BIOMA CAATINGA
(Apresentação,
estudo e considerações gerais)
A seguir
você poderá conferir um estudo sobre o bioma CAATINGA
feita por www.plantasdonordeste.org .
INTRODUÇÃO
O
bioma Caatinga é o mais negligenciado dos biomas
brasileiros, nos mais diversos aspectos, embora sempre
tenha sido um dos mais ameaçados devido às centenas de
anos de uso inadequado e insustentável dos solos e
recursos naturais. Apenas recentemente houve um
despertar de diversos setores governamentais e
não-governamentais para a grave situação em que se
encontra este bioma, pois além da grande necessidade de
conservação dos seus sistemas naturais, ainda existe uma
séria insuficiência de conhecimento científico.
A The
Nature Conservancy do Brasil (TNC) iniciou seu Programa
Caatinga em 1998, fomentando o fortalecimento da
capacidade institucional local para conservação da
caatinga, e, após um diagnóstico da situação do bioma,
foi definida a estratégia de apoiar a criação de uma
Reserva Particular do Patrimônio Natural no Ceará,
contribuindo para aumentar a atualmente pequena extensão
de áreas de caatinga dentro de unidades de conservação.
Estas iniciativas, entretanto, por importantes e
pioneiras que tenham sido, eram ainda insuficientes para
cumprir com a missão do Programa Caatinga de proteger,
direta ou indiretamente, toda a biodiversidade
deste bioma. Para poder traçar estratégias de
conservação consistentes e viáveis, que assegurem a
proteção de grupos representativos da biodiversidade do
bioma, é fundamental entender melhor como esta
biodiversidade se distribui na caatinga.
Importantes esforços foram feitos ultimamente para
conhecer melhor esta região e suas necessidades de
conservação, tanto pela EMBRAPA (Zoneamento
Agroecológico do Nordeste - ZANE, 1993, 2000; Brasil
Visto do Espaço, 2001), quanto pelo Ministério do Meio
Ambiente (MMA), através do Seminário da Caatinga
realizado no âmbito do Programa Nacional da
Biodiversidade (PROBIO, 2000). Entretanto, embora estes
esforços tenham contribuído grandemente para o
conhecimento dos aspectos geofísicos da caatinga, estado
de degradação e localização de áreas prioritárias para
conservação, não chegaram a examinar como a
biodiversidade se distribui neste bioma.
A TNC
utiliza ecorregiões como unidades geográficas de
planejamento para conservação porque elas melhoram a
eficiência do planejamento, incentivando a considerar
diversas espécies e tipos de comunidades naturais ao
mesmo tempo, uma vez que são constituídas por distintos
conjuntos de comunidades naturais inter-relacionadas.
Com isto, fornecem uma excelente base para desenvolver
estratégias que capturem uma maior variabilidade
genética e ecológica. As ecorregiões devem ter tamanho e
características adequados para assegurar a evolução dos
processos ecológicos, e fornecem uma unidade geográfica
ecologicamente mais relevante para organizar e priorizar
nossos esforços de planejamento de conservação.
Com o
objetivo principal de obter uma sólida base para o
desenvolvimento de seu Plano Estratégico para a
Caatinga, a TNC estabeleceu uma parceria com a
Associação Plantas do Nordeste (APNE), ONG dedicada ao
conhecimento científico dos ecossistemas nordestinos e
fortemente engajada na preservação da caatinga. Juntas,
a TNC e a APNE organizaram o Seminário de
Planejamento Ecorregional da Caatinga - 1a Etapa,
reunindo especialistas nas áreas de botânica, pedologia
e geologia da caatinga, sendo esta a primeira
contribuição para definir as grandes divisões
ecogeográficas deste bioma, ou seja, as ecorregiões.
Esta iniciativa foi considerada necessária porque,
embora a caatinga seja reconhecida como uma única
ecorregião pelo estudo da América Latina e Caribe feito
pelo Banco Mundial e WWF (Dinerstein et al., 1995; Olson
et al., 2001), seu complexo mosaico de tipos de solo e
grande variedade de sistemas ecológicos indicam que ela
é na realidade um bioma, sendo como tal considerada pelo
PROBIO. Um bom indicativo de que a caatinga deve ser
subdividida em ecorregiões é o ZANE (1993, 2000) da
EMBRAPA, que reconhece 25 unidades paisagísticas
distintas no Nordeste brasileiro, sendo a maioria dentro
do bioma Caatinga.
