colocar em risco a vida da
pessoa.
A causa mais
comum do hipertireoidismo é uma doença auto-imune (em
que o próprio corpo produz anticorpos que "atacam" o
órgão) chamada Doença de Graves. Outras causas do
hipertireoidismo incluem o bócio multinodular (aumento
do volume da glândula que leva a produção excessiva dos
hormônios), os tumores da glândula tireóide, da glândula
pituitária, dos testículos ou dos ovários, a inflamação
da tireóide resultante de uma infecção viral ou outra
inflamação, a ingestão de quantidades excessivas de
hormônio tireóideo e a ingestão excessiva de iodo.
Várias substâncias com altas concentrações de iodo, tais
como comprimidos de alga, alguns expectorantes e
amiodarona (medicação utilizada no tratamento de
arritmias cardíacas) podem, ocasionalmente, causar
hipertireoidismo.
Os
principais sintomas do hipertireoidismo são:
•
taquicardia,
• perda de apetite,
• perda de peso importante,
• nervosismo, ansiedade e inquietação,
• intolerância ao calor,
• sudorese aumentada,
• fadiga e cãibras musculares,
• evacuações freqüentes,
• irregularidades menstruais,
Outros
sintomas que podem também estar presentes são: presença
do bócio (papo), fraqueza, sede excessiva, aumento do
lacrimejamento, dificuldade para dormir, pele fria e
úmida, vermelhidão ou rubor da pele, pele anormalmente
escura ou clara, queda de cabelo, descamação e rápido
crescimento das unhas, náuseas e vômitos, atrofia
muscular, tremor nas mãos, diarréia, pressão sanguínea
alta, dor nos ossos, protusão dos olhos (exoftalmia),
visão dupla, aumento da probabilidade de aborto, dentre
outros.
Os sinais e
sintomas característicos do hipertireoidismo podem ser
detectados pelo médico. Adicionalmente, exames podem ser
utilizados para confirmar o diagnóstico e definir a
causa, como os listados abaixo:
• TSH
(hormônio estimulante da tireóide): O TSH é um hormônio
que regula a produção dos hormônios tireoidianos (T3 e
T4), quando a produção desses hormônios está alta, o
nível de TSH diminui, e quando está baixa, o nível de
TSH aumenta para estimular a produção dos hormônios
tireoidianos. Um nível sangüíneo baixo do TSH é o melhor
indicador de hipertireoidismo. Se o nível de TSH é muito
baixo, é importante também checar os níveis de hormônio
tireoidiano para confirmar o diagnóstico de
hipertireoidismo.
• T4 livre e
T3 livre (são os hormônios tireoidianos ativos): Quando
o hipertireoidismo se desenvolve, os níveis de T4 e T3
sobem acima dos valores normais.
• TSI
(imunoglobulina estimulante da tireóide): É uma
substância freqüentemente encontrada no sangue quando a
doença de Graves é a causa do hipertireoidismo. Este
teste não é solicitado rotineiramente, uma vez que ele
raramente interfere nas decisões do tratamento.
Antes do
desenvolvimento de opções atuais do tratamento, a taxa
de morte do hipertireoidismo era maior que 50%. Agora,
diversos tratamentos eficazes estão disponíveis, e com o
controle adequado, a morte por hipertireoidismo é rara.
O tratamento varia dependendo da causa e também da
gravidade dos sintomas. O hipertireoidismo pode ser
tratado com medicamentos antitireoidianos, iodo
radioativo ou cirurgia.
Dentre as
principais complicações do hipertireoidismo estão as
complicações cardíacas, incluindo taquicardia,
insuficiência cardíaca e arritmia. A crise de tireóide
ou "tempestade" da tireóide é uma exacerbação aguda dos
sintomas do hipertireoidismo que podem ocorrer devido a
infecções ou estresse. Pode ocorrer ainda febre,
diminuição do estado de alerta e dor abdominal,
necessitando nesses casos de hospitalização.
Hipotireoidismo
No
hipotireoidismo ocorre a deficiência dos hormônios da
tireóide, que pode potencialmente afetar o funcionamento
de todo o corpo. A taxa de funcionamento normal do corpo
diminui causando lentidão mental e física. Os principais
fatores de risco são idade superior a 50 anos, sexo
feminino, obesidade, cirurgia de retirada da tireóide e
exposição prolongada a radiação.
O grau de
severidade pode variar de leve, apresentando um quadro
de depressão em que o diagnóstico de hipotireoidismo
pode passar desapercebido, até a forma mais grave,
denominada mixedema, caracterizada pelo inchaço de todo
o corpo e que constitui uma emergência médica.
As causas
mais comuns de hipotireoidismo são: doença de Hashimoto
(uma doença auto-imune); tratamento do hipertireoidismo
com iodo radiativo; retirada cirúrgica da tireóide para
tratar hipertireoidismo ou tumor; uso prévio de
medicamentos antitireóideos; pós-parto (transitório em
60-70% dos casos); uso de certos medicamentos como
lítio, amiodarona, iodeto e interferon alfa; deficiência
na regulação da glândula; inflamação da tireóide;
deficiência de iodo (substância importante para a
produção dos hormônios tireoidianos) e resistência
generalizada ao hormônio tireóideo.
Os
principais sintomas do hipotireoidismo são:
• fraqueza e
cansaço,
• intolerância ao frio,
• intestino preso,
• ganho de peso,
• depressão,
• dor muscular e nas articulações,
• unhas finas e quebradiças,
• enfraquecimento do cabelo,
• palidez.
Outros
sintomas que podem aparecer mais tardiamente são: fala
lenta, pele ressecada e espessada, inchaço de mãos, pés
e face, diminuição do paladar e olfato, rouquidão,
menstruação irregular, dentre outros.
O
diagnóstico do hipotireoidismo será feito pelo médico
com o auxílio de exames laboratoriais que avaliam a
função da tireóide. Normalmente, encontramos as
seguintes características:
• TSH: todos
apresentam concentrações circulantes elevadas de
hormônio estimulador da tireóide.
• T3 e T4
livres: os níveis dos hormônios tireoidianos podem estar
normais, em casos assintomáticos ou brandos, ou
diminuídos.
O objetivo
do tratamento é repor a deficiência de hormônio da
tireóide. O medicamento mais freqüentemente utilizado é
a levotiroxina, mas há outros disponíveis. E o
tratamento deverá ser seguido por toda a vida, mesmo se
os sintomas desaparecerem, pois são freqüentes as
recaídas com a interrupção do medicamento.
A
complicação mais grave do hipotireoidismo é o mixedema
que pode levar ao coma, mas que felizmente é a rara. Ele
pode ser causado por infecções, exposição ao frio,
certos tipos de medicamento e outras doenças. No coma
pelo mixedema ocorre alteração do comportamento,
diminuição da respiração, queda da pressão sanguínea, do
açúcar no sangue e da temperatura. Doenças cardíacas,
infecções, infertilidade e abortamento, também podem
ocorrer como complicações do hipotireoidismo.
Como o
desenvolvimento dos sintomas e sinais de hipotireoidismo
é tipicamente insidioso e a prevalência da forma
subclínica é estimada em 40%, é recomendada a avaliação
laboratorial de rotina na população em geral, mesmo na
ausência dos sintomas.
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