ELP - Toca Discos de vinil
laser
(Apresentação,
Informações e Considerações Gerais)
Trata-se de
um equipamento produzido atualmente pela ELP Corporation
– Minami-Urawa – Saitama – Japan. Esse equipamento é
capaz de ler discos de vinil novos, arranhados ou
imprestáveis, aqueles com aquelas falhas em que a agulha
não sai do lugar e discos rachados. E tudo isso com
excelente qualidade, em relação aos novos, e boa
qualidade nos arranhados e rachados - inclusive trazendo
em si um recurso chamado "de-clicker", que retira os 'cliks'
dos discos arranhados, transformando-os para sons graves
e mais discretos, quase imperceptíveis ao ouvido humano.
A vantagem
que traz em relação aos vinis novos está na certeza de
que eles nunca serão desgastados (isso é fantástico!),
pois não há agulha: só um leitor composto de 5 micro
canhões laser - um deles para garantir a distância do
leitor em relação à mídia e a garantia de que v. está
escutando 100% do som analógico original, sem “roupas”.
E mais: v. escuta som analógico de ponta a ponta: desde
o momento da captação pelos leiseres, até o envio do
sinal ao pre-amplificador ou amplificador. O material de
demonstração do aparelho está disponível para ser
enviado sem custos a qualquer pessoa que se interesse,
bastando visitar o site http://www.elpj.com/ e fazer o
pedido.Nesse contexto, é importante anunciar iniciativa
inédita, exclusivamente brasileira, em Nova Friburgo,
estado do Rio de Janeiro: um software que lê, através de
microscopia, sulcos de discos deteriorados com o tempo,
reconstituindo-os digitalmente, resgatando assim a
história da música. Neste trabalho estão sendo
resgatados centenas de discos de carnaúba, de 78 RPM,
que já não podiam ser tocados. (É importante ressaltar
que até hoje são fabricados discos das 3 rotações: 33
1/3, 45 e 78; no exterior, evidentemente).
Fala-se do
vinil como mídia agonizante ou insepulta em termos bem
jocosos. Indo no fio da brincadeira, diria que é até uma
meia verdade: Alguns estão não só querendo não ser
sepultados, como estão literalmente ressuscitando! Mas
antes é preciso frisar bem que o vinil nunca foi
descontinuado na Europa, Japão e Estados Unidos:
atualmente muitas bandas - quase todas as de Heavy Metal
– lançam seus trabalhos em CD e LP. A música
exclusivamente feita pra discoteca nunca deixou de ser
lançada em magníficos LP’s de 160 e 180 gramas. Fábricas
de toca discos Hi-End e de 4,5 kgf/cm de torque, também.
E o mais importante: curiosamente, lá existe um mercado
que só cresce: o de discos e álbuns ressuscitados;
aqueles definitivamente fora de catálogo, o que pode ser
conferido nos sites http://www.simplyvinil.com/ , http://www.vinil.com/,
http://www.junorecords.co.uk/, http://www.lpnow.com/ e
outros que postarei aqui em breve. Afinal basta colocar
a palavra chave "sealed-reissue LP" (LP's
ressuscitados-lacrados) E aí temos 3 mercados: o dos
amantes do vinil, que sonhavam ter um dia essas obras em
sua coleção de volta, novinhos, o do mercado daqueles
que gostariam de tê-los em CD, mas a indústria do CD e
DVD não se interessa em repor, então a alternativa é a
digitalização e o daqueles que estão continuando suas
coleções, sem nenhum abalo pela onda digital. É preciso
ainda que se atente para o mercado de gravadores de
vinil; isso mesmo, toca-discos que são, ao mesmo tempo
tocadores e gravadores – cortam vinis virgens. A
exemplo, temos os recorders da marca Roksan e Vestax,
que podem ser vistos em seus respectivos sites. Aqui no
Brasil, a Polysom, em Belfort Roxo, reabriu as portas
está a pleno vapor, aceitando encomendas, inclusive pelo
site http://www.polysombrasil.com.br/ .Mas voltando ao
assunto “morte do vinil”: é preciso observar que não há
um único gosto e que a sociedade é plural e que nem
todos embarcaram na onda da tecnologia ditada pelo
comércio, como se dissessem a todos: “agora a nova ordem
é isso... agora a nova ordem é aquilo...” como ressaltou
o festejado Fernando Andrette no seu penúltimo
editorial. Existem mais ângulos para serem vistos: O CD
é mais mídia do que qualquer outra coisa... Nele não
existe o apelo visual presente no vinil. Este é arte, já
que pode comportar uma foto de qualidade ou simplesmente
uma arte gráfica caprichada, qualidade que um CD ou DVD
jamais terá (a não ser que o ponham numa embalagem
grande). É fetiche, dispara no ser humano o instinto da
relação objetal. Ou seja, não é somente um “transporte”
de música em conserva; uma mídia para transportar sons.