Tomando como subsídios principais o ZANE e os
conhecimentos botânicos, fitogeográficos e geológicos
dos especialistas participantes, além de outros
subsídios disponíveis, o Seminário de Planejamento
Ecorregional da Caatinga - 1a Etapa identificou oito
ecorregiões no bioma Caatinga, apresentadas nesta
publicação, juntamente com uma caracterização de cada
ecorregião. Este primeiro esforço é uma importante
contribuição para o conhecimento da organização da
biodiversidade da caatinga, estando sujeito a
aperfeiçoamentos conforme forem obtidos dados adicionais
sobre o bioma.
Este
Seminário teve ainda como segundo objetivo, fazer uma
análise preliminar da viabilidade das áreas prioritárias
definidas pelo Seminário da Caatinga no âmbito do PROBIO
(Petrolina-PE, maio de 2000). Aquele seminário avançou
significativamente na identificação de áreas
prioritárias para unidades de conservação e estudos
adicionais, baseando-se principalmente na sobreposição
de áreas com ocorrência de espécies endêmicas de vários
taxa. Entretanto, o número de áreas prioritárias
identificadas é superior às possibilidades imediatas de
ação de conservação, tornando-se necessário algum tipo
de seleção que indique onde focalizar estes primeiros
esforços. Procurou-se então fazer uma segunda seleção
dentro da lista de áreas identificadas, adicionando aos
critérios utilizados pelo PROBIO alguns critérios de
viabilidade, julgados com base nas formações florísticas,
imagens de satélite e conhecimento pessoal dos
participantes do Seminário. Ao final deste documento é
apresentada uma seleção preliminar de áreas
representativas dentro de cada ecorregião para
prioridades de conservação, e uma lista das ecorregiões
em ordem de urgência de conservação.
Metodologia do Seminário de Planejamento Ecorregional
Definição das ecorregiões
O
objetivo principal do Seminário de Planejamento
Ecorregional da Caatinga - 1a Etapa foi chegar a um
consenso sobre uma proposta das grandes subdivisões
reais da biodiversidade da caatinga, o que seriam as
ecorregiões. Uma ecorregião é assim definida: é uma
unidade relativamente grande de terra e água delineada
pelos fatores bióticos e abióticos que regulam a
estrutura e função das comunidades naturais que lá se
encontram. É portanto um grande bloco geográfico que
engloba diversos sistemas biológicos, que podem ser
diversos entre si, mas que se diferenciam de outros por
possuírem grandes processos bióticos (ex.: padrões de
distribuição de taxa) e abióticos (ex.: clima, história
geomorfológica) que os conectam de alguma maneira. As
fronteiras entre ecorregiões correspondem a lugares onde
fatores controladores mudam significativamente, por
exemplo, padrões de precipitação, altitude ou relevo. Em
geral, diversos fatores controladores sofrem alterações
significativas nessas zonas de fronteira (Bailey, 1998).
O
conceito de ecorregiões foi inicialmente desenvolvido
por biólogos, ecólogos e conservacionistas do mundo
inteiro a partir dos anos 40 e consolidado para a
América do Norte por Robert G. Bailey (1976, 1995) do
Serviço Florestal dos Estados Unidos. Por isso, naquele
país é conhecido como o "Sistema Bailey". A partir da
Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro em
1992 ("Eco92"), o sistema foi adotado no mundo inteiro
como uma ferramenta fundamental para o planejamento
ambiental. As ecorregiões buscam refletir a verdadeira
distribuição da biodiversidade e por isso são muito
úteis para a definição de planos de desenvolvimento
sustentável e de conservação, assegurando a eficiência e
a eficácia de ações.
O
processo de definição de ecorregiões depende do consenso
científico. Cientistas são consultados para identificar,
dentro de uma determinada área sob estudo, os sistemas
ecológicos que definem as ecorregiões e suas fronteiras,
que são onde os processos ecológicos mudam. A
metodologia utilizada para definir as ecorregiões da
caatinga foi inspirada em esforços pré-existentes para
definir as subdivisões ecológicas de grandes biomas.
Foram reunidos todos os subsídios que sintetizam as
informações sobre solos, clima, vegetação, geomorfologia
e geologia da região (principalmente em forma de mapas,
incluídos no Anexo 3), imagens de satélite (www.cnpm.embrapa.br)
e o conhecimento dos especialistas presentes no
Seminário. Essas informações, que compõem a base para a
distribuição da biota, foram trabalhadas em conjunto
para chegar a um consenso sobre as subdivisões da
caatinga.
Para
iniciar os trabalhos, os limites geográficos do bioma
Caatinga foram considerados tais como indicados pelo
Seminário Caatinga do PROBIO (www.biodiversitas.org/caatinga).
Entretanto, após a análise dos especialistas, foram
sugeridas algumas alterações naqueles limites,
recomendando a inclusão de algumas regiões e exclusão de
outras, conforme apresentado no Anexo 1. As discussões
preliminares do grupo de trabalho focalizaram nos
principais fatores controladores da distribuição da
biodiversidade na caatinga, que são ligados à
sazonalidade, disponibilidade de água (no solo e regime
de chuvas), características do solo, geomorfologia,
relevo (incluindo barreiras geográficas) e história da
biota. Os participantes do Seminário foram então
divididos inicialmente em dois grupos, que prepararam
propostas preliminares para estabelecer os limites das
ecorregiões, consolidadas em seguida na plenária. Os
limites exatos de cada ecorregião tomaram por base os
limites externos cabíveis de áreas do ZANE (solos). Um
técnico em SIG foi encarregado de juntar os mapas e
consolidar as informações. Foi feita uma descrição final
de cada ecorregião, identificando suas características
físicas principais, tipos de vegetação, endemismos e
espécies características (principalmente flora),
explicação dos limites, fatores controladores de seus
sistemas ecológicos e estado de conservação.
Próximos passos
Os
resultados do Seminário estão sendo divulgados com o
objetivo de apresentá-los à comunidade científica e
organismos de meio-ambiente, para que possam ser
consolidados e aperfeiçoados à medida em que novas
informações forem surgindo.
As
ecorregiões aqui apresentadas representam o primeiro
passo do processo de planejamento ecorregional utilizado
pela TNC. Os próximos passos incluem primeiramente
receber o retorno da comunidade científica sobre a
proposta aqui apresentada, com o intuito de melhorar o
mapa e consolidar ainda mais o consenso científico
alcançado durante o evento em Aldeia, Pernambuco em
novembro de 2001. Após esse processo, a TNC pretende
desenvolver o planejamento ecorregional propriamente
dito. Isso envolve a seleção e desenho de redes de áreas
necessárias para a conservação da diversidade de
espécies, comunidades ecológicas e sistemas ecológicos
em cada ecorregião. A metodologia proposta para isso,
desenvolvida por diversos autores que trabalham na TNC,
já está disponível em português pela internet no
endereço
www.conserveonline.org/2000/11/b/pt/GoH(P).pdf;path=
, em um manual de dois volumes chamado Planejando uma
Geografia de Esperança: Manual Técnico para Planejamento
da Conservação Ecorregional.
Os
resultados aqui obtidos serão também a base para ações
futuras da APNE, que orientará projetos e pesquisas para
as áreas e ecorregiões indicadas como prioritárias.
Produtos
O
produto principal do Seminário, apresentado em seguida,
é um mapa das ecorregiões da caatinga, bem como
descrições de cada uma, incluindo informações sobre suas
características gerais, tipos de vegetação, estado de
conservação, e unidades de conservação existentes. O
segundo produto é uma avaliação das áreas prioritárias
do PROBIO por ecorregião para ação de conservação, de
acordo com a análise preliminar do grupo, com base nos
critérios descritos na seção
Análise das áreas prioritárias definidas pelo PROBIO.
Ao final da seção de descrições das ecorregiões foi
feita uma avaliação da urgência de ação para cada uma
das ecorregiões. Os produtos publicados neste documento
estão também disponíveis através da internet nas páginas
das instituições responsáveis pela organização e
coordenação do Seminário (www.nature.org
e
www.plantasdonordeste.org).
Referências
Bailey, R. G. 1976. Ecoregions of the United States.
Ogden, Utah, EUA: USDA Forest Service, Intermountain
Region. 1:7.500.000; colorido.
Bailey, R. G. 1995. Description of the Ecoregions of the
United States, 2nd edition. Misc. Publ. 1391.
Washington, D. C.: USDA Forest Service. 108 pp. e mapa
1:7.500.000.
Bailey, R. G. 1998. Ecoregions: the ecosystem geography
of the oceans and continents. Springer-Verlag: New York.
176pp. Dinerstein, E., D. M. Olson, D. J. Graham, A. L.
Webster, S. A. Primm, M. P. Bookbinder e G. Ledec. 1995.
A conservation assessment of the terrestrial ecoregions
of Latin America and the Caribbean.
The
World Bank: Washington, D. C. 129pp.