Gosto muito da melhor síntese técnica que já ouvi até
agora sobre CD e Vinil, de autoria de José Luiz do site
http://www.momentus.com.br/: "O CD veio trazer um outro
conceito: o de alta qualidade, que não é o mesmo que
alta fidelidade. O primeiro é o som puro, sem chiados ou
ruídos de fundo. O segundo é o som original, sem
distorções, mas com ruídos de fundo aceitáveis". Agora
em termos de ser uma mídia agonizante ou insepulta, como
já disseram alguns, em foco estreito sobre a questão, é
pura ingnorância acerca do que acontece lá fora, onde o
vinil continua sendo produzido. O próprio grupo
Mettálica acaba de presentear os fãs com mais uma leva
de belos e novos LP's. Veja a íntegra da notícia:
Agência Reuters - Nova York (Billboard) - "A banda
Metallica, que este ano já lançou um documentário, um EP
e um livro, prepara o lançamento de um pacote de álbuns
em formato vinil. O grupo lançará em 26 de outubro o "Vinyl
Box", que reunirá edições especiais de seus quatro
primeiro álbuns gravados em estúdio, além do EP "Garage
Days Re-Revisited". Os álbuns "Kill 'Em All", "Ride the
Lightning", "Master of Puppets" e "...And Justice for
All" foram ampliados para duplos álbuns de vinil, em
vinil audiophile de 180 gramas, com novas capas duplas.O
pacote "Vinyl Box" será distribuído pela Elektra/Rhino
Vinyl, terá apenas 5.000 cópias e seu preço sugerido no
varejo será de 99,98 dólares. O Metallica está no meio
de uma turnê norte-americana que chega a Peoria,
Illinois, na próxima terça-feira. Há apresentações
programadas com o Godsmack até 20 de novembro em San
Antonio, Texas. Na semana passada a banda lançou o livro
ilustrado "So What! The Good, the Mad, and the Ugly",
que inclui material da revista de seu fã-clube. O livro
saiu pela Broadway Books." Sem comentários. Agora cabe
aqui uma advertência: a pirataria está cravando uma
estaca no peito do CD de escala industrial, ou seja, a
pirataria está literalmente acabando como o CD, que pode
estar com seus dias contados. E um dos sinais disso é a
venda de i-Pods (memórias) e a proposta do Semi-Metallic
Disk (SMD), patenteados pela dupla Christian e Ralph.
Evidente que isto não significa acabar com a “música
digital” O SMD - Semi Metalic Disk tem uma proposta de
ser vendido por um preço de até R$5,00, com limite de
faixas, numa tentativa de desestimular a pirataria.Outra
importante afirmação, muito geral, que merece
comentário, é a de que daqui a alguns anos a mídia será
outra, assim como os leitores também! Ou só memória...
(vejam o Final Scratch, um equipamento semelhante a um
toca discos, mas que só utiliza memória para tocar). Só
que ninguém está preocupado em o que fazer com seus
arquivos de fotos, filmes, sons e documentos. Tudo terá
que ser recopiado e aí é que mora o perigo,
principalmente para as fotografias: Percebi, que várias
transferências sucessivas ao longo do tempo vão
mostrando os efeitos da corrupção de dados de modo
implacável nas fotografias, onde o recurso da amostragem
nada pode fazer – as fotografias vão perdendo
visivelmente a qualidade e começam a ficar com um efeito
que eu chamo de “efeito sujeira”. Ah, e em tempo:
cuidado, memória dá pane... Acho melhor olhar com
carinho o velho “papiro”, e por que não, os velhos LP’s,
VHS, fitas de imagem, fotos e congêneres... cuidado!!!E
como se vai “adquirir disco” daqui a alguns anos?
Comprando eletricidade, somente? (claro, v. vai adquirir
o direito de baixar essa ou aquele arquivo musical, pelo
andar da carruagem). Chamo então a atenção para a
natureza do ser humano em relação às suas fontes de
prazer: O mundo é essencialmente físico, principalmente
sob o ponto de vista do prazer. O ser humano sempre
estará ligado aos seus “objetos”. A fisicalidade do ser
humano sempre tenderá a rejeitar um excesso de
virtualização das coisasInfelizmente, aqui no Brasil o
que se tem é a manipulação comercial dos grandes
interesses de grupos econômicos fabris em detrimento de
um povo de fraquíssima educação, informação e
consciência, terreno fértil para levar adiante práticas
comercialmente inescrupulosas e que só visam o
capitalismo estéril, frio - aquele que não leva em conta
os interesses mais nobres do ser humano. Sempre terá
algum brasileiro em algum canto chorando ter vendido sua
coleção predileta de vinis na esperança de um "mundo
melhor digital" onde tudo seria reeditado. É por isso
que ainda tem gente revirando sebos procurando seus
perdidos discos de vinil, outros por prazer de manter
coisas que gostam (afinal ninguém é obrigado a trocar
isso por aquilo), outros que não excluíram o vinil,
apenas incluíram o CD, o DVD, etc., e outros pelo puro
prazer de lidar com esse objeto, e outros não só pelo
prazer, mas acima de tudo, por questões de consciência,
de defesa de sua própria integridade diante dessa
manipulação comercial que sempre fez grande parte dos
brasileiros de massa de manobra. E mais: outros,
resgatando um mundo de músicas maravilhosas que ficaram
enterradas pela sanha digital: afinal “eles” não tinham
interesse pela sua memória ou pelo seu passado,
certo?Sobre a questão de ser complicado ou não se ter um
sistema a partir de um toca-discos, para muitos,
trata-se de prazer... Tem gente que gosta de controlar,
certo? De ficar mexendo... Isso é um perfil psicológico.