Embrapa Monitoramento por Satélite. 2001. Brasil Visto
do Espaço: Nordeste.
www.cdbrasil.cnpm.embrapa/ne/index.html
.
Olson, D. M., E. Dinerstein, E. D. Wikramanayake, N. D.
Burgess, G. V. N. Powell, E. C. Underwood, J. A.
D'Amico, I. Itoua, H. E. Strand, J. C. Morrison, C. J.
Loucks, T. F. Allnutt, T. H. Ricketts, Y. Kura, J. F.
Lamoreaux, W. W. Wettengel, P. Hedao e K. R. Kassem.
2001. Terrestrial Ecoregions of the World: a new map of
life on Earth.
BioScience 51:11, 933-938.
PROBIO. 2000. Seminário sobre Avaliação e Identificação
de Ações Prioritárias para a Conservação, Utilização
Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade
do Bioma Caatinga.
www.biodiversitas.org/caatinga .
Rodrigues e Silva, F. B., G. R. Riché, J. P. Tonneau, N.
C. de Souza Neto, L. T. L. Brito, R. C. Correia, A. C.
Cavalcanti, F. H. B. B. da Silva, A. B. da Silva, J. C.
de Araújo Filho e A. P. Leite. 1993. Zoneamento
Agroecológico do Nordeste: Diagnóstico do quadro natural
e agrossocioeconômico. 2 vols. Embrapa CPATSA:
Petrolina, Pernambuco.
Rodrigues e Silva, F. B., J. C. P. dos Santos, N. C. de
Souza Neto, A. B. da Silva, G. R. Riché, J. P. Tonneau,
L. T. L. Brito, R. C. Correia, F. H. B. B. da Silva, C.
P. da Silva, A. P. Leite, M. B. de Oliveira Neto, R. B.
V. Parahyba, J. C. de Araújo Filho, A. C. Cavalcanti, N.
Burgos e R. M. G. Reis. 2000. Zoneamento Agroecológico
do Nordeste: Diagnóstico e Prognóstico. CD-ROM. Embrapa
Solos e Embrapa Semi-Árido: Recife, Pernambuco.
AVALIAÇÃO DAS ECORREGIÕES
Os
participantes do Seminário fizeram uma avaliação da
urgência de ação em cada ecorregião, levando em conta
níveis de ameaça e estado de conservação gerais,
avaliando a vegetação somente (integridade de habitats).
Esta avaliação foi feita com base nos conhecimentos e
opinião de cada participante, onde cada um listou as
oito ecorregiões ordenadas da mais ameaçada até a menos
ameaçada, resultando numa classificação de consenso da
maioria. Embora esta não seja uma classificação
definitiva, consideramos que estas são informações
importantes, constituindo um ponto de partida para uma
análise mais completa. O resultado obtido foi o seguinte
(ordem decrescente de ameaça, ou seja, da mais ameaçada
para a menos ameaçada):
-
Depressão Sertaneja Setentrional
-
Depressão Sertaneja Meridional
-
Planalto da Borborema
-
Complexo da Chapada Diamantina
-
Complexo de Campo Maior
-
Complexo Ibiapaba - Araripe
-
Dunas do São Francisco
-
Raso da Catarina
|
|
As
duas ecorregiões da Depressão Sertaneja estão entre as
mais impactadas pela ação antrópica e possuem poucas
áreas protegidas, em termos de número, área total ou
categoria de proteção, mas ainda possuem áreas
razoavelmente extensas com possibilidade de recuperação.
O Planalto da Borborema é a ecorregião mais alterada,
restando apenas pequenas ilhas de algumas formações
vegetais originais, sendo necessário um esforço de
pesquisa para avaliar a existência de áreas para
possível recuperação ambiental e possibilidades de ações
de conservação. As três ecorregiões seguintes (Complexo
da Chapada Diamantina, Ibiapaba - Araripe e Campo Maior)
estão num estágio intermediário de urgência de
conservação. Apresentam alto nível de ocupação e uso
humano, mas as duas primeiras possuem uma e duas,
respectivamente, áreas de proteção integral de grande
extensão. O Complexo de Campo Maior possui apenas uma
área de proteção integral, que é de extensão média.
Embora possuam poucas (ou nenhuma) áreas protegidas, as
ecorregiões das Dunas do São Francisco e do Raso da
Catarina são as que menos sofreram impactos até agora,
principalmente devido à baixa densidade populacional,
conseqüência da pouca disponibilidade de água.
ANÁLISE DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS DEFINIDAS PELO PROBIO
O
seminário do PROBIO para a caatinga (2000) identificou
57 áreas de alta, muito alta ou extrema importância, com
base principalmente em sobreposição de endemismos de
diferentes taxa (ver
mapa). Embora a importância de conservar estas áreas
seja reconhecida, a curto prazo é inviável aplicar
esforços de conservação em todas elas ao mesmo tempo. É
necessário, portanto, fazer uma análise destas áreas,
para selecionar aquelas onde seria prioritário e/ou mais
estratégico desenvolver ações de conservação numa
primeira fase. Para tal, foi feita uma primeira
avaliação da viabilidade destas áreas, acrescentando à
classificação do PROBIO os critérios de a) extensão
de áreas intactas, b) ameaça, c)
representatividade em unidades de conservação (UCs),
e d) existência / extensão de áreas ecologicamente
viáveis fora de UCs (ver lista de pontuação dos
critérios abaixo). De acordo com a pontuação recebida e
o conhecimento das áreas pelos participantes do
Seminário, foi feita uma primeira
seleção das áreas por cada ecorregião.
Critérios
Os
seguintes critérios foram utilizados para fazer uma
primeira avaliação da viabilidade das áreas selecionadas
pelo PROBIO:
-
Ameaça
-
Minimamente ameaçada
-
Pouco ameaçada
-
Moderadamente ameaçada
-
Ameaçada
-
Altamente ameaçada
Resultados da avaliação
A
tabela contendo a pontuação das 57 áreas pode ser
consultada no
Anexo 2 . Em seguida apresentamos as áreas
selecionadas por cada ecorregião, para ações
prioritárias de conservação. A numeração das áreas segue
a numeração designada pelo PROBIO.
Ecorregião |
N° da área |
Nome das áreas do PROBIO selecionadas |
Depressão Sertaneja Setentrional |
21
09
17 |
Cariri Paraibano
Quixadá
Seridó / Borborema |
Depressão Sertaneja Meridional |
27
39
34
49
55
30 |
Xingó
Delfino
Oeste de Pernambuco
Milagres
Peruaçu / Jaíba
Monte Alegre |
Planalto da Borborema |
? |
Não há muita diferença entre as áreas
selecionadas pelo PROBIO dentro desta ecorregião;
todas estão bastante degradadas. Será necessário
realizar um esforço de reconhecimento, pesquisa
e avaliação para determinar se há algum local
ainda recuperável, onde seja viável implementar
ações de conservação. |
Complexo da Chapada Diamantina |
47 |
Itaetê / Abaíra |
Complexo de Campo Maior |
02 |
Complexo de Campo Maior |
Complexo Ibiapaba - Araripe |
05
11
36 |
Planalto da Ibiapaba do Norte / Jaburuna
Picos
Corredor Ecológico Serra da Capivara - Serra das
Confusões |
Dunas do São Francisco |
41 |
Médio São Francisco (margem esquerda) |
Raso da Catarina* |
26
28 |
Serra Negra
Rodelas |
*
Esta ecorregião é área de reprodução da
arara-azul-de-Lear, ave ameaçada de extinção, mas
nenhuma das duas áreas prioritárias listadas é área de
ocorrência da palmeira licuri (Syagrus coronata (Mart.)
Becc.), cujo fruto é o principal alimento desta ave.
ANEXO 1 - PROPOSTA DE AJUSTES DOS LIMITES DO BIOMA
A
análise do bioma Caatinga para sua subdivisão em
ecorregiões foi iniciada com base nos limites externos
do bioma tais como reconhecidos pelo PROBIO (www.biodiversitas.org/caatinga).
Entretanto, durante as discussões sobre as
características e limites de cada região da caatinga,
observou-se que algumas áreas que eram consideradas como
parte do bioma Cerrado deveriam ser incluídas nos
limites do bioma Caatinga, por possuírem fortes
características das formações deste bioma, e
apresentarem pouca semelhança com os sistemas junto aos
quais estavam incluídas. Da mesma maneira, fica aqui
sugerida a exclusão de uma área originalmente
considerada parte do bioma, por não possuir
características de caatinga, mas podendo seguramente ser
associada aos sistemas vizinhos. Incluímos ainda nesta
sessão uma observação quanto ao tratamento dado aos
brejos de altitude (enclaves de Mata Atlântica) neste
Seminário.
Ao
final desta seção pode-se consultar um
mapa indicando as áreas propostas para inclusão e
exclusão do bioma, que estão descritas abaixo, e a
localização dos enclaves de Mata Atlântica.