Além do mais, o mundo caminha para um comodismo de
obesos! Tudo é resolvido no controle remoto, tudo é
automático ou realizado por uma placa eletrônica! Ter o
que fazer com os músculos faz parte da fisicalidade do
ser humano, repito, e é saudável! Você já viu um filme
de 1950? Pois é, ninguém tinha a barriga...Muitos falam
que um sistema a partir de um toca-discos exige vultosas
quantias... Analisemos: em primeiro lugar, nem todo
mundo é obsessivamente perfeccionista na questão da
replicação musical, em que pese que isso não seja um
defeito, apenas uma característica, um perfil. Nesta
ordem de idéias, um toca-discos, depois de comprado,
exige apenas a troca de uma agulha. Ainda mais em se
tratando dos Direct Drive, para v. não ter a
aporrinhação com a quebra da correia ou desgaste da
polia de metal. Um toca-discos laser digital (já que
agora temos o toca discos leiser analógico), por
exemplo, depois de alguns anos, certamente vai para o
lixo. (A não ser que v. ame muito seu equipamento e
tenha a peça de reposição disponível no mercado para
troca). Isso porque não vale a pena, economicamente,
trocar a leitora, pois ela própria somada com a
mão-de-obra chega a 70% do preço de um novo ou mais
(essa é a filosofia do capitalismo - fazer você comprar
até morrer; desistir de se apegar a seus objetos, a suas
referências pessoais e cronológicas).E sobre o apelo
industrial de que o CD é mais atrativo do que o vinil é
questão de ponto de vista. Muitas pessoas compravam não
somente a mídia, mas a capa! A foto. E em tamanho
grande, na maioria das vezes, com excelente qualidade!
Quantas vezes nos deleitávamos com a foto daquela linda
cantora, daquele cantor, isso sem contar os álbuns
ricamente produzidos com acabamento gráfico de primeira
qualidade... São coisas insubstituíveis! E é a razão por
que a muitas pessoas não aceitaram a exclusão
analógica... O LP era um “som” e um livro! Guardávamos
um álbum como o Sargent's Peppers Lonely Hearts Club
Band dos Beatles como quem guardava um belo livro.
Querer acabar ou negar tudo isso é, além de negar a
existência de “seu vizinho” que tem gosto diferente, é
ter uma mentalidade reducionista, reduzindo tudo ao
digital, ou ao sonoro, como se fosse somente isso que
importasse! Como se essa fosse a única que o objeto
representa! Devemos ter cuidado com o utilitarismo
estéril, reduzindo tudo a um interesse unicamente
considerado como válido para por um capitalismo imposto,
que não lhe considera. Para finalizar esta exposição, é
importante defendermos a nossa integridade enquanto
pessoas, já que pessoa não é a mesma coisa que
indivíduo. Pessoa é ser consciente de sua própria
existência e dominador legítimo de seu destino.
Indivíduo é apenas ser existente biologicamente, numa
existência medíocre (sentido de mediana - a aura
mediocritas de Horácio). A existência para ser
considerada em si mesma tem que sê-lo através da
consciência, fruto da dúvida e da indagação.
Principalmente das coisas que nos são impostas por
grupos de indivíduos. Vivemos numa época em que somos
induzidos a não pensar e só reagir. A ditadura da
tecnologia, do capitalismo e da tecnocracia dita-nos o
que devemos sentir e gostar. Manipulam nossas decisões a
partir dos nossos instintos levando em conta nossas
fraquezas impondo-nos aquilo em que devemos acreditar
como obsoleto ou não, sob pena de sermos identificados
igualmente com a obsolência ou modernidade que eles
crêem. É preciso ter coragem para ser 'obsoleto' ou ser
‘moderno’, mas sempre dentro de nossas decisões. Evitar
essa reação em cadeia que levam seres humanos para fora
de suas próprias personalidades, como gados num curral.
É preciso existir |