1.
Área sugerida para exclusão do bioma Caatinga:
Nome:
Zona do Babaçu
Localização, limites e tamanho:
Área de 15.260 km2, localizada no extremo noroeste do
bioma Caatinga tal como reconhecido pelo PROBIO,
inteiramente no Estado do Maranhão. Limita a sudoeste
com o rio Parnaíba, e a leste com as ecorregiões da
caatinga do Complexo de Campo Maior e da Depressão
Sertaneja Setentrional. A oeste e sul encontra o
restante da área de floresta de babaçu e cerrado. Ao
norte limita com áreas de mangue.
Justificativa para exclusão:
A área contém um mosaico de floresta de babaçu com
floresta estacional, às vezes associada com buriti (Mauritia
flexuosa L. F.) e Euterpe sp. É uma área de
transição de babaçu (Attalea speciosa) para
cerrado, não para caatinga. O caráter caducifólio não é
suficiente para incluir este sistema no bioma Caatinga.
A área apresenta ainda uma precipitação considerada alta
para o semi-árido (aproximadamente 1.500-2.000 mm/ano).
Esta
área de transição deveria estar incluída como sistema
associado ao bioma Cerrado, talvez como parte da área
com predominância de babaçu. Na revisão das ecorregiões
brasileiras coordenada pelo WWF (revista Galileu no.
108, julho de 2000), esta área foi considerada como
parte da ecorregião Florestas de Babaçu do Maranhão,
fora do bioma Caatinga.
2.
Áreas sugeridas para inclusão no Bioma Caatinga
2.1. Caatinga do oeste do São Francisco
Localização, limites e tamanho:
Área de 80.060 km2, quase toda a oeste do rio São
Francisco e ao sul do rio Preto, nos Estados da Bahia e
Minas Gerais. Esta área contém porções das ecorregiões
da Depressão Sertaneja Meridional e Dunas do São
Francisco, limitando a oeste com o início do Planalto
Central e o cerrado.
Justificativa para inclusão:
Esta área é parte integrante da Depressão Sertaneja, com
vegetação típica de caatinga. A caatinga aqui não é
delimitada pelo rio São Francisco, mas sim pelo Planalto
Central e cerrado, que iniciam mais a oeste que os
limites dados ao bioma Caatinga pelo PROBIO.
2.2. Chapada Diamantina
Localização, limites e tamanho:
Área
de 30.340 km2, localizada no centro-sul do bioma
Caatinga, inteiramente circundada pela Depressão
Sertaneja Meridional.
Justificativa para inclusão:
Apesar de conter, além de caatinga, cerrado, campos
rupestres, e matas seca e úmida, a Chapada Diamantina
como um todo compõe um conjunto com bastante influência
de deficiência e irregularidade de chuvas. Tal situação
condiciona a existência de grandes extensões de
caatingas bem caracterizadas, assim como propicia a
entrada e permanência de elementos da caatinga, muitas
vezes até em altitudes em torno de 1.000 m. A área é
inteiramente rodeada pela Depressão Sertaneja Meridional
(o que condiciona uma caatinga muito típica), ao
contrário da parte da Serra do Espinhaço de Minas
Gerais, que é inteiramente rodeada por cerrado. A
Chapada Diamantina é parte integrante do bioma Caatinga,
contendo inclusive diversas nascentes de rios que correm
para a Depressão Meridional.
2.3. Outras Áreas de "Cerrado" na Depressão Sertaneja
Meridional
Localização, limites e tamanho:
-
Baixios de Irecê: área com 6.630 km2, a noroeste da
Chapada Diamantina (dentro do "Y"), inteiramente
circundada pela Depressão Sertaneja Meridional.
-
Área de Gentio do Ouro: área com 1.293 km2, na ponta
oeste da ecorregião da Chapada Diamantina.
-
Área de Caetité: área com 12.560 km2, a sudoeste da
Chapada Diamantina e também inteiramente circundada
pela Depressão Sertaneja Meridional.
Justificativa para inclusão:
Os Baixios de Irecê e a área de Gentio do Ouro compõem
áreas com solos de formação cárstica, cobertos
indubitavelmente por caatinga. A área de Caetité contém
caatinga com manchas de cerrado nas partes altas. Esta
última é uma área ecotonal entre caatinga e cerrado, mas
tem processos ecológicos que a integram à caatinga
(integração de espécies). A serra de Caetité é uma
continuação das serras de Minas Gerais cuja inclusão no
bioma Caatinga foi sugerida.
2.4. Área do Corredor Serra da Capivara - Serra das
Confusões
Localização, limites e tamanho:
Área
com 1.249 km2, dentro da ecorregião do Complexo de
Ibiapaba - Araripe, no Estado do Piauí.
Justificativa para inclusão:
Área
de carrasco e transição entre caatinga e cerrado,
integrada à ecorregião do Complexo Ibiapaba - Araripe.
3.
Brejos de Altitude
(Enclaves de Mata Atlântica)
Localização, limites e tamanho:
São
nove áreas de tamanhos variados, localizadas no norte e
sul do Ceará, e leste da Paraíba, Pernambuco e Bahia,
que pertencem ao bioma Mata Atlântica.
Tratamento neste seminário:
Estas áreas foram consideradas como partes de
ecorregiões distintas (Brejos de Altitude do Nordeste,
Florestas do Interior de Pernambuco e Florestas do
Interior da Bahia) no seminário do PROBIO para a Mata
Atlântica. Entretanto, apesar das ligações florísticas
com a mata atlântica, estão dentro da área de domínio da
caatinga e sofrem influência dela. Optamos por
considerar estas áreas como sistemas particulares
inseridos nas ecorregiões em que estão localizados, sem
dar destaque a eles dentro das descrições das
ecorregiões da caatinga. Este trabalho se refere
genericamente a essas áreas como "brejos" ou "brejos de
altitude", e nos mapas aqui incluídos foram
representados por vazios ("buracos") dentro das
ecorregiões.
As
estratégias de conservação desses sistemas devem ser
desenvolvidas em cooperação entre os biomas Caatinga e
Mata Atlântica.
Enclaves de Mata Atlântica:
N° no mapa |
Nome (ou região) |
Tamanho (km2) |
1 |
(Serra da Ibiapaba / Ubajara, CE) |
1.958 |
2 |
(Sobral, CE) |
562 |
3 |
(Itapagé, CE) |
990 |
4 |
Serra de Baturité, CE |
870 |
5 |
(Crato, CE) |
966 |
6 |
Brejo Paraibano, PB |
791 |
7 |
(Camalaú, PB) |
626 |
8 |
Brejo da Madre de Deus, PE |
455 |
9 |
Serra da Jibóia, BA |
743 |
Anexo 2 - Tabela de avaliação das áreas prioritárias do
PROBIO
Caso queira contribuir com
sua avaliação de algumas ou todas as áreas abaixo,
usando os mesmos
critérios de avaliação, é possível
baixar o arquivo da tabela em formato
Word©
6.0
para preencher, e enviar para
avelloso@tnc.org.br e pne@netpe.com.br .
Área PROBIO por ecorregião |
Extensão de área intacta |
Ameaça |
Representatividade |
Existência de áreas viáveis |
Complexo de Campo Maior |
1-Bacia do Rio Preguiça (área de babaçu, não de
caatinga) |
|
|
|
|
2-Complexo de Campo Maior |
2.5 |
3.5 |
4 |
3 |
3-Médio Poti (continuação de Campo Maior) |
|
|
|
|
Complexo Ibiapaba-Araripe |
4- Serra das Flores (fica na chapada e não na
depressão – é um cerrado alto) |
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5-Ibiapaba do Norte |
2 |
3 |
3 |
3 |
6-Reserva Serra das Almas |
4 |
2 |
3 |
1 |
11- Picos |
2 |
3 |
4 |
3 |
12-Chapada do Araripe |
3 |
3 |
1 |
2 |
35-PN Serra da Capivara |
4 |
3 |
1 |
5 |
36-Corredor Capivara-Confusões |
4 |
2 |
4 (entre 2 Parques Nacionais grandes) |
3 |
37-PN Serra das Confusões |
5 |
1 |
1 |
5 |
Depressão Sertaneja Setentrional |
7- S. Joaninha / S. Pipoca |
2 |
5 |
4 |
2 |
8- Serra do Baturité (brejo) |
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9-Quixadá |
1 |
4 |
3 |
3 |
10-Aiuaba |
2 |
4 |
3 |
2 |
13-Baixo Jaguaribe/Apodi |
2 |
4 |
3 |
3 |
14-São Bento do Norte (área de caatinga
litorânea) |
4 |
3 |
4 |
3 |
15-Mato Grande (área semelhante à 14, mas tem
muita concessão p/ reforma agrária) |
3.5 |
3 |
4 |
3 |
16-Acari |
1 |
5 |
3 |
1 |
17-Seridó/ Borborema |
1 |
5 |
3 |
1 |
18-Alto Sertão do Piranhas |
1 |
5 |
4 |
2 |
19-Patos/ Santa Tereza |
1 |
5 |
3 |
1 |
21- Cariri Paraibano |
3 |
4.5 |
3 |
3 |
24-Serra do Cariri |
1 |
5 |
3 |
2 |
Planalto da Borborema |
20- São José da Mata (fica na Borborema, não na
Depr. S. Set. É dentro de Campina Grande) |
1 |
5 |
4 |
1 |
22-Caruaru (é o Brejo dos Cavalos, cercado por
caatinga – agreste setentrional de PE) |
1 |
5 |
3 |
1 |
23-Buíque/ V. Ipojuca |
2 |
5 |
4 |
1 |
Depressão Sertaneja Meridional |
25-Serra Talhada |
1 |
5 |
4 |
1 |
26-Serra Negra (está um pedaço no Raso, mas o
centro fica na Depressão Sert. Meridional) |
4 |
3 |
3 |
4 |
27-Xingó |
3.5 |
3.5 |
4 |
4 |
30-Monte Alegre |
1 |
5 |
4 |
? |
31-Domo de Itabaiana (contato Mata
Atlântica-Caatinga – é uma montanha dentro da
Mata Atlântica, no limite do agreste, mas muito
úmido) |
|
|
|
|
32-Curaçá |
2.5 |
3 |
4 |
2 |
33-Petrolina |
3 |
4 |
4 |
3 |
34- Oeste de PE |
4 |
2 |
4 |
2 |
39-Delfino |
5 |
1 |
4 |
5 |
40-Sr do Bonfim |
2 |
5 |
4 |
2 |
42-Ibotirama |
1 |
5 |
4 |
2 |
43-Ibipeba |
? |
? |
? |
? |
44-Carste do Irecê |
1 |
5 |
4 |
1 |
48-Rui Barbosa |
2 |
4 |
4 |
2 |
49-Milagres |
1 |
4 |
4 |
1 |
50-Maracás |
3 |
3 |
4 |
3 |
51-Livramento do Brumado (Livramento está muito
degradado, consideramos só Brumado) |
2 |
4 |
4 |
2 |
52-Bom Jesus da Lapa |
1 |
5 |
4 |
1 |
53-Arredores de Bom Jesus da Lapa |
1 |
5 |
4 |
1 |
54-Guanambi |
2 |
4 |
4 |
2 |
55-Peruaçu/ Jaiba |
1 |
5 |
4 (mas tem parte da APA de Peruaçu) |
2 (confirmar) |
56-Vitória da Conquista |
1 |
5 |
4 |
1 |
Dunas do São Francisco |
41-Médio S. Fco. (parte nas Dunas do S. Fco.,
parte na Depressão Sertaneja Meridional, parte
no Complexo da Chapada Diamantina) |
Margem esquerda: 5 ; Margem direita: 2 |
M. Esq: 1.5 ; M. Dir: 3 |
M. Esq.: 1 (mas tem 2 APAs ainda não
implantadas) ; M. Dir.: 4 |
M. Esq.: 5 ; M. Dir.: 2 |
38-Sento Sé (parte na DSF, parte na Depressão
Sertaneja Meridional) |
3 |
2 |
4 |
4 |
Complexo da Chapada Diamantina |
45-Morro do Chapéu |
4 |
3 |
3 (tem uma APA) |
4 |
46-Bonito (é mata úmida, mas é um corredor
importante entre 2 áreas de caatinga) |
2 |
4 |
4 |
2 |
47-Itaetê Abaíra (Itaetê = It.; Abaíra = Ab.) |
It : 1 ; Ab : 3 |
It : 4 ; Ab : 3 |
It : 3 (mas é um Monumento Natural) ; Ab : 1
(tem uma APA) |
It : 1 ; Ab : 3 |
Raso da Catarina |
26-Serra Negra (centro dela fica na Depressão
Meridional, mas um pedaço pega o Raso) |
4 |
3 |
3 |
4 |
28-Rodelas |
3 |
3 |
4 |
2 |
29-Reserva Ecológica Raso da Catarina |
5 |
1.5 |
1 |
5 |
Fora do Bioma |
57- Pedra Azul (enclave de caatinga na mata
atlântica) |
4 |
2 |
4 |
2 |
estudo sobre
o bioma CAATINGA feita por www.plantasdonordeste.org .
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